Blog do Flavio Gomes
Futebol

CAIU, LEVANTA (2)

SÃO PAULO (that’s life) – Combinamos tudo um dia antes. O amigo precisou mudar a escala de trabalho, os meninos prepararam o material da escola do dia seguinte porque voltaríamos tarde e eles iriam, claro, dormir no carro, a amiga teve de arrumar outra carona e se virou, e às cinco da tarde estávamos mergulhados […]

capivariarenaSÃO PAULO (that’s life) – Combinamos tudo um dia antes. O amigo precisou mudar a escala de trabalho, os meninos prepararam o material da escola do dia seguinte porque voltaríamos tarde e eles iriam, claro, dormir no carro, a amiga teve de arrumar outra carona e se virou, e às cinco da tarde estávamos mergulhados no trânsito da cidade para chegar à estrada, proa Capivari, nossa Yokohama, nosso Camp Nou, nossa Allianz Arena da vez.

(Parece que também tinha jogo de uma certa seleção mais ou menos no mesmo horário. Mas, sinceramente, não nos dizia respeito.)

Perdemos a entrada da estrada certa, pegamos outra, mas a direção era a mesma, todos os caminhos levam a Capivari. Trânsito pesado, alguma tensão pelo horário, fome aumentando, saímos da estrada maior para pegar a menor, Rodovia do Açúcar, disse o amigo, é por aqui mesmo.

Capivari, 22 km.

Não deve ser muito grande, a gente acha o estádio pela luz dos refletores, dito e feito, olha a luz lá. Entramos na cidade, proa Luz dos Refletores, praça, coreto, moço, onde fica o estádio? Vira às esquerda, depois às esquerda de novo, segundo farol às esquerda, vai em frente que chega, e chegamos. Moço, onde compra ingresso? Vira aqui às esquerda, depois às direita, tem um estacionamento no meio da rua, para o carro lá, às direita fica a bilheteria, bom jogo.

Entramos com cinco minutos de bola, e uma hora e meia depois estávamos de volta. Lembraremos desse jogo para toda a eternidade por dois eventos épicos: o anúncio do locutor do estádio solicitando a presença do dono do Palio placas FFO-9634 porque o carro estava com os vidros abertos; e a valente torcida local zangada com impedimento inexistente que valeu à linda e graciosa bandeirinha dos shorts curtos e do longo rabo-de-cavalo negro o coro de biscate, biscate.

Vidros abertos e biscate. Lembraremos desse jogo por causa desses vidros abertos e do coro de biscate, e também pelo filé à parmegiana com arroz e batata frita na cantina atrás da praça do coreto que dividimos em quatro, serve bem todo mundo, e nem pagamos porque o conhecido da outra mesa se lembrou de um jogo em Recife anos atrás, uma camaradagem qualquer, e nos ofereceu o jantar.

Uma foto, duas fotos, bate outra pra garantir, vamos para a estrada de novo, os meninos se ajeitam nas duas almofadas amarelas que lembrei de pegar porque é claro que capotariam na volta, a lua linda, a estrada agora vazia, passamos pelo ônibus do time, entramos na grande cidade já adormecida na madrugada fria, fim de mais um capítulo.

Voltamos, porque é assim mesmo: caiu, levanta, lembram?

Estamos de pé de novo e a vida segue, como sempre.

Foto de Marcos Ribolli, Globoesporte.com