Blog do Flavio Gomes
Gomes

A GENTE SE VÊ

SÃO PAULO (por aí) – Muita gente escreveu ontem depois de ler minha coluna semanal no “Lance!”. É que a publicada ontem foi a última. Foram quase 13 anos escrevendo para o diário, o principal jornal esportivo do Brasil. Os motivos não vêm muito ao caso. São decisões empresariais, não editoriais. Não briguei com ninguém […]

SÃO PAULO (por aí) – Muita gente escreveu ontem depois de ler minha coluna semanal no “Lance!”. É que a publicada ontem foi a última. Foram quase 13 anos escrevendo para o diário, o principal jornal esportivo do Brasil. Os motivos não vêm muito ao caso. São decisões empresariais, não editoriais. Não briguei com ninguém (coisa rara!), muito pelo contrário. Adoro todo mundo lá e tenho um carinho especial pela casa, afinal sou, era, o colunista mais antigo do jornal.

Essas coisas acontecem, já entrei e saí de muitos empregos nos meus quase 28 anos de carreira. Ninguém precisa se preocupar, já passei da idade de ficar deprimido. Mas fiquei triste, sim. Como eu estava no “Lance!” desde o primeiro número, em agosto de 1997, ficou uma sensação meio esquisita.

O texto, para quem não leu, está abaixo.

A gente se vê 

     Pelas minhas contas, foram 652 semanas em quase 13 anos pingando aqui, religiosamente às quintas-feiras, algumas palavras soltas sobre carros e corridas. Muita gente que começou a ler o LANCE! ainda garotinho, com 10, 12 anos de idade, é hoje adulto. Eu estou 13 anos mais velho, o que depois dos 30 não faz muita diferença.

     Neste tempo todo, vimos Villeneuve ser campeão, Hakkinen esboçar uma hegemonia, Schumacher conquistar o primeiro título pela Ferrari, e depois o segundo, e o terceiro, e o quarto, o quinto… Vimos Barrichello assinar com a equipe de Maranello e ganhar seu primeiro GP, o surgimento de Massa, a ascensão de Alonso, o fenômeno Hamilton, a surpresa da Brawn.

     Vimos equipes nascerem e morrerem, como a Jaguar, a Stewart, a Jordan, a Arrows, a Benetton, a Prost, a Tyrrell, a Minardi, a Lola, a BAR, a Toyota, a Renault, a Red Bull, a Midland, a Spyker, a Toro Rosso, a Super Aguri, a Force India, a Hispania, a Virgin, a Lotus, a Mercedes…

     Sim, tudo isso aconteceu em 13 anos. Rodei o mundo várias vezes, escrevi um monte de bobagens, fiz centenas de previsões que não se confirmaram, dei palpites, entrevistei muita gente, relatei grandes corridas.

     Nesse tempo todo aconteceram três Copas, três Olimpíadas, o futebol brasileiro ameaçou se endireitar com os pontos corridos, o país faturou algumas medalhas, Guga explodiu e implodiu, o Rio ganhou o Pan e os Jogos de 2016, o Brasil levou o direito de fazer o Mundial de 2014.

     Detesto despedidas. Sou meio carioca nessas coisas de dizer adeus. Prefiro um “a gente se vê”, mesmo sem saber se a gente vai se ver de novo. Assim, nestas que possivelmente são minhas últimas palavras aos milhares de leitores do LANCE!, é tudo que consigo dizer agora. A gente se vê.

     E um enorme e sincero obrigado aos leitores que me aturaram nesse tempo todo. No bad feelings, como dizem os gringos. No regrets. A vida, no fundo, é uma longa corrida. E a última volta ainda está longe.

BANDEIRA VERDE

A bandeira verde vai para todos aqueles que dividiram estas páginas comigo em quase 13 anos de uma luta incessante pelo bom jornalismo. Mas alguns moram no meu coração: Walter de Mattos Júnior, o criador desta maluquice que deu certo; e Leão Serva, Lédio Carmona, César Seabra, Luiz Fernando, Fernando Santos…

 BANDEIRA PRETA

A bandeira preta vai para mim mesmo, incapaz de nomear todos os colegas com quem a convivência nunca foi tão próxima quanto deveria, mas que sempre estiveram ao meu lado nas coberturas, nos fechamentos, na edição dos textos. Considerem-se todos, sem exceção, abraçados. A gente se vê.