Blog do Flavio Gomes
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SUPERDIA

SÃO PAULO (well done, boy) – Saí de casa às cinco da madruga, e para sair de casa às cinco da madruga é preciso um bom motivo. Um supermotivo. Táxi chamado por um aplicativo do capeta, que é espetacular, metrozão até a estação Portuguesa-Tietê, um café e um donut de goiabada e o Cometão para […]

superhiperminiSÃO PAULO (well done, boy) – Saí de casa às cinco da madruga, e para sair de casa às cinco da madruga é preciso um bom motivo. Um supermotivo. Táxi chamado por um aplicativo do capeta, que é espetacular, metrozão até a estação Portuguesa-Tietê, um café e um donut de goiabada e o Cometão para Poços de Caldas saindo pontualmente às 6h.

Havia anos que eu não entrava num Cometão. Claro que não é mais aquele, os bancos não são mais vermelhos de couro, a pintura é feia, mas a qualidade me parece a mesma. Viagem tranquila, o ronronar do motorzão, o sono que vem, a parada em São João da Boa Vista para um café e um pão de queijo que ofereci ao motorista, mais um café para mim, três e cinquenta, esse Brasil que ainda existe e é tão gostoso.

E pontualmente às dez e quinze da matina o bichão estaciona na rodoviária ao lado do estádio da Caldense, e ainda faltavam 45 km até Santa Rita de Caldas, busão da Gardênia cata-coió, uma hora e meia pelo encantador Sul de Minas, até encontrar o novo amigo, Zé Adenauser, com quem tinha combinado ao meio-dia e meia no terminal aero-rodoviário da cidade de 9 mil habitantes onde nada acontece correndo. Meio-dia e meia o Gardênia encostou, meio-dia e meia o Zé estava lá.

Encontrei o rapazinho numa pequena garagem decorada com placas antigas, quadrinhos caprichados, ferramentas bem arrumadas, ao lado de um X-12 impecável. Muita conversa, uma voltinha no quarteirão e tudo resolvido. Zé, zeloso e cuidadoso, explicou tudo que havia para explicar, vimos ainda algumas fotos, falamos de outros modelos, demos uma olhada em algumas revistas, e como eu não queria viajar de noite, aquele abraço e vamos embora. Tínhamos, eu e o rapazinho, mais de 300 km pela frente. Chega?, perguntei um pouco envergonhado, porque é óbvio que a resposta seria “claro que chega!”, e claro que chegou.

Foram quatro horas de estrada, uns 20 minutos de chuva, se tanto, algumas paradas para uns retratos, outra para um lanche no Reduto do Café em Andradas, cruzamos uma turma de Harley e, no mais, paz total. Radinho ligado, o ronquinho do motor de dois cilindros e 800 cc de cilindrada cantando gostoso, pouco trânsito até a Anhanguera, onde a coisa é um pouquinho mais tensa porque tem carro demais por aí. Mesmo assim, o rapazinho contabilizou ultrapassagens sobre um Fiesta, um Etios e um Cruze, deu farol para um Siena e cumpriu sua missão a uma média de 90 km/h, com picos de 100 km/h sem reclamar de nada. Na metrópole, catou os meninos, foi ao supermercado e se incorporou ao bando.

É um bom garoto, e seremos felizes juntos.