Blog do Flavio Gomes
F-1

DE CATALUNYA (4)

SÃO PAULO (sem pressa, irmãos) – Vou começar do começo, malhando o Judas. Praga de quem não está gostando da situação, o microfone de Barrichello não funcionou no grid. Depois, cenas de pastelão. O repórter-babá (que é bom, diga-se) segurando o microfone e o aspirante a repórter segurando junto. Coisas básicas de TV. Nunca segure […]

decat003SÃO PAULO (sem pressa, irmãos) – Vou começar do começo, malhando o Judas. Praga de quem não está gostando da situação, o microfone de Barrichello não funcionou no grid. Depois, cenas de pastelão. O repórter-babá (que é bom, diga-se) segurando o microfone e o aspirante a repórter segurando junto.

Coisas básicas de TV. Nunca segure o microfone se tem alguém já segurando. Não dispute o microfone. Treino, preparo.

Entrevistas? Jean Todt: “Tutto bene?”. Foi a pergunta. Acabou. Treino, preparo. Saiba sempre o que perguntar. “Tutto bene?” não é pergunta.

Técnica. “Esse aqui é o aspirador que a equipe usa pra resfriar os freios.” O cara coloca nas entradas de ar laterais. E é um ventilador. Falta vocabulário. Treino, preparo.

Pau dado, vamos à corrida, que é mais importante.

El Fodón de las Astúrias agora é isolado o quarto piloto com mais vitórias na história, 32. Desempatou de Mansell. Foi sua segunda em GP da Espanha, terceira no país. Venceu em Valência no ano passado. Em Barcelona, em 2006 com a Renault.

É um pilotaço, que fez ultrapassagens no início soberbas e, depois, estabeleceu Raikkonen como alvo, já que o finlandês iria parar uma vez a menos nos boxes. “Só” três pit stops. É coisa pacas, mas o jeito, para quem não lida tão bem com a borracha, era fazer quatro.

Monitorou Kimi, passou a Lotus na pista, foi, viu e venceu. Considerando o fato de que a Red Bull não tem aquele carro outrora imbatível, que a Lotus possui limitações, que a McLaren morreu e que a Mercedes é leoa de treino, temos um favorito ao título.

A corrida de Massa ajuda a reforçar a tese. Melhor dele em muito tempo, com uma primeira volta primorosa e sem perder o contato com a turma da frente nunca. Pódio merecidíssimo e de enorme valor, já que largou em nono. Palmas para ele. De verdade. Foi o Massa de outros tempos.

Kimi em segundo cumpriu seu script. Não tem carro para vencer sempre. Mesmo com uma parada a menos, chegou atrás de um caro só. Falta um tiquinho de velocidade. O quarto e o quinto dos rubrotaurinos me surpreenderam. Esperava mais de Vettel. Vitória, para dizer o mínimo. Foi discreto. De certa forma, a corrida de Webber foi mais impressionante, porque teve de recuperar bastante terreno depois de uma largada novamente desastrosa.

Foi a primeira vez que alguém venceu em Barcelona sem ter largado nas duas primeiras filas. Mas deve-se relativizar isso. Mercedes na primeira fila é como se não houvesse. Os dois carros perdem rendimento miseravelmente em ritmo de corrida e é incrível como sua suspensão engenhosa não colabora. Engenhosa porque mantém o carro a uma altura homogênea do solo, otimizando, obviamente, os fluxos de ar. Mas come borracha como ela só. Algo para os engenheiros tentarem entender. Hamilton nem nos pontos chegou. Rosberguinho foi o sexto.

A McLaren conseguiu colocar os dois nos pontos, o que a esta altura do campeonato é quase um milagre. Button fez uma corrida excelente, dentro de suas possibilidades. Estava em 17° na primeira volta e chegou em oitavo, dois segundos à frente de Pérez que, evidentemente, nem ameaçou uma disputa. O inglês parou três vezes. O mexicano, quatro. Di Resta fez a dele, na média da Force India: sétimo. E Ricciardo arrancou o pontinho nanico do dia.

Legal ver Alonso com a bandeira da Espanha. A FIA chegou a chamá-lo à torre para dar uma dura, mas foi apenas para carimbar “somos ridículos”.

Na classificação do campeonato, Vettel lidera com 89, seguido de pertíssimo por Raikkonen, 85. Alonso tem 72, Hamilton marcou 50 e Massa anotou 45. Próxima parada, Monte Carlo.

E viva a Lusa, campeã de novo.