Ah, tenham dó.
E fiquei com dó de Schumacher. O cara enfia uma pole na fuça de um monte de fedelhos bombadinhos e perde cinco posições por ter batido no primeiro-sobrinho em Barcelona. Pena mesmo. Vai largar em sexto e a pole nem será computada nas estatísticas. Eu, se fosse ele, usaria o Estatuto do Idoso para reclamar.
Rapaz, como escrevi na minha brilhante coluna de ontem, que ninguém leu, este é um campeonato dos sonhos. “Vejem” bem. Pentelhésimos microscópicos separam centenas de pilotos nos treinos. Esqueçamos o Q1 de Mônaco, que foi o que sempre é: os seis nanicos eliminados, com algum pobre coitado se juntando a eles por circunstâncias. No caso, hoje, Pérez Chapolin deu no guard-rail e larga em último. Outra pena, porque faria estragos largando no bolo. Vai ter de seguir os bons.
Mas o resto do sábado foi demais. O Q2 foi bárbaro. Massa virou 1min14s911 em seu melhor fim de semana na temporada e ficou em primeiro. Dele até o 16°, Ricardão, 0s967. Dele até o 10°, Hunt, 0s411. Decepções da segunda fase da classificação: Bonitton, 13°, e Senninha, 14°. À Globo, que finalmente entendeu que dá para transmitir F-1 com mais do que o sinal internacional, Bruno se disse frustradíssimo. Natural. Bem-danado fez o terceiro tempo. A Williams tinha carro para colocar os dois entre os dez primeiros.
E no Q3 Schumacher, 43 primaveras nas costas, cravou todo mundo com 1min14s301. Seria sua 69ª pole, mas ficou só com a satisfação pessoal, porque larga em sexto. Sobrou a posição de honra para o Canguru Desolado, que também vem andando melhor que Vettel em Mônaco, e assim o australiano rubrotaurino larga com boas chances de vencer.
Aliás, o Vettel… O que acontece com esse menino? Acabou? Oh, wait! É o líder do campeonato, desculpem. Mas larga em décimo, apenas. Nem fez tempo no Q3. E ficamos assim: Webber, Rosberguinho, Hamilton, Grosjean (é bom, esse rapaz), Alonso, Schumacher, Massa (no fim das contas, larga atrás de Fernandinho de novo, mas pela primeira vez no ano tem motivos para sorrir), Hunt e Tião Alemão nas nove primeiras posições. Pastor ficou em nono, mas larga em 19° pela frescura dos comissários.
Não há favoritos claros. Webber, da pole, pode tentar controlar a corrida. Se não chover (o dia foi lindo, hoje), as coisas ficam mais fáceis. Não sei se vai chover. Alguém aí pergunte para o Narciso Vernizi, que estou com preguiça de ver a previsão do tempo. Mas mesmo no seco, acho que uns dez caras têm o direito de sonhar com a vitória, porque em Mônaco, com tanto equilíbrio, muita coisa doida pode acontecer.
Eu vou arriscar um palpite para ganhar sozinho na loteria: Grosjean. Não, Hamilton. Não, Schumacher.
Ah, sei lá. Tomara que seja um corridão.