DECALQUES (1)

SÃO PAULO (lambeu, grudou) – Meu pai tinha uma Belina, lá por 73 ou 74, verde-maravilha. Não sei se esse era o nome da cor, mas era assim que dizíamos. Naqueles tempos, era comum ganhar brindes em restaurantes, postos de gasolina, lojas de autopeças, festas cívicas. E a paleta de lembrancinhas tinha basicamente chaveiros, caixinhas de fósforos e decalques.

A gente chamava de decalque, não de adesivo. E era um tal de ganhar decalque de tudo, que eu e meus dois irmãos (o terceiro veio bem mais tarde) colávamos tudo nas janelas da Belina. As duas laterais e o vidrão traseiro eram coalhados de decalques. Nem sei como meu pai enxergava para dirigir. Valia tudo. Até “Brasil Ame-o ou Deixe-o”, que a ditadura distribuía nos desfiles de 7 de setembro e vendia em bancas de jornal. Sei que quando pintava aquela Belina toda decalcada na esquina, a gente sabia que era minha mãe vindo nos buscar na escola.

Para colar, era fácil. Uma lambida, na mão ou direto no plástico (também se dizia “plástico” como sinônimo de decalque) e crau no vidro. Não tinha erro. Quando fazia bolha de ar, era só tirar e colocar de novo. Não colava de verdade, apenas grudava.

O blogueiro Eduardo de Pina me mandou algumas imagens do que suponho ser uma coleção de decalques. Vou pingar aqui por estes dias. Trazem boas lembranças.

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Conde
Conde
13 anos atrás

Meu pai tb não deixava colar nada nos vidros . Eu tb não gosto . Na época tinhamos coleções dos “colantes” em pastas . Tinha até um modelo de carta em inglês que a gente mandava para as fábricas e depois de uns 45 dias elas nos mandavam muitos “colantes” . Me lembro até hoje do início : “Dear Sir ” … (rs) Hoje a molecada acha o modelo na internet e manda plotar …

TOM SEM FREIO
TOM SEM FREIO
13 anos atrás

Ê Flavio, voce tem razao. Antigamente em todo lugar se dava decalque, chaveiro ou qualquer outra coisa para lembrar a marca. Hoje em dia que dureza. Esse decalque eu tambem tive. Era bem legal.

Eu
Eu
13 anos atrás

Meeeeeeu, já várias vezes quase chamei el hugo de tanto lamber esses “decalque”. Gosto de cabo de guarda chuva que nem manhã de ressaca! Colava, ia ver de fora, achava meio torto, vai de novo… tsc… Saudade!

Fernando Guzzo
Fernando Guzzo
13 anos atrás

Putz, desse adesivo eu tenho uma pacoteira. Eles vinham quando vc comprava caixas de óleo da Esso na década de 70. Quando teve a crise do petróleo na década de 70, o vendedor da Esso passava aqui só de vez em quando, e quando isso acontecia ele já avisava pra comprar uma boa quantidade, pois não sabia quando teria outro “lote” para a venda; sendo assim, meus tios compravam um monte de caixas, ficando no posto até hoje essas latas e o adesivos que vinham de brinde.
Fernando – Enche o tanque 47

newton orsini
newton orsini
13 anos atrás

Amigos, eu tenho um decalqui igualzinho este ai ……..um abraço.

Taffa 2CV
Taffa 2CV
13 anos atrás

Meu pai me conta que empurrou no chao a freira de sua escola por que a digníssima arrancou o decalque “importado” da Lucky Strike que ele havia colado na sua carteirinha onde era carimbada a presença ou falta.

Luiz Dranger
Luiz Dranger
13 anos atrás

Bárbaro! Adesivos eram modernos (auto colantes) mas decalques eram diferentes. Tinha que molhar e passar o dedo p/grudar. Eu colava todos na janela do meu quarto já que no DKW do meu pai era proibido.

JP
JP
13 anos atrás

Meu pai tem até hoje um papelucho (não é adesivo nem decalque) do “Brasil, ame-o ou deixe-o”, que foram jogados no Vale do Anhangabaú.
Lembranças de uma época…

Humberto Corradi
Humberto Corradi
13 anos atrás

Legal esse da Esso. Quero ver os outros.

