Blog do Flavio Gomes
Imprensa

ELE GOSTAVA DE VOAR

SÃO PAULO – Se Pelé não tivesse nascido gente, teria nascido bola. Foi apenas uma das frases que Armando Nogueira perpetuou por sua genial simplicidade. Foi o melhor dos cronistas esportivos do Brasil. Forma ao lado de Nelson Rodrigues uma dupla de textos impecáveis. Era um poeta na prosa. Dava ao esporte relevância e beleza. Tratava […]

SÃO PAULO – Se Pelé não tivesse nascido gente, teria nascido bola. Foi apenas uma das frases que Armando Nogueira perpetuou por sua genial simplicidade. Foi o melhor dos cronistas esportivos do Brasil. Forma ao lado de Nelson Rodrigues uma dupla de textos impecáveis. Era um poeta na prosa. Dava ao esporte relevância e beleza. Tratava o jogo de um jeito lúdico, mas não piegas.

Os mais novos talvez se lembrem dele apenas como cronista esportivo. Porque nas suas duas últimas décadas de vida ele voltou ao esporte, que amava e de onde veio, lá dos anos 50 e 60.

Só que seu auge como jornalista foi num cargo espinhoso, como diretor de jornalismo da TV Globo de 1974 a 1990, em parte dos anos de chumbo, depois na retomada da democracia. E passou pelo cargo sem deixar inimigos na esquerda, uma façanha para quem comandava a principal emissora do país.

Quando retomou o cronismo esportivo, o fez com o brilho e a leveza de sempre. Um texto luminoso e delicado.

Mal o conheci, talvez tenhamos nos encontrado duas ou três vezes. Mas fomos colegas de páginas no “Lance!”, o que para mim é uma honra. Sempre o admirei a distância, à prudente distância que se devota aos mestres.

E sempre me encantei com um outro lado desse moço, a paixão pela aviação, o amor pelo voar.

Armando Nogueira, dono de uma pena angelical, gostava de voar.