LE MANS (caiu no colo) – A Toyota estava dando um suadouro danado. Agora está dez voltas atrás dos quatrargólicos. E o carro parado nos boxes, sendo reparado. Nem sei se volta. O carro que sobrou. Chegou a liderar, mas aí vem a sequência de desenganos que fazem de uma corrida de 24 horas o que ela é: uma dificílima luta pela sobrevivência.
Davidson, já falei aí embaixo, encontrou uma Ferrari coxinha pela frente. O carro pegou uma lufada de ar por baixo e decolou. Fim de história. O outro, logo depois da relargada, mais de 1h de safety-car, veio para os boxes trocar todo o conjunto traseiro de asa, carenagem e perseverança. Os alienígenas japoneses trabalham incansavelmente, mas já era.
A Audi é capaz de fazer 1-2-3-4. Isso porque um dos carros, o ultra que estava na mão de Romain Dumas, perdeu muitas posições depois que o francês bateu sozinho. Foi bonito o que fez depois, porém. Saiu do carro, arrancou os pedaços da frente arrebentada com as mãos, voltou à cabine, ligou o motor e levou a bagaça toda esbugalhada até os boxes. A equipe levou meia hora para arrumar tudo e o devolveu à pista, com Gené ao volante.
Neste exato momento, aparece em 14° sete voltas atrás do e-tron que lidera. No ritmo em que está, precisa mirar apenas nos dois Lola da Rebellion, lindos, pretos e dourados. Estão 10s mais lentos que os DKWs a cada volta. Faltam 16h de corrida. Não vou fazer essa conta, mas no olhômetro da minha ampulheta mental, o ultra acaba passando, se nada de excepcional acontecer.
Pena o que sucedeu com os aliens coróllicos. Era para ter briga. Abaixo, videozinho da relargada com o sol se pondo atrás da roda gigante. Ouçam o zumbido dos Audi. Eu prefiro barulho de doer o ouvido, mas esse sussurro é assustador, parece filme de terror para quem está na frente. Os monstrengos prateados dão medo. Assim como o Toyotão que está fora de combate dava também, com seu rugido grave e seus faróis piscando loucamente. Já o Deltinha fofucho parou de vez. Já conto como.
