Blog do Flavio Gomes
F-1

TONS DE SILVER (2)

SÃO PAULO (aqui, de azul) – Quando Hamilton foi para a Mercedes, muita gente achou que tinha feito a cagada mais monumental que um piloto poderia levar a cabo com sua carreira. Afinal, deixaria a McLaren, onde era tratado com carinho e sucrilhos pela manhã. Equipe forte, estruturada, que tinha terminado muito bem o ano […]

tonsdesilver2SÃO PAULO (aqui, de azul) – Quando Hamilton foi para a Mercedes, muita gente achou que tinha feito a cagada mais monumental que um piloto poderia levar a cabo com sua carreira. Afinal, deixaria a McLaren, onde era tratado com carinho e sucrilhos pela manhã. Equipe forte, estruturada, que tinha terminado muito bem o ano passado e, assim, seria forte candidata ao título neste, já que o regulamento era praticamente o mesmo.

Ocorre que ele saiu mesmo assim, foi para um time com uma mísera vitória no currículo em sua fase século 21, e pode-se dizer que saiu na hora certa. Alguém, certamente, sabotou o projeto da McLaren deste ano. Não é possível. O time despencou de uma maneira tão vertiginosa que apenas a saída de Hamilton não explica o que está acontecendo.

Hoje, novo fiasco em casa. Bonitton em 11°, Pérez em 14° no grid. E Lewis lá na frente, pole requintada, daquelas de cinema.

Foi a 28ª do inglês, segunda no ano. E quinta da Mercedes em oito etapas nesta temporada. O carro prateado está voando e em Silverstone teremos o primeiro teste do teste pra valer. Teste do teste? É, saber se aquele famoso teste de Barcelona serviu para algo. Parece que sim. É verdade que em Mônaco e Montreal, pistas muito particulares para pneus (não são problemáticas para a borracha gosmenta da Pirelli), o time andou bem, ganhou até corrida, mas seja lá o que a Mercedes tenha aprendido nos treinos na Catalunha, não iria servir exatamente para as pistas monegasca e canadense.

Se aqueles três dias foram úteis, é agora que os resultados aparecerão, em circuitos de verdade. Em outras e mais simples e diretas palavras: se amanhã, na corrida, Hamilton e Rosberguinho não perderem rendimento depois de cinco ou seis voltas, como acontecia no começo da temporada, é porque os testes ajudaram, sim.

E aí teremos mais uma equipe para ganhar corridas com alguma frequência, o que é bom. Porque do jeito que está, a Red Bull vai ganhar esse campeonato com um pé nas costas. A McLaren está fora da briga. A Lotus perde força corrida a corrida, na relação direta de sua capacidade de investimento. E a Ferrari é um negócio de doido.

Vejam vocês. Em pistas velozes de curvas longas, como China e Barcelona, onde Alonsito ganhou, os vermelhotes deveriam andar bem, certo? Errado. A Ferrari não está andando rigorosamente nada em Silverstone. Alonso conseguiu um patético décimo lugar no grid, 1s372 atrás de Hamilton. Mais de um segundo. É de enfiar a cara num buraco e só sair de lá segunda-feira, quando não tiver ninguém olhando.

Massa, que bateu ontem, ainda trocou o motor e ficou em 12°. Igualmente mal, muito mal. Bem mal. Mal mesmo. Os dois mal. E nesse ritmo de eletrocardiograma, de montanha russa, não dá para o asturiano pensar em título. Até dava, algumas corridas atrás. Mas desse jeito, dá não. Alguém duvida que a diferença de pontos dele para Vettel, amanhã, só vai aumentar?

O treino de hoje aconteceu com sol de rachar para padrões britânicos, 19 graus escaldantes, e o Q1 desta vez foi o mais previsível e justo possível. Os quatro nanicos nas quatro últimas posições (pela ordem, Pica, Branquinho, Van Der Ley e Chaton, mas Van Der Ley larga em último, punido por algo que fez na corrida passada e não lembro o que foi), com as seminanicas Sauber e Williams dividindo as outras duas vagas da degola, com Sapattos em 17° e Guti-Guti em 18°.

No Q2, caiu quem tinha de cair, incluindo Massa. Não dava para imaginar o brasileiro passando para o Q3 com facilidade num fim de semana em que o carro não anda e no qual ele perdeu muito tempo de pista por conta da batida e dos problemas mecânicos. O normal era ficar, mesmo, como ficou. Pela ordem, os cortados foram Bonitton, Amassado, Verme, Chapolim, Incrível Hulk e Maldanado.

Mercedes, Red Bull, Lotus e Force India levaram suas duplas adiante. Ricardão, da Toro Rosso, ocupou a vaga que, em tese, deveria ser da outra Ferrari, para que um resultado absolutamente lógico se configurasse. Mas, como já dito, ilógico seria Massa passar, nas circunstâncias deste fim de semana.

O duelo Rosberguinho (que bela namorada, não? O que falam dele são calúnias, meu bem) x Hamilton foi o melhor do dia. Nico virou 1min30s231 na primeira tentativa. Lewis respondeu com 1min30s096. O alemão foi à luta e fez 1min30s059. Mas o Comandante Habilton fez uma volta em 1min29s607, enfiou quase meio segundo no parceiro e encerrou a conversa.

Foi uma das voltas mais espetaculares dos últimos tempos em Silverstone, podem acreditar. Primeira fila mercêdica, segunda rubrotaurina com Tião Alemão em terceiro e Canguru em Aviso Prévio em quarto. Resta Um e Ricardão formam uma interessantíssima terceira fila, com Force India e Toro Rosso lado a lado, os emergentes, a nova classe média. Legal, isso. Fútil e Grojã vêm a seguir e, em nono e décimo, os decadentes, desinteressados, envelhecidos e lentos Raikkonen e Alonso, ex-Fodón.

Amanhã? Pelo que andou nos treinos, é para dar Mercedes. Mas resta a dúvida dos pneus. Vou arriscar uma surpresinha. Di Resta entre os três primeiros. Puro chute. O normal é dar Red Bull na corrida, Vettel, mas fiquemos com o benefício da dúvida pneumática para apostar num prateado, qualquer dos dois. Vai dar para saber o que eles poderão fazer depois de umas dez voltas. Se seguirem voando, ganham. Ferrari no pódio, acho que dá para esquecer. Alonso vai começar a ficar putchinho logo, logo.