SÃO PAULO – Painted by Sid – Brasil. Só assim, já era demais. Com uma estrelinha do lado, piloto que já correu de Fórmula 1.
Essa era a marca de Sid Mosca, uma lenda. Mais que uma lenda. Um doce.
Aí, lá para 1988, tomei coragem e fui ao seu ateliê. Já tinha feito matérias com ele. Tratava-o com enorme reverência. Talvez maior do que a qualquer piloto. Foi assim até a última vez que o vi, não sei bem quanto tempo atrás.
Cheguei com um capacete Bell debaixo do braço, vermelho, comprado com as economias de alguns meses. Tinha passado semanas imaginando um desenho para ele. Queria um grafismo que lembrasse o logotipo da Vemag, em preto, branco e vermelho.
Em cinco minutos, Sid mudou tudo. Rabiscou numa folha de papel um desenho simples, prata na frente, verde musgo metálico atrás, um friso vermelho “Marlboro” grosso e outro branco separando as duas cores principais. Na testa, o emblema da Vemag.
E quem era eu para achar o que fosse? Ficou lindo. Nunca me cobrou nada. Quando trocar de capacete, me traz aqui que eu pinto de novo. Capacete tem validade. Não esquece.
Usei esse capacete por anos. Painted by Sid. Sem estrelinha, claro. Está comigo até hoje. O segundo, um Bieffe que ganhei do Felipe Massa, foi pintado do mesmo jeito e depois ganhou uma nova versão escolhida aqui no blog. Aí fui mudando sempre tendo como base as linhas curvas que terminavam em V. É assim até hoje, com cores diferentes, verdade, mas sobre a mesma ideia rabiscada num papel no ateliê de Santo Amaro.
A pintura do capacete é a outra face do piloto, dizia o Sid, que se foi hoje meio às pressas.
A face do automobilismo brasileiro vitorioso, brilhante, apaixonante, foi pintada por Sid. Ela não existe mais.