Blog do Flavio Gomes
Brasil

GÊNIO DA BAHIA

SÃO PAULO (saudades dele) – Conheci Raul Moreira nos anos 90. Ele vivia na Itália e cobria Fórmula 1 para alguns jornais e rádios do Brasil. Quando montei minha agência “Warm Up”, que fazia a cobertura do Mundial para 55 jornais brasileiros, dediquei a ele a primeira coluna daquela nova fase da minha carreira, pós-“Folha”. […]

SÃO PAULO (saudades dele) – Conheci Raul Moreira nos anos 90. Ele vivia na Itália e cobria Fórmula 1 para alguns jornais e rádios do Brasil. Quando montei minha agência “Warm Up”, que fazia a cobertura do Mundial para 55 jornais brasileiros, dediquei a ele a primeira coluna daquela nova fase da minha carreira, pós-“Folha”. Imagino que meus novos parceiros devem ter me achado meio louco. “O Baiano” era o título do primeiro texto enviado a eles, que deveria tratar de carros e pilotos…

Posso afirmar que em sei lá quantos anos viajando e convivendo com jornalistas do mundo inteiro, nunca houve alguém como Raul Moreira na F-1. Um cara que nada tinha a ver com aquele mundo, e por isso mesmo sempre foi desconcertante na convivência com seus personagens. Culto, poliglota, libertário, viveu nos autódromos por algum tempo e, obviamente, se mandou quando percebeu que nada mais havia a descobrir por ali e foi fazer outras coisas na vida.

Raul voltou ao Brasil alguns anos atrás e passou a trabalhar com vídeo e cinema na Bahia. Neste Carnaval, fez uma série de cinco programetes para a TVE da Bahia na pele de Charles Molina, o personagem que criou — uma “celebridade” que passou a semana frequentando os camarotes de Salvador sem ter sido convidado para nenhum. Seu desafio era esse: um programa de cinco minutos por dia, durante cinco dias, para mostrar uma face da festa que não é conhecida por quem acompanha tudo pela TV — num formato plastificado e revestido de uma beleza que há anos, eu arriscaria dizer que há uns 15, pelo menos, é artificial, segregacionista e totalmente descolado daquilo que foi, um dia, o verdadeiro Carnaval de rua baiano.

O resultado está aí em cima (na página do primeiro episódio estão os links para os demais). Ver o Raul como ator-cineasta-videomaker e lembrar dele entrevistando pilotos e tentando entender o sentido daquela coisa totalmente despida de razão que é a F-1 me fez ter um orgulho danado do cabra.

Toca Raul. Grande Raul.