SÃO PAULO (desfecho esperado) – Não vou dizer que fiquei surpreso com a substituição de Luiz Razia por Jules Bianchi, anunciada há pouco pela Marussia. “O cheque voltou” tem sido a frase usada nos comentários nas redes sociais. Eu achava que seria Petrov a abiscoitar a vaga, e errei de novo. Mas Bianchi não é nenhum absurdo. Andou bastante nos treinos de sexta no ano passado e tem vínculo com a Ferrari, que pode passar a ser fornecedora dos marússicos no ano que vem, já que a Cosworth não vai fazer motores turbo 1.6.
Não fiquei surpreso porque a ausência do baiano na primeira bateria de testes de Barcelona indicava que havia alguma coisa errada. E como nada foi resolvido até o início dos treinos desta semana, ficou evidente que a grana não chegou.
É tudo muito nebuloso nessa trajetória de 25 dias de Razia como piloto titular de uma equipe de F-1. Patrocinadores inexpressivos inseridos por fotoxópi na foto oficial, investidores sem nome, equipe dizendo uma coisa, piloto dizendo outra… A Marussia itself (muito frutinha, usar termos em inglês) também não é lá um poço de transparência.
Bianchi está nos planos da Ferrari faz algum tempo e como é jovem, terá uma boa experiência como piloto de corrida, mesmo que andando num time condenado a ficar em último em todos os grids e em todas as provas. Tem um empresário forte, Nicolas Todt, e no fim das contas faz sentido colocá-lo para correr.
Desde 1978, pelas minhas contas, que o Brasil não começava uma temporada de F-1 com apenas um piloto. Naquele ano, foi Emerson na Copersucar a iniciar o campeonato. Piquet entrou depois. Temporada inteira com apenas um brasileiro correndo, pela última vez, foi a de 1971 com o mesmo Emerson.
Agora é esperar Razia falar. Estamos tentando contato, mas ainda não conseguimos. Sua carreira fica, obviamente, muito comprometida.