Blog do Flavio Gomes
DKW & cia.

JUBILEU DE PRATA

SÃO PAULO (um garotinho, ainda) – Será que já contei essa história? Em janeiro de 1988, quando trabalhava na “Folha”, recebemos um telex da assessoria de imprensa das Mil Milhas com informações sobre a corrida. Ali nos informavam que na preliminar iria acontecer uma prova com carros antigos promovida pelo Auto Union DKW Clube do […]

dkw4SÃO PAULO (um garotinho, ainda) – Será que já contei essa história?

Em janeiro de 1988, quando trabalhava na “Folha”, recebemos um telex da assessoria de imprensa das Mil Milhas com informações sobre a corrida. Ali nos informavam que na preliminar iria acontecer uma prova com carros antigos promovida pelo Auto Union DKW Clube do Brasil, que reunia colecionadores de DKW.

Procura aqui, procura ali, consegui o telefone do clube para ver se seria possível alguém me emprestar um carro para participar e fazer uma matéria. Eu não tinha muita noção do mundo dos colecionadores. Evidente que ninguém emprestaria, porque carro antigo não se empresta a desconhecidos, mas no fim das contas acabou não rolando nada porque poucos dias depois saí da “Folha” para trabalhar “em ‘Placar'”. Esqueci o assunto.

Mas só por alguns dias. Porque “em ‘Placar'” conheci Sérgio Berezovsky, fotógrafo da revista e atual diretor de Redação “de ‘Quatro Rodas'”, que era dono de dois DKWs. Dois DKWs! Eu já gostava do carrinho e alimentava um distante sonho de um dia comprar um. Mas aos 23 anos de idade, pensando em casar e tal, esse tipo de plano é coisa para um futuro que a gente nem sabe se vai chegar. Tinha duas miniaturas que ganhara de aniversário aos dez anos, fizera um solene juramento de que quando crescesse compraria os dois de verdade, mas não achava que cresceria tão rápido.

Bom, o fato é que o Berê tinha um preto com capota branca 1958 e um verde com capota branca 1962, e precisava vender um deles, porque não tinha onde guardar. Irresponsável, como sempre, peguei toda a grana que tinha recebido da rescisão da “Folha” e comprei o verde. Crise pré-casamento…

Isso aconteceu no dia 19 de fevereiro de 1988 e hoje me dei conta de que o Belcar está comigo há exatos 25 anos. Foi o primeiro da coleçãozinha e está do jeito que chegou, sem nunca ter precisado de uma reforma ou um banho de tinta. Do jeitinho que veio ao mundo há 51 anos.

Uma façanha diante de algumas maluquices, como fazer dele meu primeiro carro de corrida. A foto aí em cima é da minha estreia, ainda com para-choques e escapamento para trás, mas sem calotas. Foi no dia 28 de maio de 1988 e usei um macacão emprestado pelo Oswaldo Negri Jr. Tem foto aqui. Depois disso, meu manager Luiz Salomão passou a se encarregar do set up, jogando o escape para o lado, arrancando os para-choques nos boxes de Interlagos e subindo barbaramente a pressão dos Firestone Campeão Supremo.

Essas provas de clássicos pela pista antiga eram contra o relógio, nada de muito radical. Mas eram legais. Nesse dia aí, corri de tarde e, de noite, levei uma noiva amiga para casar. Sucesso total.

Um quarto de século com um carro. Tem gente que fica muito mais, claro. De qualquer forma, cheguei a um jubileu de prata.