Blog do Flavio Gomes
F-1

YIN YANG (3)

SÃO PAULO (Japão ou Índia?) – Com 77 pontos de folga sobre Alonso, o segundo colocado no campeonato, Vettel terá seu primeiro match point domingo que vem em Suzuka. Se vencer e Fernandinho ficar no máximo em nono, acaba o campeonato matematicamente. É o que todos desejam. Porque ser campeão na Índia, em outro fim […]

SÃO PAULO (Japão ou Índia?) – Com 77 pontos de folga sobre Alonso, o segundo colocado no campeonato, Vettel terá seu primeiro match point domingo que vem em Suzuka. Se vencer e Fernandinho ficar no máximo em nono, acaba o campeonato matematicamente.

É o que todos desejam. Porque ser campeão na Índia, em outro fim de mundo desses que nada dizem ao automobilismo e à F-1 em particular, ninguém merece. Suzuka sim é palco para campeões.

Mas é difícil fechar a conta no Japão. Vettel deve ganhar, como ganhou de madrugada na Coreia. Mais uma vitória, a oitava no ano e quarta seguida de uma temporada que todos já largaram de mão. Só que para Alonso chegar em nono, só se acontecer alguma grande cagada, o que não tem sido frequente. Fernandinho tem corrido para chegar ali entre os cinco ou seis primeiros sem grande dificuldade. Mas sem nenhuma chance de lutar por vitória, o que é uma tristeza. De qualquer maneira, deve adiar a conquista do tetra.

O GP de Yeongam não foi brilhante, mas também não foi o pior de todos os tempos. OK, Tiãozinho não teve grandes problemas, embora a vitória não tenha sido tão fácil quando, por exemplo, a de Cingapura. Mas também não houve disputa, a exemplo do que tem acontecido nas últimas etapas do Mundial. Ele precisou apenas administrar o desgaste do pneu dianteiro direito, como todos os outros pilotos, fez seus dois pit stops com tranquilidade e liderou todas as voltas da corrida. Aliás, vale repetir aqui a conta que o Reginaldo Leme fez na TV. De 220 voltas percorridas em quatro GPs sul-coreanos, Vettel liderou 208. É um exemplo claro do domínio dele e da Red Bull sobre todos os outros nos últimos anos.

No início da corrida de hoje, Grojã foi o cara da primeira volta, ao passar Hamilton e assumir logo o segundo lugar, enquanto Sebastião já se acomodava na ponta. Ainda na primeira volta, Massa cometeu mais um erro. Freou atrasado numa tentativa de ultrapassagem dupla e, para não bater em Rosberg, rodou e caiu para último. Péssimo, para quem procura lugar para correr no ano que vem.

Na confusão armada pelo brasileiro, que atravessou o carro na pista, muitos brecara, outros desviaram e alguns se deram muito bem. Ricardão, por exemplo, apareceu em sétimo. Tinha largado em dôzimo. E Maldanado surgiu em nono, depois de largar em dezôitimo. Raikkonen também ganhou algumas posições e se colocou na briga, ele que fora mal na classificação. Na nona volta, já estava em quinto depois de passar a Toro Rosso de Daniel e a Ferrari alônsica.

Na décima volta os ponteiros abriram a primeira janela de paradas. O único que largou com pneus médios, Ricardão, seguia na pista. Vettel voltou na frente, mas com Grosjean não muito longe. Nada que assustasse, porém. O francês tinha de se preocupar muito mais com Hamilton, colado atrás dele, do que com o alemão inalcançável. Só na volta 19 Ricciardo fez seu pit stop.

Kimi deu o pulo do gato ao antecipar sua segunda parada na volta 26, se livrando de um tráfego incômodo e irritante. Àquela altura, Hamilton brigava com seus pneus esfarelando. Rosberguinho chegou, passou e sua asa estranhamente envergou, raspou no chão e arrebentou. Coisa esquisita dos infernos. Teve de trocar o bico. Nessas, Raikkonen herdou algumas posições após as primeiras paradas da segunda janela de pit stops. E ainda teve um safety-car para ajudar quando estourou o pneu de Pérez. Um monte de gente foi para os boxes, mas como Kimi já tinha feito o dele, foi uma delícia.

Vettel seguia na ponta, mas agora com duas Lotus no seu encalço: Grojã em segundo e o tagarela em terceiro. O safety-car ficou na pista para a limpeza dos detritos do Chapolim maclariano da 33ª à 37ª volta.

Na relargada, Sutil foi para cima de Webber, acertou o australiano e seu carro pegou fogo. Seu, no caso, o de Webber, coitado. Aí rolou a confusão do dia, com uma SUV carregando fiscais com extintores invadindo a pista para apagar o incêndio na Red Bull. Perigoso demais. Safety-car na hora, claro. E nesse meio tempo, entre o fogaréu e a nova bandeira amarela, Raikkonen, espertinho, atacou Grosjean e passou. Sabia que não levaria o troco porque notou a bandeira amarela um pouco adiante. Malandrinho.

Na volta 41 a prova foi retomada com Vettel, Kimi, Grojã seguidos pelo grande destaque do dia, Hülkenberg, puxando a fila com Hamilton, Alonso, Button e Rosberguinho, todos colados. Foi uma bela briga. Era Alonso que tentava passar Hamilton que tentava superar Hulk, que segurava todo mundo. Excepcional atuação do alemão da Sauber, que deve ter lhe valido alguns pontos na luta por uma vaga na Lotus no ano que vem.

E assim terminou a corrida, com Vettel na frente, Kimi e Grojã ao lado dele no pódio, Hülkenberg em quarto, seguido por Hamilton, Alonso, Rosberg, Button, Massa e Pérez. Não se sabe se a Coreia volta ao calendário no ano que vem. O circuito é chato, mas não é isso que incomoda tanto. As arquibancadas estavam vazias de novo, porque a cidade onde fizeram o autódromo, a 400 km de Seul, fica onde Buda perdeu as botas. Definitivamente, não é um sucesso essa corrida. E o horário, para nós aqui dos trópicos, é uma tristeza.