Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

CASCATA

SÃO PAULO (quero ver) – A Vicar, que faz a Estoque, e a CBA, que não faz nada, anunciaram que farão um Brasileiro de Marcas no ano que vem. Não tem calendário, nem TV, nem marcas. Tudo vago e com ar de conversa fiada, como se lê no material publicado hoje via assessoria de imprensa […]

SÃO PAULO (quero ver) – A Vicar, que faz a Estoque, e a CBA, que não faz nada, anunciaram que farão um Brasileiro de Marcas no ano que vem. Não tem calendário, nem TV, nem marcas. Tudo vago e com ar de conversa fiada, como se lê no material publicado hoje via assessoria de imprensa em vários sites. Falam em dar uma chance para os que correm nos regionais de Marcas, falam em “regulamento inteligente” e outras generalidades.

Só não falam o essencial. Alguma montadora foi procurada? Ou acham que vamos acreditar que juntar um monte de Gol bolinha, alguns Corsas e uns Palios que estão espalhados por aí é fazer um “Brasileiro de Marcas”?

Campeonato de Marcas sem participação das fábricas é apenas mais um caça-níqueis que não vai caçar níquel algum, porque quem conhece a realidade do automobilismo brasileiro sabe que os regionais de Marcas são campeonatos baratos. E que eles só existem por isso mesmo, custo baixo, que só é baixo porque ninguém é obrigado a viajar para lugar nenhum com seus carros, mecânicos, pneus, caminhonetes e ferramentas. Quando muito se sai de Porto Alegre para ir a Santa Cruz, ou de Curitiba para Londrina. Em SP é tudo em Interlagos, mesmo. E cada um tem um regulamento diferente.

Achar que essa galera que vive na pindaíba e corre por amor à arte vai ter tempo e dinheiro para disputar um campeonato com etapas no RS, PR, SP, MS, GO, RJ, PE e DF é ser otimista demais. Ou demonstra total desconhecimento da vida real.

Gostaria de saber dos inventores do “novo” Brasileiro de Marcas se eles procuraram a VW, a GM, a Ford, a Fiat, a Renault, a Honda, a Citroën, a Peugeot, a Toyota, a Mercedes, a Hyundai, as fábricas instaladas aqui, enfim, para tratar do assunto. Se procuraram patrocinadores fortes, como foi a Shell nos anos 80/90. Se estão atrás de fornecedores de pneus. Se alguém, além da voluntariosa e internética Race TV, se interessa pelas transmissões.

Ou, ainda, se estão semeando algum assalto aos cofres públicos encaixando o “novo” campeonato nas leis de incentivo ao esporte, que preveem renúncia fiscal em troca de contrapartidas sociais que, no automobilismo, não passam de mentira deslavada. É o caso da fictícia F-Universitária que dá suporte à bem patrocinada F-3 Sul-americana na condição de categoria-escola, formadora de jovens esportistas e sei lá mais o quê. Ela simplesmente não existe, mesmo fazendo parte da programação de todas as etapas, com horários e tudo mais. Não sei como é que empurraram isso ao Ministério do Esporte, mais um dos mistérios da humanidade.