Blog do Flavio Gomes
F-1

SUZUKETES (1)

LONDRINA (ô horário…) – Um primeiro dia normal em Suzuka, exceto pelo calor. Incrível. Todo ano tem jornalista que vai para lá e vê em algum uéder-xénel da vida que “pode passar um tufão, ou uma tempestade”, e coloca isso no jornal como se fosse algo alarmante e preocupante. Hoje: sol, 27 graus, um calor […]

LONDRINA (ô horário…) – Um primeiro dia normal em Suzuka, exceto pelo calor. Incrível. Todo ano tem jornalista que vai para lá e vê em algum uéder-xénel da vida que “pode passar um tufão, ou uma tempestade”, e coloca isso no jornal como se fosse algo alarmante e preocupante.

Hoje: sol, 27 graus, um calor senegalesco, 40 graus no asfalto. O que tem de repórter fazendo turismo por aí é uma grandeza.

Eu peguei tufão de verdade no Japão alguns anos atrás e foi uma decepção. Não voou uma lata de lixo. Assim como um terremoto mequetrefe que não chegou a chacoalhar o café dentro do copo. Mas não brinco mais com essas coisas, depois do tsunami do ano passado e da maior tragédia recente pela qual passou um país — ao lado do terremoto do Haiti.

Ao treino. A McLaren começou bem, mas quem fechou o dia na frente foi Webber, o Canguru Desolado, que descreveu Suzuka com precisão: “É uma pista intocada, um clássico”. É isso aí. Com tanto circuito artificial que parece maquete de isopor na F-1, Suzuka é um alento, o que resta de vida real. “Uma pista tão legal que quando a gente sai dos boxes para dar algumas voltas, não dá vontade de parar”, como falou Tião Alemão. O reserva finlandês da Williams, chamado por Victor Martins de “Gato de Bottas”, declarou que descobriu sua pista favorita — ele nunca tinha guiado em Suzuka, circuito projetado por um alemão muito melhor que o mala do Tilke para ser pista de testes da Honda nos anos 60.

Teve um acidente de Schumacher no segundo treino. Dizem que ele tentou dar uma panca forte para pedir seguro-desemprego, ou para ser mandado embora sem justa causa para poder sacar o FGTS. Considero maldade de seus detratores. E Rosberguinho trocou o motor (ainda dentro do limite de trocas, por isso não haverá punição) porque o que ele estava usando bateu quase nos 2 mil km de uso. “A vida útil dele chegou ao fim”, explicou Norbert Haug, o Leão-Marinho, o que me fez pensar: 2 mil km de vida útil? Putz. Se um motor de qualquer carro meu chega a 2 mil km e a revenda diz que tem de trocar, eu taco fogo na revenda com todo mundo dentro.

Bom lembrar que Bonitton perderá cinco posições no grid por troca de câmbio e Schumacher, o Matusalém, dez pelo acidente com Verme em Cingapura.

O calor suzukiano fez com que todos se preocupassem bastante com o desgaste de pneus. A Pirelli levou macios e duros para o GP do Japão, pulando um degrau na escala de dureza/maciez. Ano passado, Bonitton venceu com três paradas e a corrida teve 64 pit stops. Foi uma das mais agitadas da temporada nos boxes. A corrida não foi espetacular, mas ainda assim teve muitas ultrapassagens: 45 “normais” e 16 com o uso da asa-móvel. Largar na pole não é fundamental em Suzuka, mas tem sido bom, recentemente. Nos últimos dez GPs nessa pista, sete venceram a partir da primeira posição no grid. Raikkonen, em 2005, numa corrida excepcional, foi quem ganhou largando mais de longe. Era o 17° no grid. A McLaren sempre anda bem em Suzuka.

Em 2011, com o terceiro lugar, Vettel conquistou o título por antecipação na terra do sol nascente. Neste ano, não sai campeão no Japão. O que deve sair, pela discrição da Ferrari os primeiros treinos, é um vice-líder mais perto do líder. Alonso tem reclamado aqui e ali do desempenho de seu carro, que estancou. Falou que só será campeão “por milagre”. A sorte de El Fodón de las Astúrias é que ainda tem uma gordurinha para queimar. E que Hamilton, aquele que teria mais possibilidades de ameaçá-lo, ficou para trás e já pediu as contas em Woking.

Mas se Tiãozinho Alemão se animar e começar a chegar perto demais, é bom o espanhol se coçar.