Blog do Flavio Gomes
F-1

AL PARCO (3)

SÃO PAULO (eu disse…) – Não foi por falta de aviso. Se você perdeu o pastel na feira com caldo de cana, a pelada com os amigos ou a bicicleta no parque para ver essa porcaria de corrida de hoje, é porque quis. Foi a pior do ano, disparado, e era previsível. Apenas a chuva […]

elevata3SÃO PAULO (eu disse…) – Não foi por falta de aviso. Se você perdeu o pastel na feira com caldo de cana, a pelada com os amigos ou a bicicleta no parque para ver essa porcaria de corrida de hoje, é porque quis.

Foi a pior do ano, disparado, e era previsível. Apenas a chuva poderia alterar algo, trazer alguns imprevistos, mas a água que caiu em Monza caiu cedo, a prova foi disputada com pista seca o tempo todo, e aconteceu o que tinha de acontecer: Vettel ganhou de novo, pela sexta vez no ano e 32ª na carreira. Está ao lado de Alonso nas estatísticas como quarto maior vencedor da história. Eles só perdem para Schumacher, Prost e Senna.

Dizer que foi a mais fácil da carreira, sei lá. Houve outras assim, de ponta a ponta, sem maiores dramas. Embora a Red Bull tenha feito um draminha com mensagens prepocupadas pelo rádio e sinais de alívio de Newey e Horner no pitwall quando terminou a corrida.

OK, pode ser que houvesse uma granada dentro do cockpit, pronta para explodir se Tiãozinho enroscasse a sapatilha nela. Ou que a equipe tivesse recebido um trote na fábrica: “Alô, sou ex-funcionário da Red Bull e sei onde mora sua família. Se esse cara ganhar mais uma vou fazer sua mulher tomar cinco latinhas seguidas”.

Parece que era algo no câmbio, algo assim. Mas o fato é que Sebastião passeou como quis, como já fizera em todos os treinos. Largou bem, deu uma fritadinha no pneu na primeira chicane e acabou. Sumiu, desapareceu, ganhou como quis, com uma única parada, como a maioria. Neguinho reclama quando os pneus se esfarelam, mas quando tem poucos pit stops, também. É difícil agradar todo mundo.

Na largada, quem saiu bem foi Massa, de quarto para segundo. Raikkonen encheu a traseira de Pérez e Resta Um abandonou. Mais nada. Na terceira volta, Alonso passou Webber e assumiu o terceiro lugar. Na oitava, Felipe abriu passagem para o espanhol tentar alguma coisa. Inútil.

Drama, embora irrelevante, porque estava lá atrás disputando posições intermediárias, viveu Hamilton. Seu rádio não funcionava e a equipe tinha de falar com ele por sinais de fumaça. Teve um pequeno furo num pneu e precisou parar duas vezes. Foi quem se divertiu no final da corrida, já com pneus médios e novos, passando um monte de gente para chegar em nono. Ficar sem rádio num carro de F-1, hoje, é como ir ao boteco sem iPhone. Não dá para viver. Como postar no Instagram?

Massa perderia o terceiro lugar no pit stop. Webber parou na 24ª volta, uma antes que o brasileiro. Vettel também parou na 24ª. E mais nada aconteceu até a volta 40, quando o Canguru de aviso prévio chegou em Alonso e… Nada de novo. Chegou, mas não passou. A equipe mandou o australiano não exagerar na troca de segunda para terceira, que o câmbio poderia voar e acertar um carcamano qualquer na arquibancada. Sem tração em saída de curva, passar Fernandinho seria impossível. Ficou lá mesmo.

Nas últimas voltas, a fila do sétimo, Ricardão, ao 12°, Amilton, rendeu alguma coisinha. Entre eles estavam Grojã, Bonitton, Pérez e Raikkonen. Mas também não foi nada disso. Uma passadinha aqui, outra ali, nada demais.

Fim de prova com Vettel, Alonso, Webber, Massa, Hülkenberg (a surpresa do fim de semana), Rosberg, Ricciardo, Grosjean, Hamilton e Button nos dez primeiros. No pódio, o que mais se viu foi uma bandeira da Croácia agitada por algum mala lá embaixo. O cabra fez um mastro enorme, de forma a colocar a bandeira bem na altura dos pilotos. O diretor de TV ficou doido. Não tinha como fechar a imagem nos três primeiros sem que aquela bandeira passasse para lá e para cá. Tem muito mala no mundo. Podia enfiar o mastro no rabo.

Tião foi a 222 pontos, contra 169 de Alonso. Hamilton (141) e Raikkonen (134) estão fora da briga. São 53 pontos do alemão rubrotaurino para o espanhol ferrarista. Dá para tirar em sete corridas? Não, não dá. Esperava-se, depois das férias, que a Mercedes pudesse incomodar um pouco, já que a Ferrari é isso aí, chega em segundo ou terceiro, graças a Alonso, mas não tem condições de ganhar. Já ficou demonstrado em Spa e Monza, no entanto, que a Mercedes não incomoda ninguém, exceto seus pilotos.

Vettel é tetra, e resta torcer por boas corridas até o fim do ano, numa temporada que não vai ser lembrada no futuro como uma das melhores. Tem sido muito semelhante a algumas daquelas em que Schumacher e a Ferrari deitavam e rolavam, sem dar chance a ninguém. Não se trata de tirar os méritos de piloto e equipe, eu sempre digo que há alguma beleza no domínio de um conjunto nas pistas, a quase perfeição diante das cabeçadas dos rivais. Mas que é chato, é.