Blog do Flavio Gomes
F-1

TÔ CONFÚCIO (2)

SÃO PAULO (a maior glória não é ficar de pé, mas levantar-se cada vez que se cai, viu Webber?) – Podem dizer o que quiserem, que na F-1 de hoje só carro conta, que piloto não faz a menor diferença, aquelas coisas todas que todo mundo fala quando não tem nada para falar, as pessoas falam […]

toconfucio2SÃO PAULO (a maior glória não é ficar de pé, mas levantar-se cada vez que se cai, viu Webber?) – Podem dizer o que quiserem, que na F-1 de hoje só carro conta, que piloto não faz a menor diferença, aquelas coisas todas que todo mundo fala quando não tem nada para falar, as pessoas falam bobagens demais, todo mundo quer falar algo sobre qualquer coisa o tempo todo, é um porre.

O silêncio é de ouro.

Mas do que eu falava mesmo? Ah, da história de que piloto não tem importância, que os carros andam sozinhos e coisa e tal.

OK. Perguntem lá na Mercedes. É capaz de o Ross Brawn olhar na tua cara, abrir um sorriso e dizer: ah, muleke, lek, lek!

Hamilton fez a primeira pole dele pela nova equipe, a segunda na era moderna da Mercedes (as outras oito são da década de 50, sendo sete de Fangio). Com um temporal: 1min34s484.

Esse Q3, que decidiu a pole, tinha tudo para ser do grande c-três-pontinhos, mas não foi. Porque tinha tudo, menos pneus. Os macios aguentam uma volta e olhe lá. Assim, todos tinha guardado um único jogo novo para o fim da classificação. Os demais, àquela altura, já tinham sido consumidos até o talo nos treinos livres e nos dois primeiros Qs. Neste exato momento, estão sendo recolhidos para que não virem condomínio de mosquito da dengue.

Uma tentativa apenas para cada um, pois. E dois nem tentaram. Vettel saiu com os médios, numa clara aposta para o primeiro stint da corrida. Será ele o líder depois que os demais à sua frente, que partirão de macios, fizerem o primeiro pit stop — o que vai acontecer logo nas primeiras voltas. Tiãozinho aposta nessa estratégia, já que o carro não anda lá grande coisa na China. E na volta para fazer tempo o alemão ainda errou, não fechou o cronômetro e parte em nono. Bonitton fez a mesma coisa com a McLaren, calçou pneu médio, deu uma volta passeando e sai em oitavo. Em décimo, uma das surpresas do sábado chinês, o incrível Hulk, mas que também abriu mão de fazer tempo.

Dessa forma, o Q3 teve, na prática, sete pilotos disputando algo. Como um deles era uma surpresa ainda maior que Hulk, sem chance nenhuma de brigar na frente, sobraram seis. Estou falando de Ricardão, da Toro Rosso. Quando a McLaren passou o resultado do Q2 a Button pelo rádio, o inglês exclamou: “Ricciardo? Uau!”. Aí tem coisa. Esse Jenson nunca me enganou. O Ricardão dele larga em sétimo.

Dos seis que sobraram, todos tinham alguma possibilidade de lutar pela pole: duas Ferrari, duas Mercedes e duas Lotus. Entre os vermelhos, Massacrado vinha bem desde a sexta e El Fodón de las Astúrias fez o melhor tempo no terceiro treino livre. Nos prateados, a constância em todos os treinos indicava que algo de bom poderia acontecer. E entre os aurinegros, o tagarela Raikkonen é sempre uma boa aposta e Grojã poderia aprontar alguma.

No fim das contas, deu Lúis, com sobras e sem muita disputa. É a 27ª pole da carreira dele. Kimi ficou em segundo e Alonsito em terceiro, interrompendo a série de quatro derrotas para o companheiro em grids. Nico, o Sensível, terminou em quarto. Felipe foi o quinto e Grojã o sexto, e é isso.

Nas degolas, para registrar, dançaram no Q1 Sapattos, Guti-guti, Julinho, Chalton, Picas e Van der Ley. De novo o jovem Branquinho foi o melhor entre os nanicos. A Caterham está conseguindo tomar da Marussia. Uma lástima. Como lástima é o carro da Williams e também a ausência de Koba-Mito na Sauber. Gutiérrez ainda é cru.

O Q2 teve uma coisa engraçada. Webber ficou parado com cara de canguru desolado depois de um problema, segundo a Red Bull, de alimentação de combustível. Faltou gasolina, mesmo. Colocaram menos do que deveriam, cagaram. Nessa hora o Galvão fez sua melhor piada em 50 anos de TV, ao dizer que Vettel é quem tinha abastecido o carro do companheiro. Foi tão gozada que ele repetiu umas 15 vezes. E vai repetir de novo na transmissão da corrida. Mas foi boa, mesmo.

Sobrou ao australiano um 14° no grid (já mudou, leia abaixo*), atrás ainda dos dois carros forceíndicos, que decepcionaram, e de um da McLaren, de Pérez, o Chapolin Colorado. Ruinzinho, esse rapaz. Pelo menos nesses primeiros meses em equipe grande. Mas não o julguemos tão cedo. Pode ser que encaixe, sei lá. Por enquanto, está sendo una grande mierda. Maldanado e Verme fecharam o grupo dos que empacaram na segunda parte da classificação.

A corrida? Ah, a corrida… A corrida vai ser daquele jeito, 56 voltas, começo, meio e fim. Mas anotem aí. Vettel larga para um primeiro stint de umas 20 voltas com pneus médios. Os que estão à sua frente, exceção feita a Button, partem com macios para oito, nove voltas. Então ele assume a liderança e vê o que dá para fazer até seu pit stop. Vai deixar para usar os macios no final, com o carro mais leve. Apesar da estratégia, não é o favorito. A Red Bull está vivendo um pequeno inferno astral nesta semana e isso se reflete nas posições de largada de seus pilotos. Ecos da Malásia. Depois as coisas entram nos eixos de novo.

Favorito, mesmo, é Hamilton. O carro da Mercedes é bom e, em Xangai, tem se mostrado ainda melhor. Mas precisa ver se ele consegue administrar a borracha. Um que faz isso com competência é Raikkonen, o segundo na minha lista de candidatos à vitória. Já a Ferrari ainda não me parece capaz de ganhar corrida. Mas vai buscar um pódio, certamente, com Alonso. Massa, para se colocar na posição de brigar por um troféu, depende basicamente do que acontecer na largada. Se partir bem e conseguir se posicionar à frente do espanhol, tem chances. E a red Bull vem lá de trás como franca atiradora.

Começa às 4h. Durma antes, é melhor do que virar a madrugada. É o que fiz hoje, e funcionou. Mas agora vou dormir.

ATUALIZANDO…

* Como não sobrou uma gota de gasolina no tanque de Webber, ele foi excluído da classificação e larga dos boxes. A Red Bull teve problema semelhante em Abu Dhabi no ano passado com Vettel e virou a noite trocando a relação de marchas do carro do alemão para potencializar as ultrapassagens. Será que farão isso com Mark também?