Blog do Flavio Gomes
F-1

MEU, BURN! (3)

SÃO PAULO (Ricciardo, uau) – Serei breve, pois daqui a pouco tenho de ir a Interlagos. Hamilton na pole, hein, bonitão? Vettel não passou do Q2, hein, bonitão? Pois é, a vida tem dessas coisas. Umas previsíveis, outras surpreendentes. “Ah, mas você mesmo disse que o Vettel ia se dar mal neste ano, então era […]

imaustralia3SÃO PAULO (Ricciardo, uau) – Serei breve, pois daqui a pouco tenho de ir a Interlagos.

Hamilton na pole, hein, bonitão? Vettel não passou do Q2, hein, bonitão?

Pois é, a vida tem dessas coisas. Umas previsíveis, outras surpreendentes. “Ah, mas você mesmo disse que o Vettel ia se dar mal neste ano, então era previsível!” É uma verdade parcial. Acho ainda que vai se dar mal, pelo menos se comparado ao que aconteceu com ele nos últimos quatro anos, mas não é exatamente por conta desse 13° lugar na classificação em Melbourne (12° no grid porque Sapattos foi punido por troca de câmbio, ou “cambio de cambio”, em espanhol). O treino que acabou agora há pouco não foi dos mais comuns. Choveu no Q2 e no Q3 e deu uma embaralhada nas coisas.

Nessa embaralhada, a lógica prevaleceu na pole de Hamilton e com a presença de seis dos oito motores Mercedes no Q3. Só Button e Pérez ficaram fora. Mas tivemos uma zebrinha com Ricardão em segundo. E o rapaz quase fez a pole. Mas seria Ricardão uma zebra, correndo de Red Bull? Sim, ainda é uma zebra, mesmo correndo de Red Bull. Ainda mais com a Red Bull longe de ser a equipe que foi nos últimos quatro anos. Surpresa, sim. Boa surpresa. Guiou divinamente, o moço do grande nariz. Como zebrinhas interessantes foram os dois da Toro Rosso no Q3. Palmas para o pequeno cosmonauta Danii-se Kvyat e também para Verme, o rejeitado.

Vamos à ordem dos fatos, então.

No Q1, pista seca, 26 graus e nuvens plúmbeas sobre Albert Park. Uns saem de macios, outros de médios, mas esqueçam esse negócio de usar médio achando que se garante. Neste ano, a diferença de performance entre os compostos é muito grande. E foi todo mundo de chiclete.

A sete minutos do fim da primeira parte do treino, começa a chover. Aí, quem estava na zona de degola lá ficou. A saber: Chilton (previsível), Bianchi (idem), Gutierros (mal, a Sauber), Celular GSM (normal) e a dupla da Lotus, Grojã e Maldanado.

Aqui vale um parágrafo. A Lotus é uma tragédia, coitada. Grojã não esconde a contrariedade. Xinga o carro, o público, os mecânicos, o destino. Já seu companheiro venezuelano, quando olha no espelho, se pergunta: por que é que eu fui brigar com a Williams? Onde foi que eu errei? Por que não gostavam mais de mim? Bem, agora Inês é morta. Os dois carros negros só não estarão lado a lado na última fila porque Gutierrez perdeu cinco posições no grid por troca de câmbio. Maldonado não conseguiu sequer fechar uma volta. Deu pena. Mas é da vida.

E quem foi o mais rápido no Q1, com pista seca? Ricciardo, o substituto de Webber, o queridinho dos cangurus. Virou 1min30s775, um tempo aceitável, embora mais alto que o anotado por Rosberg no último treino livre, o único a entrar na casa de 1min29s no fim de semana. Magnussen foi o segundo e Massa, o terceiro. E quem é que passou ao Q2? Koba-mito, nosso ídolo eterno! Boa, japa!

