Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

ÁGUA E AR

SÃO PAULO (não rachem, meninos) – A Fórmula Vee teve sua primeira temporada em 2011, criada pelo Roberto Zullino e pelo Joaquim Lopes. Cresceu e se multiplicou, mas algo aconteceu nesses três anos que acabou levando a uma divisão da categoria entre F-Vee e F-1600, que são praticamente a mesma coisa — mas que começaram […]

fveeaguaSÃO PAULO (não rachem, meninos) – A Fórmula Vee teve sua primeira temporada em 2011, criada pelo Roberto Zullino e pelo Joaquim Lopes. Cresceu e se multiplicou, mas algo aconteceu nesses três anos que acabou levando a uma divisão da categoria entre F-Vee e F-1600, que são praticamente a mesma coisa — mas que começaram o ano com dois grids diferentes, o que achei, sinceramente, meio ridículo.

Sábado elas se juntaram de novo, não sei bem em quais termos, mas achei muito bonito ver um gridão com mais de 30 formulinhas largando em Interlagos. Sei que Zullino e Mestre Joca brigaram, e cada um levou uma turma junto, mas juro que até agora não entendi picas do que aconteceu, e nem quero. Não quero sequer que me expliquem, porque é assunto que não me interessa. Gosto de ambos. E gosto de um monte de gente que corre e/ou participa de alguma forma. Sendo assim, que se entendam. Terminar amizade por causa de corrida, sinceramente, não dá.

Fiz este enorme preâmbulo para informar que a F-Vee, que desde o início usa motores VW 1.600 cc refrigerados a ar, pode mudar em breve sua motorização. Um carro com um motorzinho interessante refrigerado a água, VW também, o 1.4 do Fox e da Kombi, foi testado no fim de semana.

Claro que compreendo perfeitamente a origem da F-Vee: recriar a antiga Fórmula Vê, que tanta história fez no Brasil nos anos 70. O romantismo dos motores VW a ar é inigualável.

Mas há uma realidade em 2014 e é preciso conviver com ela. Esses motores não são mais fabricados, salvo engano, desde o fim de 2006. O grid cresceu. Tem demanda para fórmula em São Paulo. Os VW a ar se tornaram caros, são difíceis de preparar, nem todo mundo mexe neles e quebram muito — justamente porque não há mais nada novo para eles.

E quando quebram, lavam a pista de óleo de uma forma tão eloquente que atrapalham todo mundo que vai andar depois, nas outras categorias. É triste, mas é assim.

Por isso, talvez seja mesmo a hora de redesenhar a F-Vee, modernizá-la para que não morra. Esse carro “a água” que andou no fim de semana foi desenvolvido pela equipe Competikar e pelo piloto Kenner Garcia em Uberlândia. Parece que foi tudo muito bem, a adaptação é simples, dá para usar o mesmo câmbio, o mesmo motor de arranque, a mesma embreagem etc. A médio prazo, mesmo que todo mundo tenha de trocar os 1.6 a ar por esses 1.4 a água, a economia será maior. São motores mais modernos, que não vão quebrar à toa. E quando quebrarem, tem tudo para vender no mercado.

Garcia completou 83 voltas com esse motor em quatro dias. Segundo ele, os motores atuais correriam o risco de abrir o bico depois de 20 ou 30 voltas, e é assim mesmo. Zullino (que continua à frente da F-Vee, ou da 1600, ou de ambas, ou de nenhuma) declarou em press-release que o teste foi “maravilhoso”. “Agora cabe ao Fórmula Vee Clube e aos pilotos decidirem sobre a troca dos carros pelo motor refrigerado a água. Pelo que eu percebi, as vozes são bem positivas para esse novo formato”, disse o cartola-fundador da bagaça toda.

De novo: entendam-se, e sigam em frente. A F-Vee é bonita, vocês criaram algo, o que é muito difícil (sei bem…), não deixem morrer por bobagem.