Blog do Flavio Gomes
F-1

MAO AÍ (5)

SÃO PAULO (café, eu queria) – Bão, é o seguinte. Ninguém achava que a Mercedes ia ganhar. Sejam honestos. Mas ganhou. E é uma ótima notícia. Uma equipe que aprende a ganhar, gosta. E como não foi uma vitória daquelas malucas, como a de Alonso na Malásia, é lícito acreditar que a partir de agora […]

SÃO PAULO (café, eu queria) – Bão, é o seguinte. Ninguém achava que a Mercedes ia ganhar. Sejam honestos. Mas ganhou. E é uma ótima notícia. Uma equipe que aprende a ganhar, gosta. E como não foi uma vitória daquelas malucas, como a de Alonso na Malásia, é lícito acreditar que a partir de agora vai lutar para vencer outras corridas. Mais uma para um clube que anda meio desfalcado, porque a Red Bull e a Ferrari não têm carros vencedores e outras, como Lotus e Sauber, só se derem um rabo desgraçado.

O fato é que como esta temporada não tem nenhum favorito destacado, como era a Red Bull no ano passado, ela se abre para várias possibilidades. Até agora foram três provas e três vencedores de três equipes diferentes. Até a Ferrari, com aquela bomba de carro, conseguiu beliscar a sua.

E isso significa que regularidade será essencial na corrida pelo título. Hamilton é o novo líder com 45 pontos e nenhuma vitória. Fez três terceiros e está lá, todo bonitão. Button foi o segundo hoje e tem 43. Alonso, nono, caiu para terceiro com 37. Webber, quarto, é quarto também no mundial com 36.

E hoje foi dia de Rosberguinho. Poderia ser também de Schumacher se não tivesse acontecido alguma cagada na roda dianteira direita no pit stop. O mecânico socou o chão de raiva. Michael abandonou ao sair dos boxes.

Nico fez uma corrida exemplar e teve a vitória facilitada por um probleminha de Button num pit stop que o atrasou um pouco e fez com que perdesse tempo no tráfego quando foi devolvido à pista. Mas tendo parado três vezes contra duas de Rosberg, não venceria do mesmo jeito. Isso foi o mais surpreendente de tudo em Xangai: a Mercedes, devoradora de borracha, precisou só de dois pit stops. A McLaren, de três. Webber também.

O GP chinês começou morno, com alguns largando bem, como Button, e outros mal, como Kobayashi. Webber foi o primeiro a parar para colocar pneus médios, na sétima volta. Rosberg levou mais tempo e só parou na 14. E, depois, na 35. Os que optaram por apenas dois pit stops tiveram problemas com os pneus no fim, como Vettel — que escalou o pelotão de 11° no grid até chegar a andar em segundo a duas voltas da quadriculada, quando acabou sendo ultrapassado por Button, Hamilton e Webber.

A Red Bull ainda está na briga, não se iludam. O time sacou que não iria brigar por vitórias nas primeiras corridas do ano e está somando pontos para tentar dar o bote na Europa. Tiãozinho fez uma bela prova e o Canguru também. Como muito bem foram Grosjean, sexto, e Bruno Senna, sétimo. O brasileiro repetiu a atuação convincente da Malásia com boas ultrapassagens e muita disposição. Está se saindo melhor que a encomenda, assim como a Williams em geral. Maldonado foi o oitavo. Se não tinha andado bem no sábado, no domingo o carrinho azul mostrou que dá para frequentar os pontos assiduamente.

A decepção foi a Sauber. Tinha gente até sonhando com uma vitória de Kobayashi, terceiro no grid, e ele foi só o décimo. Na Lotus, se Grosjean foi bem, Kimi teve um fim de prova esquisitíssimo. Numa volta, caiu de segundo para 12°. Depois saberemos o que aconteceu. A Ferrari voltou à realidade. O nono de Alonso é exatamente o tamanho do time vermelho hoje. E Felipe em 13° é exatamente o tamanho do time e o dele, piloto. Massa é o único, além do sexteto das três nanicas, que não marcou um pontinho sequer em 2012.

Efemérides: foi a primeira vitória da Mercedes desde o GP da Itália de 1955, com Fangio, e décima da marca com equipe própria. Rosberguinho tornou-se o 103° piloto a ganhar uma corrida na F-1 e o quinto, entre os vencedores, que precisaram de mais GPs até chegar lá. No seu caso, ganhou no 111° GP. Webber foi o que levou mais tempo, 130 corridas. Nico é também o segundo filho de campeão a ganhar um GP. Keke, seu pai, ganhou o título de 1982 com apenas uma vitória. Ou outro filho de peixe campeão foi Damon Hill.

Apesar de sempre curtir vencedores inéditos, não gostei muito da corrida, não. Acho que era meu sono, sei lá. A pista estava muito suja, pedaço de pneu para todo lado, não estava fácil sair do traçado para ultrapassar. Houve mais perseguição do que disputa. No fim, algumas briguinhas deram graça ao brinquedo. Mas foi bom. Tirando o que foi ruim, o resto foi bom.