Mas como já informado, destara a chover no parque, e foi com chuva que começou o Q2, levando todos a usarem pneus intermediários. Os primeiros tempos registrados, na casa de 1min47s. A cinco minutos do fim, já tinham caído para 1min44s. E quando o cronômetro zerou, estavam, lá na frente, na casa de 1min42. Foi o momento em que a dura realidade de Tião, o Alemão, bateu à sua porta. Vettel ficou na degola do Q2, com o 13° tempo, atrás de dois campeões do mundo: Bonitton em 11° e o tagarela Raikkonen em 12°. “Do alto desta degola, seis títulos mundiais vos contemplam”, bradou Kimi ao chegar ao paddock, subindo num engradado de Foster’s.

Sutil, da Sauber, Kobayashi, da Caterham, e Pérez, da Force India, fecharam o grupo dos que não conseguiram passar ao primeiro Q3 do ano. Sebastian não ficava fora de um Q3 desde o GP da China de 2012 da era cristã.

E tome chuva para a decisão das dez primeiras posições do grid. E foi bonito de se ver. Porque na água, diz o ditado, todos os gatos são pardos e molhados. Não nos esqueçamos que até Hülkenberg, de Williams, fez pole com chuva em Interlagos, e de Williams. Assim, tudo podia acontecer. De verdade.

E quase aconteceu. Pneus de chuva extrema paa todos (menos para Alonso, que logo trocou), tempos na casa de 1min45s, até que a quatro minutos do fim alguns arriscaram intermediários, e os tempos foram baixando, e lá vem Ricardão com sua enorme napa para virar 1min44s548 com a ampulheta já esgotada, mas tinha gente na pista ainda, e a pole que a turba já festejava nas arquibancadas e nos gramados do parque acabou não vindo, porque Lewis fez 1min44s231 e papou o primeiro lugar no grid. Mesmo assim, a torcida australiana vibrou. Afinal, Ricciardo vingava o Canguru Desolado que tanto sofreu nas mãos de Vettel. E Vettel, àquela altura, procurava o primeiro boteco para encher a cara.

Hamilton colocou 0s317 no novo rubrotaurino, uma diferença considerável. Rosberguinho larga em terceiro. Por três segundos não conseguiu abrir uma última volta, o que deixou o rapaz um pouco chateado. Kevin Magnólia, estreante, ficou em quarto com a McLaren. OK, virou 1s514 mais lento que Hamilton, mas uma segunda fila na primeira corrida é para comemorar, não? É. Alonso e Verme dividem a terceira fila. Hulk e Kvyat, a quarta. Massa ficou em nono e Sapattos, em décimo — larga em 15° com a punição. A Williams estava bem no seco. Na hora que veio a chuva, os dois pilotos e a equipe se atrapalharam.

Foi a 32ª pole da carreira de Hamilton e a 100ª de um motor Mercedes na F-1. Lewis igualou Mansell nas estatísticas e entre os britânicos só perde para o escocês Jim Clark nesse quesito. É o favorito à vitória amanhã, porque a Mercedes tem o melhor carro e mesmo se chover, vai andar bem porque nosso Comandante Amilton é bom de água.

Algumas conclusões pós-classificação:

– A Red Bull não está morta, e Ricciardo mostrou isso. Mas também não está com essa bola toda.

– Vettel de mau-humor é engraçado.

– Raikkonen, que bateu no Q2, será engolido por Alonso se não demonstrar um pouco mais de vontade.

– A Williams está bem, colocou os dois no Q3, mas ainda está longe de poder ser chamada de favorita. Precisa, como se diz no futebol, encaixar umas coisinhas.

– Hülkenberg vai trucidar Pérez.

– A Toro Rosso não será uma decepção no bloco intermediário. A Sauber, sim.

Vou arriscar um palpite para a corrida de amanhã, nos dez primeiros. Farei isso em todos os GPs e vocês aí me contem depois se acertei alguma coisa. Vamos lá: Hamilton, Alonso, Hülkenberg, Magnussen, Massa, Button, Vergne, Raikkonen, Pérez e Sutil. Se quiserem colocar seus palpites aí embaixo, à vontade.

Ah, faltou a foto do projeto gráfico. Sorria, garoto.