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SÃO PAULO (volta, tempo) – Que lembrança legal essa do Olavo Ito, que mandou o vídeo para que víssemos os carros, a paz e o amor: Festival de Águas Claras em Iacanga. Esse foi, de verdade, nosso Woodstock. Bem mais que o primeiro Rock in Rio, que foi bárbaro, claro, mas um negócio já profissionalizado, […]

SÃO PAULO (volta, tempo) – Que lembrança legal essa do Olavo Ito, que mandou o vídeo para que víssemos os carros, a paz e o amor: Festival de Águas Claras em Iacanga.

Esse foi, de verdade, nosso Woodstock. Bem mais que o primeiro Rock in Rio, que foi bárbaro, claro, mas um negócio já profissionalizado, com ingressos à venda em bancos, praça de alimentação, shopping e tudo mais que um publicitário como o Medina imaginou e continua imaginando.

Águas Claras, não. Águas Claras foi numa fazenda no interior de São Paulo, lá para os lados de Bauru. Ninguém precisava pagar nada, as bandas e cantores foram convidados e se receberam cachê, foi algo simbólico.

Mesmo assim, em suas quatro edições (1975, 1981, 1983 e 1984), apresentaram-se (preparem-se), entre muitos outros, Mutantes, Jorge Mautner, Corpus, Apokalypsis, O Terço, Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Almir Sater, 14 Bis, Raul Seixas, Tetê Spindola, Zé Geraldo, Hermeto Paschoal, Alceu Valença, Moraes Moreira, Egberto Gismonti, A Cor do Som, Premê, Sandra Sá, Paulinho da Viola, Sá & Guarabira, Sivuca, Fágner, Língua de Trapo, Wanderleia, Erasmo Carlos, Itamar Assumpção, Wagner Tiso, Armandinho, Dodô & Osmar, Arthur Moreira Lima e, pasmem, João Gilberto.

Mas o primeiro é sempre o primeiro, esse de 1975 das imagens acima.

A história de Águas Claras, belamente escrita, pode ser lida aqui. Eu era muito menino em 1975, mas lia nos jornais e nas revistas sobre aquele festival de sexo, drogas, bebidas e música de todos os tipos. No segundo, em 1981, já tinha idade para ir, mas era algo muito distante para um garoto que morava no interior, também, sem lenço, documento ou grana. De longe, admirava as fotos e sonhava com aquela celebração hippie que provavelmente nunca viveria de perto. Nos dois últimos, trabalhando e namorando, fazendo faculdade à noite e já cheio de compromissos, o que é ridículo, estar cheio de compromissos aos 18 ou 19 anos, nem cogitei.

Mas Águas Claras ficou no nosso imaginário e deve ter feito parte da vida de muitos blogueiros daqui, imagino. A eles, peço que contem o que viveram.

Uma peregrinação à antiga Fazenda Santa Virgínia, mesmo que tantos anos depois, não está fora de questão.