(Parece que também tinha jogo de uma certa seleção mais ou menos no mesmo horário. Mas, sinceramente, não nos dizia respeito.)
Perdemos a entrada da estrada certa, pegamos outra, mas a direção era a mesma, todos os caminhos levam a Capivari. Trânsito pesado, alguma tensão pelo horário, fome aumentando, saímos da estrada maior para pegar a menor, Rodovia do Açúcar, disse o amigo, é por aqui mesmo.
Capivari, 22 km.
Não deve ser muito grande, a gente acha o estádio pela luz dos refletores, dito e feito, olha a luz lá. Entramos na cidade, proa Luz dos Refletores, praça, coreto, moço, onde fica o estádio? Vira às esquerda, depois às esquerda de novo, segundo farol às esquerda, vai em frente que chega, e chegamos. Moço, onde compra ingresso? Vira aqui às esquerda, depois às direita, tem um estacionamento no meio da rua, para o carro lá, às direita fica a bilheteria, bom jogo.
Entramos com cinco minutos de bola, e uma hora e meia depois estávamos de volta. Lembraremos desse jogo para toda a eternidade por dois eventos épicos: o anúncio do locutor do estádio solicitando a presença do dono do Palio placas FFO-9634 porque o carro estava com os vidros abertos; e a valente torcida local zangada com impedimento inexistente que valeu à linda e graciosa bandeirinha dos shorts curtos e do longo rabo-de-cavalo negro o coro de biscate, biscate.
Vidros abertos e biscate. Lembraremos desse jogo por causa desses vidros abertos e do coro de biscate, e também pelo filé à parmegiana com arroz e batata frita na cantina atrás da praça do coreto que dividimos em quatro, serve bem todo mundo, e nem pagamos porque o conhecido da outra mesa se lembrou de um jogo em Recife anos atrás, uma camaradagem qualquer, e nos ofereceu o jantar.
Uma foto, duas fotos, bate outra pra garantir, vamos para a estrada de novo, os meninos se ajeitam nas duas almofadas amarelas que lembrei de pegar porque é claro que capotariam na volta, a lua linda, a estrada agora vazia, passamos pelo ônibus do time, entramos na grande cidade já adormecida na madrugada fria, fim de mais um capítulo.
Voltamos, porque é assim mesmo: caiu, levanta, lembram?
Estamos de pé de novo e a vida segue, como sempre.