Blog do Flavio Gomes
Stock Car

FUNDO DO POÇO

SÃO PAULO (só que…) – A Estoque Carros vive sua pior temporada dos últimos tempos. Hoje, em Campo Grande, quatro pilotos foram desclassificados por mentir para a direção de prova. Entre eles, o vencedor Daniel Serra. Os outros foram Cacá Bueno, Xandinho Negrão e Ricardo Zonta. Quando a prova terminou, eles pararam seus carros no […]

SÃO PAULO (só que…) – A Estoque Carros vive sua pior temporada dos últimos tempos. Hoje, em Campo Grande, quatro pilotos foram desclassificados por mentir para a direção de prova. Entre eles, o vencedor Daniel Serra. Os outros foram Cacá Bueno, Xandinho Negrão e Ricardo Zonta. Quando a prova terminou, eles pararam seus carros no meio da pista. Alegaram que tiveram problemas técnicos. Na verdade, não tinham, no tanque, o mínimo de 3 litros de álcool que o regulamento exige ao final da corrida. Tentaram se livrar da vistoria, é o que dá para supor. Thiago Camilo também foi eliminado, mas voltou aos boxes com o carro andando. E não tinha os tais três litros.

Claro que se há uma regra, ela deve ser respeitada. Quem não respeita que seja punido, mesmo se ela parecer esdrúxula. Ocorre que, neste ano, já teve corrida em que passaram por cima dos tais 3 litros. Aquela do milhão. E já teve prova com menos voltas do que o programado, por causa da TV. E com mais voltas, também. Rola uma enorme desconfiança entre pilotos e equipes. E tem muita gente insatisfeita com a gestão da bagaça.

Há resultados sub-júdice, ainda. E a corrida de hoje encerrou a fase de classificação para o playoff, que terá quatro etapas. Não se sabe como começará a fase final, já que há recursos pingando aqui e ali — embora as desclassificações de hoje não tenham alterado a ordem dos dez primeiros, o que permite fazer a pergunta: será que seriam punidos se mudasse algo?

É uma zona, em resumo. Que pode ser creditada à ineficácia da CBA, que deveria zelar pelo regulamento, e às relações promíscuas entre alguns pilotos, equipes, organizadores e TV. Tem gente que manda demais, tem gente a quem tudo é permitido, tem gente a quem nada é permitido.

A Estoque não é para ser levada a sério como competição. É um brinquedinho dos marqueteiros da Vila Olímpia, como eu gosto de dizer. Anunciantes fortes, dinheiro gasto com gosto, daquele que vai e volta, um evento corporativo cujos atores, todos eles, insistem em dizer que é o máximo. E o dizem entre eles, nas festas, almoços e jantares, e todos concordam, e está fechado o círculo fantasioso. Como escreveu o Dú Cardim no Twitter, é um categoria que a Globo finge que transmite, os pilotos fingem que correm, os patrocinadores fingem que têm retorno, e a CBA finge que existe.

Eu, pelo menos, não finjo que gosto. Acho uma porcaria.