Blog do Flavio Gomes
F-1

SPANADAS (6)

SÃO PAULO (fome batendo) – O cara ganha seis das oito primeiras corridas do ano e chega em segundo nas outras duas. Aí fica três sem vencer: segundo, quarto, segundo. E vem neguinho tocar a trombeta do apocalipse para dizer que ele não é tudo isso, que como o carro deixou de ser o melhor […]

SÃO PAULO (fome batendo) – O cara ganha seis das oito primeiras corridas do ano e chega em segundo nas outras duas. Aí fica três sem vencer: segundo, quarto, segundo. E vem neguinho tocar a trombeta do apocalipse para dizer que ele não é tudo isso, que como o carro deixou de ser o melhor a máscara vai cair, que só ganha porque o equipamento é superior e tal. Perdeu as últimas três, está em decadência, vem briga boa por aí.

Então acabam as férias e no primeiro dia de aula ele tira um 10 de novo.

Falam muita merda do Vettel. A maior delas, que ele não é um piloto fora-de-série, com hífen.

Aproveitando, gostaria de falar sobre o hífen. É uma palavra estranha, hífen. Será a única em português que termina em “n”? Não, tem também lámen, do miojo. Deve haver outras. Mas é estranha, soa estrangeira, sempre se tem a impressão que a grafia está errada. Tem acento, termina com “n”, não é uma palavra normal. Não gosto de hífen, nem de usar hífens. Quando for presidente do mundo, vou abolir a palavra hífen do dicionário. Vou adotar a forma “tracinho”.

Voltando ao Vettel, vejam só: 12 corridas em 2011, 7 vitórias, 4 segundos lugares, 1 quarto. Tem 259 pontos, mais do que fez no ano passado inteiro (e foi campeão). Abriu 92 do Webber, o vice-líder que todo campeão pediu a Zeus. Se ficar em casa nos próximos quatro GPs, ou se for para a Disney, ou ao Playcenter, e seu parceiro marsupial ganhar todas, Vettel volta para as últimas três provas do ano apenas oito pontos atrás. E Webber não venceu nenhuma neste ano.

Bem, já falamos do bicampeonato. Está garantido, acabou, tchau. E hoje ele fez uma corrida belíssima. Largou com os pneus ralados, como todos que estavam nas cinco primeiras filas. Como não trocaram durante o Q3, ontem, os dez primeiros foram para a pista com 6 voltas em sua borracha macia, o que dá quase 45 km. Distância, numa pista de tamanho normal, que equivale a quase dez voltas. Ou seja: largaram com pneus que estavam no fim de sua vida útil. E os dianteiros da Red Bull fizeram bolhas, estavam numa merda federal.

Foi por isso que Vettel precisou cuidar bem da látex no início, parou na quinta volta, aproveitou um safety-car para trocar de novo, e com três paradas e algumas ultrapassagens ligeiras para não perder tempo, controlou o GP francorchâmpico sem maiores sustos.

A corrida foi boa e ofereceu algumas demonstrações de colhões de vários pilotos, disputando posições em trechos velocíssimos, em situações nas quais não passaria um fio de cabelo. Lá, e entre as rodas dos carros percorrendo curvas lado a lado, quero dizer.

Button e Schumacher foram os melhores da corrida, pelas posições em que largaram. O inglês partiu de 13° no grid para o pódio, atrás da dupla rubrotaurina (segunda dobradinha no ano, diga-se). Na metade da corrida, baixou o santo no cara e ele saiu passando todo mundo. O alemão, com seu capacete imitando o microfone de Athayde Patrese, um luxo, largou em último e terminou em quinto. Foi sua melhor prova desde que tirou o pijama para voltar a correr. Os dois espertinhos, Button e Schumacher, largaram com pneus médios, trocaram logo e fizeram a corrida quase inteira de macios. Começar atrás tem lá seus encantos.

Por fim, a Ferrari. Alonso brigou muito enquanto andou de pneus macios. Chegou a ficar perto de Vettel, faria uma parada a menos, mas quando colocou a borracha média começou a se arrastar. Terminou em quarto, depois de largar em oitavo. Massa largou em quarto e chegou em oitavo. Sumiu depois das primeiras voltas e foi presa fácil para todo mundo. Tem sido assim o campeonato todo. Começa bem, mas depois alguém passa e ele desanima.

Na turma dos pontos, palmas para Sutil, sétimo, Petrov, nono, e Maldonado, fazendo seu primeiro ponto na F-1 com a décima colocação.

Ah, e não choveu. O que me leva a desconfiar que talvez essa corrida não tenha sido na Bélgica, de verdade.