Blog do Flavio Gomes
Imprensa

ZAMPA

SÃO PAULO – Porra, Zampa. Morrer, cara? Que coisa mais antiga. Isso lá é coisa pra fazer com a gente? Fazer a gente ir dormir com um nó na garganta? Nó na garganta. Você jamais escreveria isso e deve estar me mandando tomar no cu agora. Vai tomar no cu, purtuguês. Com “u”, e o […]

zampaSÃO PAULO – Porra, Zampa. Morrer, cara? Que coisa mais antiga. Isso lá é coisa pra fazer com a gente? Fazer a gente ir dormir com um nó na garganta?

Nó na garganta.

Você jamais escreveria isso e deve estar me mandando tomar no cu agora. Vai tomar no cu, purtuguês. Com “u”, e o “r” bem puxado. Você deve estar xingando todos nós, agora. Eu, o Mattar, o Regi, o Lito, o Américo, o Tite, o Beegola, o Castilho, o Miltão, o Panda, o Dinho, o Alex, todo mundo.

OK, pode xingar, xingo de volta. Quantos anos você tem, Zampa? Que palhaçada é essa? Vai ficar aí, zoando da nossa cara?

Vai. Vai zoar de todos nós, como sempre fez, sem jamais aceitar nossa reverência e idolatria. Foda-se você, Zampa. Reverenciamos e idolatramos, problema nosso.

Ninguém manda ser o que é. Azar seu, que nos ensinou a escrever, e nunca aprendemos. Ninguém manda conhecer tanto, dos carros, das coisas, da vida, e a gente saber que nunca vai conhecer nada dos carros, das coisas e da vida.

Sendo assim, Gordo dos infernos, estás proibido de morrer desse jeito, sem mais, nem menos. E longe. O que você está fazendo em São José do Rio Preto? Quer morrer, Zampa, morra. Mas que seja em Monza. Ou em Spa. Ou em Nürburgring, Indianápolis, na puta que o pariu. Mas em São José do Rio Preto? Nem vem. Pode mudar isso aí. Quer morrer, morra em Interlagos, então. E não morra em silêncio. Morra praguejando, cercado por todos nós, com fundo musical. Motores e palavrões. Que porra é essa, São José do Rio Preto, em silêncio?

Estamos todos bem putos aqui, Gordo dos infernos. A última coisa que te perguntei foi se você tinha começado a dar a bunda, agora que estava magrinho. Como é que você vai morrer sem que eu possa dizer algo menos, digamos, íntimo?

Pode mudar isso aí, Zampa. Vou acender um cigarro, e quando voltar não quero mais ouvir falar desse assunto.