Blog do Flavio Gomes
F-1

AL DENTE (2)

SÃO PAULO (vai apertar) – Quando o azar vem, vem de baciada. É um velho ditado lituano. Alonso quase teve a cabeça arrancada por Grosjean na Bélgica. Em Monza, ontem, teve problema de motor, câmbio, freio, faróis, má sintonia de FM, carburador, bobinas, platinados, condensadores, biela e, na hora do almoço, a pasta veio grudenta […]

SÃO PAULO (vai apertar) – Quando o azar vem, vem de baciada. É um velho ditado lituano. Alonso quase teve a cabeça arrancada por Grosjean na Bélgica. Em Monza, ontem, teve problema de motor, câmbio, freio, faróis, má sintonia de FM, carburador, bobinas, platinados, condensadores, biela e, na hora do almoço, a pasta veio grudenta e o expresso sem espuminha. Hoje, quebrou uma barra estabilizadora.

Resultado: décimo pro espanhol no grid. A primeira parte do plano, marcar Vettel de perto, já deu errado. O alemão vai largar em sexto.

Mas não é com ele que o ferrarista tem de se preocupar daqui até o fim da temporada. É com a McLaren, que voltou a ser dominante, como nas primeiras corridas do ano — período mal aproveitado, diga-se. Hamilton fez a pole de novo. Quarta no ano, terceira seguida da McLaren, 23ª de sua carreira. Com mais uma, empata com Piquet e entra nas dez mais da Bandeirantes.

Pelo andar da carruagem, a Red Bull ameaça menos que a McLaren. A equipe tem tido um desempenho muito irregular neste ano. Webber, por exemplo, fez o 11° tempo e nem passou para o Q3. E ninguém ficou boquiaberto por isso. Para Fernandinho, o negócio amanhã é marcar alguns pontos e voltar para casa com o rabinho entre as pernas. Não é seu fim de semana.

Mas ele pode reagir, claro. A Ferrari não está exatamente mal em Monza. Ao contrário. O carro é rápido, como mostrou o próprio Alonso nos treinos livres e como comprovou Massa na classificação: terceiro no grid, sua melhor posição desde o GP do Canadá do ano passado, onde também largou na posição ímpar da segunda fila (o que a gente não faz para não repetir palavras numa frase…). Portanto, para El Fodón de Las Asturias, a chave é fugir de confusão na primeira volta e deixar a vida levá-lo.

O sábado de sol e calor em Monza fez a primeira vítima no Q1. O pobre Hülkenberg, bem na semana em que foi escalado para a Ferrari e para a McLaren para 2013, teve problemas na bomba de gasolina e larga em último. Foi ótimo para todos, já que as outras seis vagas da degola, quase sempre nessa ordem, pertencem aos dois caterhânicos, aos dois marússicos e aos dois hispânicos. Alonso foi o mais rápido na abertura dos trabalhos com uma excelente volta em 1min24s175, que lhe daria o terceiro lugar no grid se fosse obtida no Q3. Como é a natureza, diria aquele lá.

No Q2, Tião alemão passou raspando e o supracitado Canguru Desolado ficou. Como ficaram Maldanado (que de 12° cairá para 22° pelas punições de Spa), Chapolin, Senninha, Ricardão, Ambrosina (fez a dele, não se pode esperar milagre em estreia) e Verme. Mais ou menos tudo normal, com alguns traços de equilíbrio. Alonso foi o melhor de novo, estava todo animadinho, e dele até o décimo, Raikkonen, a diferença foi de apenas 0s5. Para Bruno, o 14°, 0s8. Como é a natureza, concordaria o outro acolá.

E no Q3, quando a porca torce o rabo e a onça bebe água, Alonso começou mal e teve algum problema na primeira tentativa. Foi para uma segunda volta com o mesmo pneu, mas abortou. Algo estava errado no seu carro. Aí Hamilton cravou 1min24s010 para ninguém chegar perto. Pole garantida. Resta Um, Massacrado e Bonittão se alternaram no segundo lugar, que terminou com o inglês. O escocês forceíndico fez um ótimo sábado, quarto tempo, mas cai para nono porque trocou o câmbio.

Ao fim e ao cabo, primeira fila da McLaren, Felipe e Matusalém na segunda, Tião em quinto no grid ao lado de Rosberguinho, Raikkonen em sétimo, Koba-Mito em oitavo, e, na quinta fila, Di Resta e Alonso, que ficou a 1s668 da pole. A pé seria mais rápido.

Ano passado, Vettel venceu com duas paradas. A Pirelli acha que dá para fazer só uma amanhã, e acho que será a escolha da maioria. Largar na pole em Monza tem sido ótimo de uns tempos para cá. Nas últimas 12 edições do GP itálico, nove vencedores saíram da posição de honra do grid (o que a gente não faz para não repetir palavra em frases próximas…). Não que seja difícil passar. É bico, até, com enormes retas, vácuo, asa móvel, KERS, vento de través e algumas orações. Mas é que numa pista sem grandes segredos ou necessidade de acertos mirabolantes, aquele que anda mais rápido no sábado, em geral, vai ser o mais rápido do domingo também em condição de corrida. Parece o óbvio ululante, mas não é. Em certos circuitos, nem sempre o carro mais rápido do sábado é o mais eficiente do domingo. Em Monza, é.

O mais provável amanhã é que a temporada europeia se encerre com Alonso mais pressionado na classificação, tanto por Vettel quanto por Hamilton. E ainda teremos sete provas pela frente. Fernandito tem um monte de franco-atiradores em seu encalço. Muita calma nessa hora deve ser o mote da Ferrari. Alonso disse que a pole “estava fácil”, não fosse o problema que teve. Está confiante para a corrida. Veremos.