Blog do Flavio Gomes
F-1

RAZIA LÁ

SÃO PAULO (Bahia também) – Luiz Razia, vice-campeão da GP2, baiano arretado, fechou com a Marussia e será companheiro de Max Chilton na única dupla 100% estreante de 2013. Pelas contas do amigo Rodrigo Mattar, será o 30° brasileiro a largar em um GP na história. A equipe não é novidade para ele. Em 2010, […]

razialaSÃO PAULO (Bahia também) – Luiz Razia, vice-campeão da GP2, baiano arretado, fechou com a Marussia e será companheiro de Max Chilton na única dupla 100% estreante de 2013. Pelas contas do amigo Rodrigo Mattar, será o 30° brasileiro a largar em um GP na história. A equipe não é novidade para ele. Em 2010, quando estreou como Virgin, o time o tinha em seus quadros como piloto-reserva (foto). Depois, Razia vestiu uniforme da Lotus verde, também, e chegou a participar de treinos livres em fim de semana de GP na China e no Brasil, em 2011. No ano passado, participou dos testes de novatos pela Force India e pela Toro Rosso.

Campeão sul-americano de F-3 em 2006, há sete anos Razia exerce intensa atividade em categorias internacionais, como A1GP, F-3000, World Series e GP2. Sua melhor temporada, sem dúvida, foi a passada com o vice na série que antecede a F-1. Perdeu o título para Davide Valsecchi no final, mas foi ao pódio nove vezes e venceu quatro corridas.

Jovem, 23 anos, tem, portanto, uma boa experiência e um currículo bastante aceitável. É simpático, sorridente, bom de mídia e de microfone (fez várias participações em programas da Globo no ano passado, especialmente). Passei a prestar mais atenção no rapaz quando, em outubro de 2006, por conta própria, colocou um adesivo do meu site, o Grande Prêmio, em seu carro de F-3. Achei muito simpático. Tem a foto aqui. Não havia interesse algum envolvido. Ele, apenas, sempre foi leitor do site, fã da gente, essas coisas. Quando fechou com a Virgin, no fim de 2009, até brinquei que estávamos, finalmente, colocando nosso primeiro piloto na F-1.

O que sempre me intrigou nessa trajetória de Razia foi a ausência de patrocinadores pessoais. Tudo indica que os degraus foram sendo vencidos graças à fortuna de sua família. Não sei avaliar com precisão quanto foi gasto até chegar à F-1, mas não é segredo para ninguém que nas categorias menores, com raríssimas exceções, só se corre pagando. Esses treinos pela Force India e pela Toro Rosso, igualmente, não devem ter sido baratos. Em geral, os pilotos jovens obtêm suas vagas com patrocínios. As equipes vivem disso no mundo inteiro. No caso de Razia, nunca houve envolvimento de empresa alguma.

Esse cockpit deixado vago por Timo Glock na Marussia tem valor estimado em US$ 10 milhões. Um pouco mais, um pouco menos. Estamos tentando levantar, no Grande Prêmio, se há patrocinadores brasileiros que vão ajudá-lo. A própria assessoria do piloto se disse surpreendida hoje quando a informação foi veiculada pela primeira vez, na Sportv, e não soube nos informar.

Cumpre lembrar, porque é informação de domínio e interesse público, que a mãe de Razia, Ana Elizabete Vieira Santos, foi detida em dezembro de 2011 na operação Terra do Nunca da Polícia Federal, que investiga esquema de grilagem de terras em São Desidério, cidade próxima a Barreiras, no oeste da Bahia, onde ela era tabeliã. O caso ainda está na Justiça. Ela já havia sido condenada, segundo este link do Terra aí em cima, a mais de oito anos de prisão por falsificação do livro de protocolo de seu cartório.

Não sei de onde vem o dinheiro para a vaga de Razia na Marussia. Tomara que seja de grandes patrocinadores dispostos a apostar na carreira de um garoto que é rápido e obstinado nas pistas.