É a primeira pole da Mercedes desde 1955. Isso mesmo. A última foi de Fangio no GP da Itália. Chupa que a cana é doce. A primeira desde a volta da estrela de três pontas como equipe própria, em 2010. E a primeira de Rosberguinho, que tinha um segundo no grid da Malásia lá mesmo em 2010 como sua melhor posição de largada. Conseguiu a pole na sua 111ª corrida. Demorou pacas. Suspeito que tenha sido um dos pilotos, entre os que já largaram na pole, que mais tempo levou para lograr tal êxito. É o 95° na lista de laureados com a dita posição de honra em todos os tempos.
E como Hamilton, o segundo, caiu para sétimo porque trocou o câmbio, a primeira fila será toda da Mercedes, o que é um resultado e tanto. Schumacher parte em segundo, todo pimpão. Pela primeira vez na primeira fila desde o GP do Japão de 2006, quando ainda se vestia de vermelho. Mas isso não faz do time de Brackley favorito à vitória. Na corrida, o buraco do Ross Brawn é mais embaixo. A asa móvel só pode ser ativada uma vez, e isso se tiver alguém na frente para passar. A eficiência de seus tubos de PVC ao longo do carro cai bastante, nessas circunstâncias. Nos treinos, eles podem ser usados à farta. Lutar por um pódio é o que mais se aproxima da realidade para a Mercedes, o que já estará de bom tamanho. Se ganhar, ficarei surpreso e direi “oh”.
Teve coisa muito boa nessa classificação. Kobayashi, mítico, larga em terceiro, na segunda fila. Olha só o tamanho da bagaça: na sua história, a Sauber só tinha conseguido coisa parecida três vezes. Frentzen foi terceiro no grid no Japão em 1994 e Alesi fez dois segundos, em 1998 na Áustria e em 1999 na França. De lá para cá, nunca os fazedores de chocolate e relógios tinham obtido um resultado tão bom. Mito é mito.
Raikkonen ficou com o quinto tempo e larga em quarto. Morro de rir de quem achava que Kimi seria um vexame depois de dois anos na lama e no pó. Vou dizer um negócio: pode até ganhar a corrida. Também direi “oh”, mas ficarei menos surpreso do que com uma vitória da Mercedes. E se o fizer, vai comemorar com talagadas de schnapps e não vai ter puta pobre em Xangai. Apostinha do blogueiro: vai para o pódio. Button larga em quinto, Webber em sexto e Hamilton vem depois, seguido por Pérez, Alonso e Grosjean para fechar o top 10.
E aí entramos no purgatório da turma que ficou no Q2. Vettel, quem diria, foi um deles. Sua pior posição de largada desde o GP do Brasil de 2009, quando foi o 15° no grid. O que passa na Red Bull? Virou abóbora? Reagirá no campeonato? Sei não. É só a terceira corrida do ano, mas nota-se que se há um caminho para voltar a brigar na frente, este é longo e sinuoso. E Tiãozinho está de tromba. Mais umas duas provas e será possível dizer se ainda haverá alguma chance. Por enquanto, este campeonato está é com cara de McLaren.
Depois dele ficou Massa, que desta vez chegou um pouco mais perto do Q3, mas segue em sua sina de maus resultados que parece eterna. Maldonado e Senninha formam a sétima fila, separados por pentelhésimos. E o resto foi tudo normal, em duplinha: forceíndicos, tororrôssicos, caterhâmicos, marússios e hispânicos fechando o grid. Nas últimas seis filas, pois, parceiros de equipe lado a lado.
Choverá? Pode ser que sim, e aí muda tudo. Ano passado, Hamilton venceu a corrida com três paradas no seco e a prova teve ultrapassagens de balde. Será parecido neste ano, por conta da reta do tamanho da Grande Muralha que permite vácuo, asa móvel e freada forte para passar. Se a Mercedes conseguisse resolver o problema de desgaste de pneus, poderia sonhar com algo glorioso e retumbante, mas é pouco provável. Lewis, se não quiser abraçar o mundo na primeira volta, me parece ser o mais forte candidato à vitória, mesmo largando atrás de Button. Entre as surpresas possíveis para beliscar troféus estão Koba-mito e Pérez, o Ligeirinho, que só para para trocar pneus se for obrigado. Além de Kimi.
Vai ser uma corrida interessante.