Valeu

rubem rodriguez gonzalez
rubem rodriguez gonzalez
13 anos atrás

Até os meus 22 anos de idade trabalhei com silk- screen, dominava todo o processo, do desenho na prancheta , revelação das telas e a impressão em sí . bons e duros tempos….. era bem legal só dava para ganhar algum alguém que dominava bem o desenho, porque lá pelos idos de 1981 não tinha computador e clip arts para copiar, analogicamente a F-1 eu sou da idade da pedra da estamparia……
Esse que o FG descreve como não melequento era o polivinilico não colante, existiam também os polivinilicos adesivos, esse sim , com uma alma de papel e extremamente adesivos tipo o insul filme de hoje em dia. a tinta usada era a vinilica fosca e solvente vinilico, além de retardador de cura. o calcanhar de aquiles era o nylon importado da marca ny thal que custava uma verdadeira fábula e começava em 72 e ia até 200 ( numero de fios por centimetro linear) .
Lembro que quando pegava adesivos para fazer a minha velha fazia cara feia, o cheiro era empesteante e realmente já me intoxiquei uma vez com essa quimica toda, mas nada de mais… afinal com 18 anos na cara todos somos imortais…..
Obrigado Flávio Gomes, sem querer me fizeste lembrar de uma página legal da minha vida, realmente o dinheiro é legal mas a juventude é inigualável…….têm um filme que recebeu o ridículo título de “Metido em encrencas” aqui no Brasil que é uma obra de arte e retrata muito bem esses anos dourados que os alquebrados como eu, no auge dos meus 47 anos adoram recordar, quem não escutar a fala final do autor em off perde o filme inteiro, vale a pena assistir um filme leve e alegre como esse nos dias de hoje.

Luis Antonio
Luis Antonio
13 anos atrás

“… Até o cheiro era bem característico, faz tempo que não sinto cheiro igual !!!…”

Ronaldo Brahmeiro
Ronaldo Brahmeiro
13 anos atrás

Esse decalque aí hoje em dia daria processo! Uma Lotus 72 estampando Esso? A Lotus era parceira da Shell (69-71) e, posteriormente, Texaco (72-75), épocas do famoso modelo 72.

Mas é Brasil… O país onde o rótulo da Cuba Cola tinha estampado um mapa dos EUA. Tudo a ver!

alexandre
alexandre
13 anos atrás

Putz!!!! Decalque tem tempo que não ouvia alguém falar essa palavra. Outro dia falei para o meu filho e ele ficou com cara de quem não apertou a tecla SAP.

Carlos Santista
Carlos Santista
13 anos atrás

Lambida no decalque, Flávio?

ou era uma bela cuspida? rsssss

Francisco Libânio
Francisco Libânio
13 anos atrás

Colar era fácil até, mas tirar era um caos e ficava aquelas babas melequentas. Mas agora que você falou… Nessa eleição não teve tantos decalques políticos, né? Lembro que na eleição de 90 era uma farra.

Ricardo Bigliazzi
13 anos atrás

Em Santo André chamavamos esses selos de “colantes”.

Colecionavamos, muitas vezes nos reunimos na garagem de um amigo para “colarmos” no carro do “infeliz Pai” todos os “colantes’ que tinhamos.

Esses “colantes’ chamavam muita a atenção… as cores vivas e o plastico brilhante eram uma novidade.

Colecionavamos também maços de cigarro… quem tinha um “Macedonia” poderia se considerar um verdadeiro Mestre na arte.

Segue o jogo…

Imperador Ricardo Piquet

Paulo
Paulo
13 anos atrás

Estava pensando nisso dias atrás, não exatamente esses, mas os decalques de troca de óleo, geralmente com o logo dos fabricantes de óleo e postos de gasolina. Alguém teria uma coleção destes adesivos? Desde quando isso existe? abs.

FES
FES
13 anos atrás

Meu pai sempre odiou adesivos no carro e isto ficou no nosso DNA. Os carros dos filhos, NENHUM teve um adesivo colado que não fosse o original (desde que fosse de concessionária e de bom gosto).

Carlos Santista
Carlos Santista
Reply to  FES
13 anos atrás

Nem adesivos da Família Feliz? cacaccacacacaca