Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

IS JUST WAITING (4)

LE MANS (loucos) – Bonjour, macacade. Chuva e frio nesta manhã por aqui. A corrida deve começar com pista molhada, o que não acontece desde 1992. O warm up já foi, com muita água, e a Audi ficou na frente, com um ultra (Loic Duval, 4min03s933). INACREDITÁVEIS os carros, todos. Os Protótipos, claro. Os GT […]

LE MANS (loucos)Bonjour, macacade. Chuva e frio nesta manhã por aqui. A corrida deve começar com pista molhada, o que não acontece desde 1992. O warm up já foi, com muita água, e a Audi ficou na frente, com um ultra (Loic Duval, 4min03s933). INACREDITÁVEIS os carros, todos. Os Protótipos, claro. Os GT são meio metidos a besta, carros caros e rápidos, bonitos e tal, mas diante dos outros, servem mesmo só para encher o grid e atrapalhar os mais rápidos. E olha que adoro carro de verdade correndo.

É que os Protótipos… Putaquelamerda. Eu já tinha visto alguns desse naipe em Interlagos nas Mil Milhas de 2005 ou 2006, quando o Hermann tentou transformar a prova brasileira em algo importante e internacional. Deu tudo errado, exceto a corrida, que foi ótima, com os Peugeot dando um espetáculo de velocidade e competência. Nunca mais votaram para correr para arquibancadas vazias e indiferentes.

Mas aqui é de doer. Os Audi passam assobiando feito raios. Os Toyota são mais barulhentos, mas curiosamente assustadores. A equipe parece formada por alienígenas silenciosos prestes a invadir o planeta. Tenho a impressão que os quatrargólicos estão preocupados com o que podem fazer os Corollões. No fim do warm up, um dos prateados saiu atrás de um dos japas e ficou ali, marcando, uma volta inteira. Aí passou. E o Toyotão foi atrás. Era a última volta do treino. Quando acaba, uma fileira de quatro bandeirinhas, o mais novo de uns 90 anos, vai para o meio da pista antes da última chicane para indicar que todos devem entrar nos boxes, não tem essa de receber a bandeirada e percorrer mais 13.629 metros de pista. Todo mundo tira o pé e recolhe.

Os dois, porém, apontaram na reta, antes da chicane, feitos alucinados que estivessem disputando a última corrida de todos os tempos.

Nenhum deles (não sei quem estava guiando, é duro ver os capacetes dentro desses carros) tirou o pé. Foram para os boxes, é verdade. A mais ou menos 500 km/h. Se acertam um bandeirinha daqueles (tinha uma tiazinha também), mandam o infeliz a Paul Ricard sem escalas.

Aí, a surpresa. Eu não sabia que estava marcada uma corrida de clássicos, 45 minutos, que eles chamam de Grupo C, provavelmente de “classics”. Putaquelamerda de novo! Sauber-Mercedes, Lancia-Martini, Jaguares, Porsches 962, Nissans… São 31 carros. O mais velho, 1983. O mais novo, 1991. O cara que fez a pole, Gareth Evans, com o Sauber-Mercedes #62, marcou 3min44s333. Com esse tempo, largaria em 31° hoje! No meio do pelotão, pouco mais de 20s menos veloz que o e-tron da pole. Com um carro de 21 anos atrás!

E aí, com chuva e tudo, largaram. Num pau do cacete. Na primeira volta, um porrão colossal. Mike Donovan, com um Spice SE88, e Alain Schlesinger, com um Tiga GC287, se atracaram na Mulsanne e destruíram seus carros. Uns doidos. Mas eles colocam os clássicos para andar de verdade, sem medo de passar dos 250, 280 km/h. Muito respeito, pois. Para se ter uma ideia, Derek Bell (vencedor em 1975, 1981, 1982, 1986 e 1987) está andando, num Porsche 962.

Relargaram agora. Vou lá ver.