Blog do Flavio Gomes
F-1

SOIRÉE (3)

SÃO PAULO (ok, já deu) – Taça pro Vettel já. Mas vamos parar de diminuir os feitos do rapazinho. A quem fica dizendo que “só ganha porque tem o melhor carro”, mantra dos maus perdedores, repito o que sempre escrevi e falei nos tempos de domínio de Schumacher, vítima das mesmas acusações da pachecada insuportável: […]

soiree3SÃO PAULO (ok, já deu) – Taça pro Vettel já. Mas vamos parar de diminuir os feitos do rapazinho. A quem fica dizendo que “só ganha porque tem o melhor carro”, mantra dos maus perdedores, repito o que sempre escrevi e falei nos tempos de domínio de Schumacher, vítima das mesmas acusações da pachecada insuportável: Senna, por acaso, foi campeão alguma vez sem ter o melhor carro? Ao contrário, chegou a perder título com o melhor carro, em 1989.

Portanto, antes de mais nada, todos os aplausos possíveis a este quase perfeito piloto alemão que aos 26 anos chegará, daqui a algumas corridas, ao quarto título mundial seguido. Ah, mas também, com a Red Bull… Meninos e meninas, na F-1 equipe boa e piloto bom se atraem. Um não existe sem a outra, uma não existe sem o outro.

Tião ganhou em Cingapura mais uma vez. Foi sua sétima vitória na temporada e 33ª na carreira. Agora é o quarto maior vencedor da história isolado. Deixou Alonso para trás e só perde para Schumacher, Prost e Senna. Abriu 60 pontos para Fernandinho na classificação: 247 a 187. Faltam seis etapas para o fim do campeonato. Façam as contas que quiserem. Acabou. Aliás, faz tempo. As outras equipes já estão com a cabeça em 2014. Nenhum carro vai melhorar nas últimas provas da temporada. Esse quadro aí é o que teremos até a derradeira corrida, em Interlagos: Vettel voando, os outros escoltando.

A corrida de hoje foi bem ruim até as últimas seis voltas. Verdade que teve uma linda largada de Alonso, saindo de sétimo para terceiro. Por fora, levando todo mundo na balada até a primeira curva. Ali ele definiu sua prova. Quando, na terceira volta, Sebastian abriu mais de 5s para Rosberguinho, o segundo, fui fazer café da manhã, o que incluiu dois mistos quentes, iogurte e suco de laranja de caixinha.

Os pit stops começaram na volta 11. Raikkonen foi o primeiro a parar. Na 18ª, Vettel fechou a janela de troca de pneus na turma da ponta. Foi o único que não mexeu em sua posição na volta dos boxes. Alonso, quando retornou à pista, quase comprometeu sua prova ao ficar um tempão atrás de Di Resta, perdendo contato com os ponteiros. O escocês foi o último a parar.

Mas na volta 25, Ricciardo bateu e o safety-car foi chamado. O piloto do Mercedão, que cochilava, certamente, maldisse os muros de Cingapura e a freada errada do tororrôssico. Foi para a frente do pelotão e por lá ficou durante seis voltas.

Nesse período, quase todo mundo foi para os boxes. Do pessoal da frente, Alonso, Grosjean e Massa. Estavam em quinto, sexto e oitavo. Button, Raikkonen, Pérez, Hülkenberg, Vergne, Gutiérrez e Sutil também fizeram suas segundas paradas. Vettel, Rosberg, Webber e Hamilton optaram por ficar na pista e quando a prova foi retomada, eram os quatro primeiros.

E aí a corrida ganhou um formato. Os que aproveitaram o safety-car para fazer a segunda parada ganhariam muitas posições dos que fariam o pit stop mais para a frente. Mas teriam pneus bem arregaçados no final. Era uma questão de administrar a borracha. Na volta 35, quatro depois da relargada, Vettel já tinha enfiado 10s em Rosberg, o segundo. Esse, estava bem claro, não teria problema algum em parar de novo, sem se preocupar com ninguém. Na volta 41, a diferença era de 22s, um assombro. Então Webber parou, abrindo a pequena janela dos que precisavam de novos pneus para a parte final do GP. E voltou na frente de Nico. Na 45, Tiãozinho fez sua última parada. Saiu dos boxes, olhou no espelho e não viu ninguém. Alonso surgiria 6s depois, em segundo. Button e Raikkonen brigavam pelo terceiro lugar um pouco mais atrás. A exemplo de Fernandinho, ambos com pneus no osso — os da McLaren piores que os da Lotus.

Na 55, Raikkonen assumiu o terceiro lugar com um passão lindo sobre Button, daqueles que valem o ingresso. Do quinto, Pérez, ao nono, Hamilton, uma fila interessante se formou. Logo todos chegaram em Button. E em Pérez, também. Webber, Rosberg, Hamilton e Massa atropelaram os dois da McLaren. Webber, na última volta, quebrou. É desoladora, mesmo, a vida do pobre canguru. Ainda arrumou uma carona com Alonso para voltar aos boxes depois da bandeirada. É possível que a FIA multe os dois, aquela frescurite de sempre.

Final: Vettel, Alonso (a 32s627) e Raikkonen (a 43s920) no pódio. Um espetáculo a corrida de Kimi, que foi para o grid com fortes dores nas costas, depois de comer tatu de novo. Terminou no pódio depois de largar em 13°. Comer tatu é bom e dá troféu. E linda a performance de Alonso, que fez 36 voltas com um mesmo jogo de pneus controlando todo mundo que vinha atrás. Fechando os pontos, Rosberguinho, Amilton, Massacrado, Bonitton, Chapolim, Hulk e Futil.

Tirando as últimas seis voltas, o resto da prova foi bem aborrecida. É a tendência até o fim do ano, apesar do esforço de Alonso e do brilhantismo de Raikkonen. Os demais, parece que já estão de férias, inclusive a dupla da Mercedes, maior decepção pós-férias deste ano. No fim das contas, o pódio de hoje teve lá em cima os três melhores pilotos da atualidade. Hamilton, que poderia se juntar a eles, anda apagado demais. Talvez precise de uma namorada nova.