Blog do Flavio Gomes
Gomes

SOBRE UM CERTO MAPA

SÃO PAULO (bom dia, bom dia, bom dia) – Coincidentemente, ontem a TV estava ligada quando o cara apareceu para comentar a contratação do Raikkonen, ou a demissão do Massa. Olha lá o cara na TV. Quando ele fez aquele primeiro boletim para a rádio, em Melbourne, eu trabalhando na outra emissora, pensei: essa merda […]

mapanurbSÃO PAULO (bom dia, bom dia, bom dia) – Coincidentemente, ontem a TV estava ligada quando o cara apareceu para comentar a contratação do Raikkonen, ou a demissão do Massa. Olha lá o cara na TV. Quando ele fez aquele primeiro boletim para a rádio, em Melbourne, eu trabalhando na outra emissora, pensei: essa merda não vai dar muito certo.

No terceiro ou quarto boletim, já tinha dado certo.

Foi quando? 1999? Três anos depois éramos os dois a rodar o mundo pela mesma rádio, a cada corrida um levava a mala de equipamento, aquele estorvo dos infernos, e eu sempre com o saco de cabos que, às quintas-feiras, deixavam as pessoas nas salas de imprensa malucas. Sobe na mesa, sobe na cadeira, estica um cabo aqui, conecta na TV lá, passa por cima da posição do sueco, prende com fita crepe, testa a porra toda, aumenta o volume, conecta direito, seu bosta, aperta o botão certo, seu merda, qual o número a cobrar daqui? 0800 08000 55. Esse é da Alemanha, imbecil. 0800 10 055. Esse é da Bélgica. Onde estamos, caralho? Áustria, anta. 0800 200 255.

Muitas vezes a gente não sabia direito mesmo onde estava. Ou, talvez, eu não soubesse, porque ele se guiava por um remoto mapa que recebeu por fax em 1998 e, surpreedentemente, dadas suas limitações, funcionou para que saísse da Vila Mariana e chegasse a Nürburgring, para nos encontrar numa uma pensão no meio do mato.

É bem provável que o tal mapa começasse mesmo na Vila Mariana, para que ele não errasse de aeroporto, o que já seria um bom começo. Pois esse mapa que o tempo está apagando era para chegar a Nürburgring, mas fez com que ele descobrisse o mundo inteiro.

Bem, só mesmo um completo retardado para escrever no maior jornal do país sobre um mapa na semana em que Massa sai da Ferrari. Para ele, eu sair da ESPN foi mais importante. Não vou falar aqui sobre minha saída do canal, é problema meu e não quero aborrecer ninguém com essa história.

Hoje, quando fazia o que faço todos os dias, o café, um iogurte grego (estou encantado com os iogurtes gregos, mas me disseram que não são novidade nenhuma, que existem desde os tempos de Platão, mas para mim são uma novidade completa, um programa de ajuda internacional à Grécia, a quem pagamos royalties para salvá-los da merda em que se meteram) e o jornal de papel estendido no balcão da cozinha, leio o texto do cara.

Eu e o Seixas temos dez anos de diferença. Eu poderia usar aqui aquelas coisas meio clichê como é o irmão mais novo que eu não tive, ou é como meu filho blá-blá-blá.

Mas seria mesmo um clichê.