SÃO PAULO (que nunca será desvendado) – Fórmula Superliga. Superleague Formula. É, de longe, a coisa mais misteriosa já surgida no automobilismo. Hoje a organização anunciou o cancelamento das duas rodadas brasileiras, marcadas para outubro. Uma seria em Goiânia e a outra, em Curitiba. Três corridas por fim de semana.
É, sempre foi, pura ficção. Goiânia não tem condição de receber corrida de patinete, o que dirá de carros V12 com declarados 750 HP. Além do mais, quem pagaria a conta? É caro pacas enfiar 16 declarados carros num avião, mais a tralha toda, para correr em qualquer lugar.
Portanto, a inclusão do Brasil no calendário desse campeonato esquisitíssimo que ninguém sabe direito de quem é sempre foi ficção. Sempre. Seria a mesma coisa que nós, da Classic Cup, anunciarmos um calendário com provas na África do Sul, Suriname, Cancún e Nepal. Além de um circuito de rua em Estocolmo. Depois, é só ir cancelando, alegando atrasos nas obras, dificuldades climáticas, problemas logísticos.
Faltava menos de um mês para as corridas daqui. Alguém realmente acredita que elas estavam mesmo sendo programadas? Quem é que cancela um evento de porte menos de um mês antes de sua data marcada? Alguém realmente acredita que a Superliga tinha reservado hotéis, passagens, estrutura, transmissão de TV, cabeamento, arquibancadas, venda de ingressos? Tá bom…
Os caras da categoria dizem em seu comunicado oficial:
Superleague Formula Series’ two scheduled rounds in Brazil this October will no longer go ahead after the championship received news from circuit bosses that Goiânia will not be ready to host its event.
“Circuit bosses”? Porra, o circuito vai ser loteado, quem são esses “bosses”? O governo do Goiás, ou a Prefeitura de Goiânia, sei lá quem é dono das ruínas, já avisou que vai virar condomínio! Prometeram até outro circuito, o que é mentira, nunca vai sair, como nunca existirá o de Deodoro, no Rio. Em que planeta essa gente vive?
Caguei para a Superliga, sua vinda para o Brasil ou não em nada me afeta, jamais acreditei nesse negócio, é uma baita picaretagem colocar o Brasil no calendário sabendo que nem tem pista aqui para isso. O campeonato, que começou como copa de clubes, tinha até Flamengo e Corinthians, hoje tem seis times de futebol “representados” entre as 14 equipes, que se tornaram “nacionais”. Não dá para levar a sério.
O que importa, nesse episódio, é mais uma vez o silêncio ensurdecedor da CBA. Uai, uma categoria tão importante e poderosa como a Superliga cancela seis corridas no país e ninguém fala nada? E o prejuízo dos organizadores, promotores, público? E os milhões de dólares que os milhares de turistas que viriam de todos os pontos do planeta para ver as corridas que deixarão de entrar no país? Não é assim, quando se concretiza qualquer porcaria por aqui? Criam-se estudos que incluem milhares de turistas, milhões de dólares entrando, para justificar pesados investimentos públicos. Estão aí a incrível Indy no Anhembi e o concurso de Miss Universo que não me deixam mentir. E a F-1 também, como não? Está no Diário Oficial. A Prefeitura de SP vai gastar, de novo, 30 milhões de reais no evento. Que é privado, diga-se. Hoje, pertence à TV Globo.
Bem, a Superliga não vem. Os caras prometem no vídeo promocional um calendário com não sei quantas provas em nove países, e o calendário atual tem apenas quatro, contando a Nova Zelândia, cuja etapa ainda não está confirmada. Daqui a pouco cancelam, alegando risco de terremoto. Pelo menos aqui essa coisa não colou. Mas tem trouxa para tudo no mundo. Porque alguém paga a conta.