Blog do Flavio Gomes
Brasil

DECALQUES (1)

SÃO PAULO (lambeu, grudou) – Meu pai tinha uma Belina, lá por 73 ou 74, verde-maravilha. Não sei se esse era o nome da cor, mas era assim que dizíamos. Naqueles tempos, era comum ganhar brindes em restaurantes, postos de gasolina, lojas de autopeças, festas cívicas. E a paleta de lembrancinhas tinha basicamente chaveiros, caixinhas […]

SÃO PAULO (lambeu, grudou) – Meu pai tinha uma Belina, lá por 73 ou 74, verde-maravilha. Não sei se esse era o nome da cor, mas era assim que dizíamos. Naqueles tempos, era comum ganhar brindes em restaurantes, postos de gasolina, lojas de autopeças, festas cívicas. E a paleta de lembrancinhas tinha basicamente chaveiros, caixinhas de fósforos e decalques.

A gente chamava de decalque, não de adesivo. E era um tal de ganhar decalque de tudo, que eu e meus dois irmãos (o terceiro veio bem mais tarde) colávamos tudo nas janelas da Belina. As duas laterais e o vidrão traseiro eram coalhados de decalques. Nem sei como meu pai enxergava para dirigir. Valia tudo. Até “Brasil Ame-o ou Deixe-o”, que a ditadura distribuía nos desfiles de 7 de setembro e vendia em bancas de jornal. Sei que quando pintava aquela Belina toda decalcada na esquina, a gente sabia que era minha mãe vindo nos buscar na escola.

Para colar, era fácil. Uma lambida, na mão ou direto no plástico (também se dizia “plástico” como sinônimo de decalque) e crau no vidro. Não tinha erro. Quando fazia bolha de ar, era só tirar e colocar de novo. Não colava de verdade, apenas grudava.

O blogueiro Eduardo de Pina me mandou algumas imagens do que suponho ser uma coleção de decalques. Vou pingar aqui por estes dias. Trazem boas lembranças.