Blog do Flavio Gomes
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PEGA, MATA E COME

SÃO PAULO (de volta) – Não é data redonda, não há efeméride alguma, nem encontraram os restos dele junto daqueles calendários maias que acabaram de adiar o fim do mundo, que estava marcado para 21 de dezembro, por mais 7 mil anos. Mas o Bob Sharp escreveu sobre o Carcará no AutoEntusiastas, e sempre que […]

SÃO PAULO (de volta) – Não é data redonda, não há efeméride alguma, nem encontraram os restos dele junto daqueles calendários maias que acabaram de adiar o fim do mundo, que estava marcado para 21 de dezembro, por mais 7 mil anos. Mas o Bob Sharp escreveu sobre o Carcará no AutoEntusiastas, e sempre que ele faz isso é uma alegria.

O Carcará, creio que todos sabem, é o carro de recorde feito pelo Departamento de Competições da Vemag (leia-se Jorge Lettry e Miguel Crispim, com Rino Malzoni, Toni Bianco, Marinho e Anísio Campos) que em junho de 1966 encerrou as atividades da marca nas pistas.

A história já foi contada e recontada aqui, mas Bob detalha alguns pontos em seu artigo que merecem ser vistos. Antes, se quiserem se ambientar, vejam os posts sobre o Carcará no nosso bom e velho blog, inclusive com um vídeo postado em agosto de 2011 que mereceu pouquíssima atenção da blogaiada, só interessada em Senna-Piquet-Barrichello, essas chatices.

O Carcará sumiu, e a versão mais aceita para seu destino inglório é a de que Norman Casari, que o pilotou no dia do recorde na Rio-Santos, deu a carroceria de alumínio ao dono da Glaspac. E quando a firma fechou, tudo que havia num de seus galpões foi vendido como sucata. O chassi, este foi usado em outros carros de corrida. Restos do Carcará estão aqui e ali. Um amigo do Rio, por exemplo, tem a capa de tecido vermelha e os volantes usados. Um doido de Campinas, que morreu, jurava que tinha os carburadores. Outro, de Maricá (esse nada tem de doido, é um cara muito legal, que trabalha com restauração de aviões e foi piloto de corrida, além de comandante da Cruzeiro do Sul; o avião de JK está com ele, desmontado), tem o volante do motor e um disco de embreagem.

Há hiatos enormes na trajetória do Carcará no pós-recorde e muitas histórias envolvendo o carro. Uma delas, de que teria participado de um filme de estudantes de cinema da USP, fazendo o papel de disco-voador. Alguns anos atrás estive perto de chegar nesse filme, que estaria na Cinemateca de SP, mas por alguma razão acabei desistindo e perdi todas as pistas.

O Carcará também teria passado uma temporada no museu do Roberto Lee em Caçapava, mas não há nenhum registro fotográfico conhecido disso e não se sabe se foi antes ou depois de Norman tê-lo enviado à Glaspac — e também não se sabe exatamente por que ele fez isso, talvez para copiar a carroceria em fibra de vidro, uma possibilidade; o Norman morreu no fim de 2005 meses depois de descobrir que tinha um câncer, e meu velho #96 foi a forma que encontrei de homenageá-lo.

Enfim, são muitas histórias, e o Carcará mereceria um filme, um documentário, uma daquelas coisas que eu gostaria de ter tempo para fazer um dia.