Blog do Flavio Gomes
Museus & coleções

HISTÓRIA NO LIXO

SÃO PAULO (até dói) – Acabo de receber a notícia pelo blogueiro Fernando Boarati, e é de partir o coração. Eu nunca tive a chance de visitar o Museu Ferroviário de Atibaia, e pelo jeito agora é tarde. O proprietário capitulou. Amanhã, seu acervo vai a leilão. É uma tristeza. Reoproduzo um techinho da reportagem […]

atibaia

SÃO PAULO (até dói) – Acabo de receber a notícia pelo blogueiro Fernando Boarati, e é de partir o coração. Eu nunca tive a chance de visitar o Museu Ferroviário de Atibaia, e pelo jeito agora é tarde. O proprietário capitulou. Amanhã, seu acervo vai a leilão. É uma tristeza.

Reoproduzo um techinho da reportagem do valoroso “O Atibaiense”, assinada por Thais Otoni:

O leilão, sob responsabilidade da empresa Imperador Leilões, está dividido em 11 lotes e representa o fim de um dos pontos turísticos da cidade. Entre os itens estão uma locomotiva com dois vagões de passageiros, originária da Inglaterra e datada de 1899; um vagão de passageiro da Alemanha, de 1938; dois vagões-restaurante, de 1921 e 1925; vagão correio/bagagem inglês de 1927; locomotiva fabricada nos EUA em 1893 com vagão de passageiro do mesmo ano. Há ainda um bonde, fabricado na Inglaterra, que foi totalmente restaurado. O acervo conta também com peças como um auto de linha, dois giradouros de locomotiva (de 1882), uma ponte metálica (1895) e 14 aparelhos de mudança de via.

O proprietário do museu, José Augusto Roberto disse que no Brasil há apenas seis grupos com um acervo do porte do de Atibaia. Agora, a cidade perdeu o seu. Desde que veio para Atibaia, há 26 anos, houve uma série de tentativas para que houvesse incentivo ao Museu Ferroviário, incluindo projetos de uma linha de 26 km para os turistas, que agregaria a recuperação de algumas estações de trem da cidade e ainda um projeto de passeio com o bonde recuperado pelo centro da cidade. Mas ficou só no sonho. Burocracia, projetos não concretizados do Governo Federal de recuperação das ferrovias brasileiras, custo elevado de alguns projetos, brigas políticas. Uma série de fatores não permitiu que projetos maiores fossem levados adiante.

De concreto, o visitante do Museu Ferroviário podia fazer uma viagem ao passado, em uma autêntica estrada de ferro do século XIX, construída em uma área de 300 mil m². Uma réplica de estação ferroviária era a sede do Museu e abrigava peças como o bonde, locomotivas, vagões de passageiros, de bagagem, de correios, restaurante e dormitório. O visitante podia conhecer o galpão de restauração, fazer um passeio de maria-fumaça, de 1.300 metros e cerca de 10 minutos (ida e volta), em uma locomotiva restaurada, de 1881 e ainda ver as relíquias do local.

Nessas horas é que eu digo que é preciso governo. Federal, estadual, municipal. Museus como esse simplesmente não podem fechar. Isso é cultura, história, educação. Autoridades não podem ficar insensíveis a essas coisas. Onde está o secretário de Cultura do Estado nessa hora? E o ministro?

Ninguém está nem aí com nada.