Blog do Flavio Gomes
F-1

TRI IN SAMPA (17)

SÃO PAULO (chovendo fraco, 22 graus) – Interlagos é muito esquisito, e por isso é legal. A classificação começou com 23 graus medidos pelo Celso, 25 no asfalto e uma chuva acionada por Bernie Ecclestone (que tem uma valise cheia de botões, e num deles está escrito “rain”) minutos antes da luz verde. Acabou com […]

SÃO PAULO (chovendo fraco, 22 graus) – Interlagos é muito esquisito, e por isso é legal. A classificação começou com 23 graus medidos pelo Celso, 25 no asfalto e uma chuva acionada por Bernie Ecclestone (que tem uma valise cheia de botões, e num deles está escrito “rain”) minutos antes da luz verde. Acabou com sol, 26 graus, 36 na pista sequinha, sequinha.

Por isso o Q1 foi bacana, quase uma minicorrida, com todos os 24 carros na pista sumultaneamente andando sem parar, sabedores que são de uma característica muito particular deste circuito: ele seca rapidamente.

Assim, as voltas que começaram a ser fechadas em 1min24s despencaram de forma drástica e veloz. Os grandões esperaram os dez minutos finais para ir à pista, quando a situação asfáltica era mais amigável, e foi aí que o público pôde ver todo mundo andando ao mesmo tempo, com ultrapassagens, dedos do meio e burradas homéricas — Grojã teve a manha de acertar a traseira de Dom Pedrito das Rosinhas na reta dos boxes; se se enroscam de verdade ali, ficam os dois espetados na quina da entrada do pit lane e seria difícil retirar os corpos.

No fim das contas dançaram os de sempre, os seis nanicos, mais o francês da Lotus, 18°. Hamilton fez o melhor tempo, 1min15s075. Maldanado tomou um sustinho, mas no fim deu tudo certo para o resto.

No Q2 a pista já estava totalmente seca e Hamilton socou a bucha, 1min13s398. Mas Fêtel deu o troco, 1min13s209. O drama ficou por conta de Massa. A um minuto do final, ele estava em 12°. Fez uma voltinha no laço em 1min14s048 e bateu na trave: décimo. Dançaram Resta Um, Senninha, Serjito, Matusalém, Koba-Mito, Ricardão e Verme. Tudo normal, pois.

Já com o sol brilhando, no Q3, Comandante Hamilton fez 1min12s850 na sua primeira tentativa, o que deixou todo mundo boquiaberto. El Desanimadón, Massacrado e o desolado marsupial viraram todos em 1min13s, até que Bonitton entrou na mesma casa da dúzia de segundos, 1min12s980. Tião Alemão fez uma volta de merda, passou em cima da faixa de carpete verde no Lago e fechou em 1min13s903, sexto lugar.

A segunda rodada de voltas rápidas aconteceu no talo, com o cronômetro quase zerado e Webber, do alto de seu desencanto, encaixou uma volta perfeita. Sim, perfeita, digo isso porque fez o mesmo traçado que o Meianov quando virei 2min14s. Parecia eu guiando, para dizer a verdade. E cravou 1min12s581.

Mas não foi o bastante. Comandante Hamilton foi à luta e fez 1min12s458. E Giênçãn virou 1min12s513, colocando a McLaren na ponta do grid. Foi a 26ª pole do rapaz, sétima no ano. Ah, como vão sentir falta dele… Gozado é que Lúis nunca liderou uma volta sequer em Interlagos. Se tudo correr dentro da normalidade amanhã, pelo menos a primeira ele fecha na frente.

Webber ficou em terceiro, na frente de Fêtel. Que anda meio tenso, sei lá por quê. Só porque está decidindo o campeonato? Isso lá é motivo? Massa ficou em quinto, fez uma bela volta no Q3 e, de novo, se classificou na frente do companheiro. Maldanado era o sexto, mas sifu. Não parou para a pesagem, e perdeu cinco posições no grid. Como foi a terceira reprimenda, mais cinco. Larga em 16°. O incrível Hulk herdou o posto, Alonsito subiu para sétimo, Kimi, o Tagarela, foi para oitavo e Rosberguinho ficou em nono. Senninha, que nunca vai bem em classificação, fizera o 12° tempo e larga em 11°.

Atrás de Vettel no grid, Alonso tem chances remotas de ganhar o campeonato. Se o alemão fizer uma corrida standard, sem grandes estripulias, chega entre os quatro primeiros facilmente. Hamilton é o grande favorito à vitória. A McLaren termina o ano melhor que todo mundo. Ano esquisito, que começou com sete vencedores diferentes em sete corridas, teve um bom momento da Ferrari na abertura da temporada europeia, McLaren forte pouco antes e logo depois das férias, Red Bull voando na Ásia e McLaren de novo no fim da feira.

Mas se chover, como garante a infalível e elegante Laura Ferreira da rádio, com sua voz firme e muitas vezes severa, aí não dá para arriscar nada. Não que Vettel e Alonso sejam bons ou ruins no molhado, um melhor que o outro, ou o carro de um seja uma droga e o do outro perfeito na água, nada disso. É que na chuva todo mundo está sujeito a fatores que estão fora do controle. Uma barbeiragem de um, uma rodada de outro, um safety-car, uma aquaplanagem, um spray, uma gripe, um espirro, uma escorregada, uma poça no meio do caminho. Tudo pode acontecer, como se diz. Pode não acontecer nada, também, mas é raro.

Sendo assim, esperemos pela chuva. Para ver se acontece algo.