Blog do Flavio Gomes
F-1

VÊ SE EU TÔ NA ESQUINA (2)

SÃO PAULO (aqui, um horroroso P30) – Gosto de assistir aos treinos da F-1 em Interlagos. Quando estou em Interlagos, digo. Nossa Telefunken de 14 polegadas se presta muitíssimo bem ao papel. Precisamos apressar o Ernesto no briefing, que parecia ter engolido uma vitrola, e deu tempo de ver tudo. (O Meianov não foi lá […]

bolsamonaco002SÃO PAULO (aqui, um horroroso P30) – Gosto de assistir aos treinos da F-1 em Interlagos. Quando estou em Interlagos, digo. Nossa Telefunken de 14 polegadas se presta muitíssimo bem ao papel. Precisamos apressar o Ernesto no briefing, que parecia ter engolido uma vitrola, e deu tempo de ver tudo.

(O Meianov não foi lá grande coisa no treino nosso aqui. P30 num grid de 36 carros com o medíocre tempo de 2min16s629, sem desculpas. Pole do Cirello, de Puma: 1min59s661. Na minha categoria tem sete carros e estou em sétimo, o que dá bem a medida de como fui mal. Mas tudo bem. Podia ser pior. Eu podia, por exemplo, ter batido no treino livre e ficado sem carro para a classificação.)

Massa bateu no treino livre e ficou sem carro para a classificação. Ainda não sei os motivos da panca na freada para a Sainte-Dévote. Foi reto e arrebentou tudo. Não deu tempo para a Ferrari consertar o estrago e o brasileiro vai largar dos boxes. Outro que ficou sem tempo no Q1 foi Petit Jules Blanche, com o motor defumando o público. Explicações mais tarde lá no Grande Prêmio. Vi e revi o acidente de Felipe e confesso que ainda não entendi direito o que aconteceu. Parece que ele freou bem na ondulação e as rodas travaram. Mas daqui a pouco ele conta.

Choveu, garoou, o tempo virou, ficou feio e cinzento, e foi assim, com pista molhada, que o Q1 começou. Todos de intermediários, tráfego, aquela desgraceira tradicional. Tempos lá em cima, 1min25s, 1min24s, 1min23s. Foi nessa casa de 1min23s que Maldonado fechou a primeira parte da classificação em primeiro. Juntaram-se a Massa e Bianchi, na degola, Chaton, Guti-Guti, Pica e Resta Um. Este, a decepção. Afinal, corre de Force India, que é forte e vem lá das Índias. A surpresa foi a Caterham de Van Der Ley passar ao Q2. Festa total nos boxes da nanica verde.

No Q2, a pista começou a secar. Mas ainda não o bastante para que a pilotaiada colocasse slicks. Isso só foi acontecer quando faltavam pouco mais de três minutos para o final da sessão. Webber, o desolado marsupial, foi o primeiro a vestir seu carro com os supermacios. Aí tivemos os minutos mais frenéticos da temporada em classificação, porque os tempos começaram a despencar barbaramente, obviamente, logicamente. Quem bobeasse naqueles três minutos finais correria o risco de ficar fora do Q3, o que em Mônaco é meio desastroso.

E da turma que frequenta a ponta, só Grojã bobeou. Ficou histérico no rádio, gritando que Hülkenberg o bloqueou na Sainte-Dévote, no Cassino, na Mirabeau, na Loews, na entrada do Túnel, na Tacabaria, no restaurante, na piscina, no vestiário e na fila do quilo. Dançou, neném. Pela ordem, a partir do 11°, ficaram o incrível bloqueador Hulk, Ricardão, o supracitado Grojã, Sapattos, Van Der Ley (15°, melhor posição da história da Caterham; me lembrou Moreno com a Andrea Moda) e Maldanado.

O Q3 foi menos frenético, mas disputado. A pista secara o suficiente e todos foram dar suas voltas pelo Principado com pneus supermacios ultramelequentos. Era possível fazer uma série de três ou quatro com o mesmo joguinho. A Red Bull chegou a ameaçar o favoritismo da Mercedes, mas no fim das contas, com uma voltaça em 1min13s876, Rosberguinho cravou sua terceira pole seguida e quarta na carreira.

No cockpit, ainda, Nico comemorou com uma coreografia que aprendeu com o pessoal do Village People. Estava alegre de verdade. Hamilton, com 1min13s967, ficou em segundo. Tião Alemão e Canguru formam a segunda fila rubrotaurina. Em quinto, o falante Raikkonen, ao lado do não muito fodón, ao menos hoje, Alonso. Em sétimo ficou Pérez, seguido por Sutil, Bonitton e Verme, que acabou sendo outra interessante surpresa do dia, com seu capacete que homenageia Cevert. Veja o grid lindão aqui na arte de Rodrigo Berton.

Para Massa, porque sei que vocês vão perguntar, a salvação amanhã é largar, parar logo, colocar pneus que aguentem até o final da corrida e ficar esperando para ver o que vai acontecer. Chegar nos pontos tem de ser a meta realista. Muito mais do que isso é sonhar alto.

Como já disse, na terça-feira falei na TV, porque sou foda e entendo pacas, Rosberg ganha a corrida. E digo de novo. Se não ganhar, foda-se.