A novidade aí é o Banco do Brasil, que salva engano nunca se envolveu com corridas (os blogueiros lembram, nos comentários, de uma fugaz aparição nos carros da Brawn em 2009 e de algo com Tarso Marques na F-3000). Não tenho nada contra. “Ah, é estatal!”, vai dizer alguém. É. Mas é estatal de capital aberto que, como a Petrobras, está na labuta batalhando pelo mesmo mercado que o Itaú, o Bradesco, o Sudameris, a Shell e a Atlantic. Se os caras acham que dará retorno, ótimo. Já o Eike parece ter tomado gosto pela coisa. O dinheiro é dele, que gaste com o que achar melhor. O fato é que dois pilotos brasileiros em categorias de ponta só irão correr porque o ex-pegador da Luma resolver abrir o bolso.
Nasr mostrou muita competência na F-BMW e na F-3 Inglesa. E passou a ser, agora, a única aposta brasileira para o futuro na F-1.
Esse é o problema.
Quando se fala em aposta ufano-nacionalista, se fala em TV Globo, sempre ela. Todos devem ter notado que o acerto de Nasr com a Dams recebeu destaque incomum no “Jornal Nacional”. Nem é preciso conhecer demais o telejornal global para saber que piloto brasileiro acertando com uma equipe de GP2 não é notícia. Nenhum dos que passaram pela categoria no passado recente teve tal privilégio. O “JN” é apertado de tempo, normalmente só entram coisas muito importantes, ou que seus editores julgam importantes, e GP2 nunca esteve entre elas. Aí aparece o Felipe em horário nobilíssimo para ter o acordo anunciado em primeira mão. Pela Globo, claro.
É evidente que tem algum acordo comercial aí, mas tudo bem. E me parece claro que, de novo, neguinho começa tudo errado. Dá-se exclusividade à Globo em troca de espaço em telejornal e sabe-se lá quanto pelo “merchandising”. Foi assim com Senninha também. A Globo foi informada antes do anúncio da Williams, mas sonegou essa informação de seus telespectadores em troca do direito de fazer as primeiras imagens do piloto na fábrica e tal.
Que Nasr não se deixe seduzir por esse canto desafinado de sereia platinada. Preocupe-se em pilotar e crescer na profissão, não em fazer parte do “casting” da emissora. A Globo agiu assim por anos com Barrichello, doida para criar um ídolo-herói-com-muito-orgulho-com-muito-amor. Deu no que deu.