Blog do Flavio Gomes
F-1

TONS DE SILVER (7)

SÃO PAULO (lovely) – É possível que esse GP da Inglaterra tivesse sido tão legal quanto foi mesmo sem os pneus que se despedaçaram nos carros de Hamilton, Massa, Vergne e Pérez. Os dois primeiros seriam protagonistas de qualquer forma. Os dois últimos, bem menos. Lewis e Felipe, por conta do que aconteceu com sua […]

tonsdesilver7SÃO PAULO (lovely) – É possível que esse GP da Inglaterra tivesse sido tão legal quanto foi mesmo sem os pneus que se despedaçaram nos carros de Hamilton, Massa, Vergne e Pérez. Os dois primeiros seriam protagonistas de qualquer forma. Os dois últimos, bem menos. Lewis e Felipe, por conta do que aconteceu com sua borracha, tiveram seus resultados finais comprometidos. Um poderia ganhar a prova; o outro era forte candidato ao pódio. Precisaram remar a corrida toda para recuperar o que perderam e fizeram corridas excepcionais — e bem distintas, já que Lewis parou duas vezes e Felipe, quatro.

Massa fez a melhor largada de sua vida, lembrando muito as minhas. Todo mundo se espremendo por dentro, ele foi por fora. É um atalho que só os visionários utilizam. Pulou de 11° para quinto, mudando totalmente sua perspectiva de prova. Rosberg foi mal e perdeu o segundo lugar para Vettel. Alonso também patinou. E Webber, que tem largado mal, ainda levou um chega-pra-lá de Grosjean e caiu de quarto para 14°. Neste momento, a lógica do comentarista global se fez notar: “É uma dificuldade largar no meio, porque você tá exatamente no meio”, teorizou, com brilhantismo.

Tínhamos uma corrida, a partir dessa largada que jogou alguns bons para trás e lançou certos improváveis para a frente. Hamilton liderava com bravura, até seu pneu voar pelos ares na volta 8, depois que ele tinha passado da entrada dos boxes. Caiu para último. Na 10ª volta, foi o pneu de Felipe que explodiu. Estava em quarto, já. Caiu para último. Foi a senha para os mais cautelosos abrirem a primeira janela de pit stops.

Vettel, na ponta, não abria de Rosberg. A Mercedes, em que pese o que aconteceu com Hamilton, parece que resolveu seu problema de perda de performance que era crítico no começo do ano por causa do desgaste excessivo de sua borracha. Quando Vergne sofreu da mesma mazela pneumática, na volta 15, colocaram o safety-car na pista para limpar o asfalto, repleto de detritos, pedaços de borracha, fibra de carbono, um nojo.

Nessa intervenção, três pilotos apareciam em posições de destaque: Alonso já estava em quarto; Di Resta, que largara em penúltimo, surgia em 11°; e Hamilton já era o 14°. A relargada aconteceu na volta 22. Na altura da 30ª, nova janela de paradas. A tática-padrão seria de três pit stops, com algumas exceções — Hamilton, por exemplo, começou a perder rendimento, mas estava decidido a fazer apenas dois pits para recuperar o tempo perdido no início da prova.

Sem conseguir abrir de Rosberg, Vettel mantinha um ritmo muito forte, cagando para as zebras, sempre com o alemão mercêdico fungando em seu cangote com seus cabelos loiros esvoaçantes. Até que na 42ª volta seu carro quebrou. As marchas pararam de entrar e ele abandonou o automóvel na reta dos boxes. Aparentemente, quebrou a quinta e moeu a caixa. Mais um safety-car para remover o defunto rubrotaurino estendido no chão.

Alonso tinha acabado de fazer seu terceiro pit stop, iria perder posições por isso, mas teria pneus médios novinhos para as voltas finais. Rosberg, na ponta, e Webber, que vinha voando lá de trás, aproveitaram o safety-car e foram para suas derradeiras paradas. Raikkonen, segundo colocado, não parou. Perguntou pelo rádio se tinha sido a melhor opção e ouviu um “agora é tarde, bonitão”.

Na relargada, a seis voltas do final, tínhamos: 1) Rosberg (3 paradas); 2) Raikkonen (2); 3) Sutil (2); 4) Ricciardo (2); 5) Webber (3); 6) Pérez (2); 7) Button (2); 8) Alonso (3); 9) Hamilton (2); 10) Grosjean (3); e 11) Massa (4).

E foram seis voltas alucinantes. Webber, Alonso e Massa, com pneus novos, decolaram e foram abrindo caminho entre os que estavam mais lentos por terem optado por dois pits. Hamilton, mesmo com pneus mais velhos, também estava a fim de briga e foi buscar o que lhe era de direito. O australiano da Red Bull e o espanhol da Ferrari encheram os olhos de todos lá na frente. Um pouco mais para trás, Hamilton e Massa fizeram o mesmo.

Fim de papo com Rosberg, Webber e Alonso no pódio, seguidos por Hamilton (“Recuperação épica, Lewis”, disse Ross Brawn pelo rádio), Raikkonen (“Desculpe pela estratégia, Kimi”, ouviu o finlandês), Massa, Sutil, Ricciardo, Di Resta e Hülkenberg na zona de pontos. Notem: em seis voltas, depois da relargada, Alonso saiu de 8° para 3°; Raikkonen caiu de 2° para 5°; Webber foi de 5° para 2°; Hamilton, de 9° para 4°; Massa, de 11°para 6°; Ricciardo, de 4° para 8°; Sutil, de 3° para 7°. Só essas seis voltas valeriam o domingo inteiro.

Números: terceira vitória de Rosberguinho, 25ª corrida de Raikkonen nos pontos, novo recorde intergalático. São os que me ocorrem agora. No campeonato, o abandono de Vettel foi um presente de São João para Alonso. A diferença dele para Tiãozinho era de 36 pontos depois de Montreal. Agora é de 21. Descontou 15 pontos na buena, quando o normal seria ver essa distância aumentar consideravelmente com a previsível vitória do alemão.

O campeonato está aberto? Não acho. Sebastian segue favorito absoluto. E seja lá o que acontecer com os pneus (Todt convocou reunião para quarta-feira em Paris com equipes, borracheiros e autoridades eclesiásticas), não será algo que vá mexer demais com performance. O lance agora é segurança.