Blog do Flavio Gomes
F-1

PRO BAR, HEIN?

SÃO PAULO (mundo doido) – Terminou o segundo de treino hoje no Bahrein e Vettel, apesar da ressaca, estava todo feliz com suas 59 voltas. Pediu a folha de tempos, foi ver a classificação, e quando percebeu que ficou atrás de Kobayashi, atirou-se numa cadeira de metal, que não aguentou o peso. Caiu de bunda […]

_79p1797-2SÃO PAULO (mundo doido) – Terminou o segundo de treino hoje no Bahrein e Vettel, apesar da ressaca, estava todo feliz com suas 59 voltas. Pediu a folha de tempos, foi ver a classificação, e quando percebeu que ficou atrás de Kobayashi, atirou-se numa cadeira de metal, que não aguentou o peso. Caiu de bunda no chão, meio desorientado, mas ainda conseguiu perceber atrás dos boxes o japonês conversando com Magnussen. Do diálogo, captou apenas uma frase do dinamarquês, algo como “tô indo pro bar, hein?”, certamente para comemorar o primeiro tempo do dia, e Koba-mito disse que ia também, afinal o melhor Renault da quinta-feira foi o dele. Da Caterham.

Em reunião pós-teste, Vettel e seus engenheiros da Red Bull concordaram. O importante hoje era andar, nem que o carro fosse puxado por um trator. Seu melhor tempo foi 5s430 pior que o do jovenzinho da McLaren. “Dá para classificar e brigar com a Marussia”, animou-se o coordenador de engenharia Andy Damerum, que por isso mesmo prometeu encontrar todos no bar “para tomar um mojito”, de acordo com um conhecido que me fez o relato dessa reunião.

Kevin Magnólia estava, como dizer?, extasiado com o primeiro lugar do dia. OK, foi uma volta com pneus supermacios, mas quem se importa? Pela manhã a McLaren teve lá seus problemas, diagnosticados como “de TI”. Como se sabe, tais dificuldades só são resolvidas pelo pessoal de TI depois do almoço, e assim foi. No total, 46 voltas. E uma demonstração clara de que a equipe não errou a mão pelo segundo ano seguido. Vai dar muito trabalho, a McLaren. E esse rapaz, pelo currículo e profissionalismo, parece ser o melhor dos três (bons) estreantes da temporada.

Como vai dar trabalho, obviamente, a Force India. Hülkenberg foi o segundo mais rápido de hoje, com 59 voltas e nada de especial a relatar, exceto que a equipe já passou da fase de garantir confiabilidade para se concentrar em experimentar pneus e testar traquitanas aerodinâmicas. Em comum com Magnussen, Hulk tinha a empurrá-lo uma unidade de força/motriz/potência Mercedes. Sobre esses motores, Koba-san não mediu muito as palavras, ele que usa unidade de força/motriz/potência igual à do meu Twingo: “São de 20 a 30 km/h mais rápidos que os nossos”.

Não vai ter briga, desse jeito. Os Renault, todos, estão lascados porque antes de trabalharem nos carros, suas equipes terão de resolver o problema dos motores junto com os franceses. Para lembrar, são quatro times abastecidos pelos gauleses: Red Bull, Toro Rosso, Caterham e Lotus — que, aliás, só oficializou hoje a parceria, provavelmente depois de ameaçar a montadora com telefonemas para o Procon. O time conseguiu completar 18 parcas voltas com Grosjean. Ao final do dia, poucas explicações e a constatação: “Eu queria ter andado mais”. Azar. Maldonado assume o carro amanhã.

O que a Lotus não andou, Ferrari e Williams andaram. Foram 97 voltas para Alonso e impressionantes 116 para Bottas. “O importante não é performance, mas sim acumular quilômetros [de vantagem nos postos Ipiranga]”, falou o espanhol, deixando em aberto que no caso de dar tudo errado, a Ferrari pode se inscrever para Le Mans, ou no Dakar. Fechou o dia em terceiro. Sapattos usou a cota de voltas que Massa não pôde dar ontem, depois de passar fome pelos problemas no sistema de alimentação. Que, na verdade, segundo o engenheiro Biela Nelson (conhecido também como Rod), não era propriamente uma zica alimentar, e sim algo ligado à fiação. Fios de ovos estragados?

Amanhã parece que Bottas dirige de novo, embora o time tenha informado, em seu release, que a data é 21 de janeiro. Groundhog day. A propósito, os caras da equipe poderiam acertar o nome do rapaz. É ValTTeri, não ValteRRi. O homem que escreve os textos deve ser alemão. Pelo Tweeter, porém, a Williams informou que Massa também vai andar, para compensar a indigestão de ontem.

Na Mercedes, Rosberguinho, depois de 85 voltas e uma simulação de corrida com duas paradas (não nos boxes; na pista, mesmo, mas a equipe disse que não foi nada sério), deu um “curtir” na página do carro no Facebook. “Já estou sabendo apertar os botões e tudo mais”, contou. Ótimo para ele. Paddy Lowe esqueceu a ampulheta no hotel e não fez nenhuma referência aos horários de trabalho. Amanhã, promete rigor.

A Marussia deu 17 voltas com Chilton, 14 delas até pifar a bomba de gasolina e três no fim da tarde, quando finalmente descobriram onde ficava a bomba de gasolina. Na Sauber, Gutierros conseguiu completar 55 voltas, mas um problema elétrico abreviou as atividades. E na Toro Rosso, Vergne andou bastante até que um misterioso “problema técnico” fez com que o time encerrasse os trabalhos mais cedo.

“Problema”, como se vê, foi a palavra mais usada por quase todo mundo no sexto dia de pré-temporada, metade dela — foram quatro em Jerez e dois no Bahrein. Os testes seguem até sábado, e depois, de quinta a domingo da semana que vem na mesma pista árabe. Pilotos e equipes vão perder metade do Carnaval. Raikkonen, o maior folião do grupo, ciente das dificuldades que todos terão até começar o campeonato, já deu um toque aos colegas: “Se não tiver desfile aqui vamos todos pro bar, hein?”.