Blog do Flavio Gomes
F-1

MONEY

SÃO PAULO (Meianov mais tarde) – Luiz Razia não treinou esta semana em Barcelona porque uma das empresas que ele diz que o apoiam não pagou o que deveria à Marussia. A informação é do indigitado Fábio Seixas, que conversou com o baiano, que por sua vez confirmou que sua ausência dos testes se deve […]

SÃO PAULO (Meianov mais tarde) – Luiz Razia não treinou esta semana em Barcelona porque uma das empresas que ele diz que o apoiam não pagou o que deveria à Marussia. A informação é do indigitado Fábio Seixas, que conversou com o baiano, que por sua vez confirmou que sua ausência dos testes se deve exatamente a isso: falta de pagamento. Estima-se que o valor da vaga na Marussia bata nos 10 milhões de dinheiros americanos.

Há muita coisa esquisita nessa história. Razia anunciou via Globo/Sportv que estava confirmado como titular na semana anterior ao início dos testes de Jerez, algo que a equipe só foi confirmar cinco dias depois, quando começaram os treinos na pista espanhola. Foi tudo meio às pressas, e a equipe publicou uma foto do piloto em seu site, essa aí embaixo.

Quando posou para a foto, Razia não tinha nem macacão da equipe. Não é preciso ser nenhuma Lisbeth Salander para notar que as inscrições “Cyber1 group”, “Filabé” e “22 LUIZ” foram inseridas na imagem digitalmente. O primeiro “2” do “22” está sobre o dedo do piloto.

Teoricamente, Cyber1 e Filabé seriam os patrocinadores pessoais de Razia. Afinal, tais marcas não aparecem no macacão de seu companheiro Max Chilton. Na verdade, não aparecem nem no macacão que Razia usou nos seus primeiros testes, que não tinha sequer seu nome bordado, como se nota na foto ao lado tirada no autódromo — e que está na página do Baiano, nosso Luiz Demétrio Furkim, cinegrafista da Globo que mora em Heidelberg e faz F-1 desde os tempos de Pintacuda.

Isso pode não ter significado algum. Apenas prova que a imagem do site no dia do anúncio foi alterada digitalmente. Talvez o acordo tenha sido fechado de última hora, talvez a bordadeira tenha tido enxaqueca, pode ter acontecido qualquer coisa. É apenas uma curiosidade que envolve as marcas de empresas que, teoricamente, apoiam Razia.

Essas também são meio intrigantes, conhecendo-se as necessidades financeiras da F-1.

Cyber1 group é uma empresa de informática bastante curiosa. Tem dois endereços, uma sala num prédio da avenida Paulista e uma casa na Vila Leopoldina. Por curiosidade, fui ao Google Maps para ver o endereço da Vila Leopoldina e aparece uma casa sem nenhum letreiro na porta. O que também não quer dizer nada, a imagem é de fevereiro de 2011 e a empresa pode ter se mudado para lá em março. Mas o curioso mesmo é ver a página de “certificados” no site da firma. Seus proprietários ostentam orgulhosamente aquelas comendas e prêmios que qualquer um no mundo empresarial sabe que são comercializados por vias meio tortuosas, como um diploma da gloriosa Academia Brasileira de Arte, Cultura e História  concedendo o título de “comendador” a um de seus dirigentes. Arte, cultura e história? Comendador? Para uma empresa de internet?

Pelo que conheço da vida, não é exatamente uma empresa com porte para estar num mundo tão caro e competitivo como a F-1. Mas vá lá. O dono pode ser amigo de Razia, ou um mecenas, ou sei lá o quê. Apenas acho estranho, não estou insinuando nada. Como acho estranho uma empresa se deixar levar por esses “certificados” e ostentá-los como se fossem o Prêmio Nobel. Vejam o belo diploma do Instituto Cultural da Fraternidade Universal recebido pelo Cyber1 group. Vejam o site do instituto, os brasões, a heráldica que faz parte do visual deste e da tal academia supracitada, essas coisas que lembram um certo universo tradicional, familiar e proprietário. Assim como a patrocinadora de Razia, outros expoentes da vida empresarial brasileira receberam comendas e láureas do instituto, como o Ilusionista Dimy e a Borges Poços Artesianos. E acho ainda mais esquisito uma empresa modesta, como parece ser a Cyber1, se aventurar na F-1, que não é brinquedo de criança.

Mas, de novo, é só estranheza.

Filabé, pelo que pude apurar, é um revolucionário lencinho para tirar maquiagem criado na Suíça. O site está aqui e explica tudo. Há investidores brasileiros envolvidos na importação dos lencinhos, que ao que parece vendem muito bem e são muito queridos pelas moças que se enchem de maquiagem por aí e quando chega de noite, passam horas removendo tudo.

A matriz fica em Schaffhausen, no número 41 da Schweizersbildstrasse. O Grande Irmão Google, quando solicitado a mostrar onde fica isso, nos leva ao estacionamento de uma loja de materiais de construção e artigos para o lar, o que também não quer dizer nada, uma vez que pela entrada lateral pode ser acessado o que parece ser um conjunto de escritórios onde, afinal, deve ficar a sede da empresa, que se chama Filag por lá.

Ao que tudo indica, porque Razia não deu nome aos comendadores, nem aos lencinhos, um dos dois não pagou o que deveria à Marussia, e é por isso que ele não treinou em Barcelona. O piloto espera que tudo se resolva na semana que vem. De todos que andaram na pré-temporada, o baiano é o que menos quilometragem acumulou a bordo de um carro.

Há quem acredite que se o dinheiro não pingar logo na conta marússica, Vitaly Petrov já mandou bordar seu macacão. Possivelmente com marcas de outras coisas, não de lencinhos demaquilantes, nem de empresas de informática dirigidas por comendadores.

ATUALIZANDO…

No site da Cyber1 group, a esclarecedora página de “certificados” foi tirada do ar e do menu principal. Alguém que estava de plantão no fim de semana teve de trabalhar, coitado. Ô, comendador, mostra os diplomas aí pra gente!

Gente esquisita, tá doido…