Blog do Flavio Gomes
Imprensa

LUTO NO RIO

SÃO PAULO (é o fim) – Quando meu grande amigo Mario Andrada e Silva deixou a “Folha” para trabalhar no “JB”, o bordão que usava quando a gente entrava em divertidas discussões sobre nossos jornais era: “Se você perguntar qual é o melhor jornal do Brasil, já deu a resposta”. Pois me chega a notícia […]

SÃO PAULO (é o fim) – Quando meu grande amigo Mario Andrada e Silva deixou a “Folha” para trabalhar no “JB”, o bordão que usava quando a gente entrava em divertidas discussões sobre nossos jornais era: “Se você perguntar qual é o melhor jornal do Brasil, já deu a resposta”.

Pois me chega a notícia de que o “Jornal do Brasil”, amanhã, informará aos seus leitores que vai deixar de circular na versão impressa. Não sei exatamente quando isso vai acontecer, mas o fato é que o “JB” caminha para ser um veículo exclusivo da internet, como aconteceu anos atrás com a querida “Gazeta Esportiva” e está acontecendo com centenas de jornais por todo o mundo.

Não me cabe discutir a situação financeira do “JB”, nem mesmo a crise que pegou a mídia impressa de jeito, nesta era em que o papel vem sendo descartado pouco a pouco. É a marcha do progresso, creio, embora eu não abra mão do jornalzinho de papel na porta de casa de jeito nenhum, todas as manhãs.

Os jornais não sabem direito para que lado atirar desde que a internet se tornou o grande veículo de divulgação de informações e notícias do planeta. Talvez seja algo irreversível. Sobrarão poucos, com qual função não se sabe.

Mas o “JB” é daquelas coisas que deveriam ser tombadas e proibidas de deixar de existir. Fundado em 1891 defendendo a monarquia, virou republicano e, no começo do século passado, foi o mais revolucionário dos jornais brasileiros, trazendo notícias sobre carnaval e esportes, charges, ilustrações, romances em quadrinhos, classificados no pé da primeira página. Teve em seus quadros gente como Rui Barbosa e Eça de Queirós.

Na virada da década de 50 para a de 60, modernizou o jornalismo brasileiro com gente como Janio de Freitas, Ferreira Gullar, Carlos Castello Branco e muitos outros. Defendeu o golpe de 64, como quase todos na época, mas depois acabou se transformando num reduto razoavelmente seguro para jornalistas perseguidos pelo regime.

O “JB” é a cara do Rio, como os biscoitos Globo e o mate na praia. Entrou em crise nos anos 90, acabou sendo vendido pelos Nascimento Britto, caiu nas mãos de um certo Nelson Tanure que não goza de excelente reputação no meio e, agora, ruma para a extinção.

Um minuto de silêncio pelo “JB”.