Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

PAULO KUNZE

SÃO PAULO – O empresário Paulo Kunze, 67 anos, morreu hoje pela manhã em decorrência dos ferimentos após o acidente na Stock Paulista domingo em Interlagos. Nunca falei com “seu” Paulo, mas o que o conheceram, ainda que superficialmente, apenas no ambiente das corridas, dizem que era um doce de pessoa. O vídeo aí embaixo, […]

SÃO PAULO – O empresário Paulo Kunze, 67 anos, morreu hoje pela manhã em decorrência dos ferimentos após o acidente na Stock Paulista domingo em Interlagos.

Nunca falei com “seu” Paulo, mas o que o conheceram, ainda que superficialmente, apenas no ambiente das corridas, dizem que era um doce de pessoa. O vídeo aí embaixo, enviado pelo Dú Cardim, mostra que era, mesmo.

Sua idade não tem nada a ver com o acidente, nem com a morte. A morte não tem nada a ver com a pista, ou com o carro. Aliás, fazer qualquer análise definitiva desse acidente, sem nenhuma imagem, sem nenhum testemunho, é leviandade. Automobilismo é perigoso e de vez em quando mortes acontecem, o que machuca profundamente quem vive neste meio. Pelo pouco que se sabe deste acidente, “seu” Paulo estava com equipamentos de segurança em dia, o carro aguentou bem o tranco, ele bateu em outros dois que haviam batido à sua frente na entrada da Reta Oposta, e foi tudo muito violento. O carro, um Omega, passou por cima do guard-rail e capotou.

Mas tudo isso à parte, não se pode encarar o que anda acontecendo nas pistas brasileiras como meras fatalidades.

No ano passado, morreu um rapaz em Fortaleza numa prova de monopostos, outro em Curitiba na arrancada, mais um em Cascavel numa corrida de kart, e desde o início do ano foram mais quatro mortes, três em Interlagos — a de um fotógrafo andando de moto, a de Gustavo Sondermann na Copa Montana e, agora, a de Kunze; a quarta foi numa corrida de rua de kart em Jarinu. Um pouco mais para trás, no fim de 2007, Rafael Sperafico foi a vítima de um acidente também em Interlagos na Stock Light.

É uma sequência que, no mínimo, deveria fazer todo mundo parar para rever os procedimentos de segurança em todas as competições. Para que as autoridades esportivas, de uma vez por todas, deixassem de lado a sanha de contar dinheiro de carteirinhas e inscrições para começar a se preocupar com carros, pistas, capacetes, macacões, HANS, bancos, cintos de segurança. E preparo dos pilotos. Quem é que anda correndo pelo Brasil? Qual sua formação? Quais as exigências para que entrem na pista para pilotar carros e motos de corrida? Quem avalia suas condições técnicas, físicas, psicológicas?

Não é o caso de “seu” Paulo, um touro fisicamente, experiente, preparado. Não estou acusando ninguém de nada, nem caçando bruxas. Estou apenas dizendo que sete mortes em, sei lá, seis meses, não são apenas coincidência. O esporte a motor está largado, abandonado, à deriva.

Essas mortes todas podem ser debitadas na conta de quem o deixou chegar a este ponto.