Sábado elas se juntaram de novo, não sei bem em quais termos, mas achei muito bonito ver um gridão com mais de 30 formulinhas largando em Interlagos. Sei que Zullino e Mestre Joca brigaram, e cada um levou uma turma junto, mas juro que até agora não entendi picas do que aconteceu, e nem quero. Não quero sequer que me expliquem, porque é assunto que não me interessa. Gosto de ambos. E gosto de um monte de gente que corre e/ou participa de alguma forma. Sendo assim, que se entendam. Terminar amizade por causa de corrida, sinceramente, não dá.
Fiz este enorme preâmbulo para informar que a F-Vee, que desde o início usa motores VW 1.600 cc refrigerados a ar, pode mudar em breve sua motorização. Um carro com um motorzinho interessante refrigerado a água, VW também, o 1.4 do Fox e da Kombi, foi testado no fim de semana.
Claro que compreendo perfeitamente a origem da F-Vee: recriar a antiga Fórmula Vê, que tanta história fez no Brasil nos anos 70. O romantismo dos motores VW a ar é inigualável.
Mas há uma realidade em 2014 e é preciso conviver com ela. Esses motores não são mais fabricados, salvo engano, desde o fim de 2006. O grid cresceu. Tem demanda para fórmula em São Paulo. Os VW a ar se tornaram caros, são difíceis de preparar, nem todo mundo mexe neles e quebram muito — justamente porque não há mais nada novo para eles.
E quando quebram, lavam a pista de óleo de uma forma tão eloquente que atrapalham todo mundo que vai andar depois, nas outras categorias. É triste, mas é assim.
Por isso, talvez seja mesmo a hora de redesenhar a F-Vee, modernizá-la para que não morra. Esse carro “a água” que andou no fim de semana foi desenvolvido pela equipe Competikar e pelo piloto Kenner Garcia em Uberlândia. Parece que foi tudo muito bem, a adaptação é simples, dá para usar o mesmo câmbio, o mesmo motor de arranque, a mesma embreagem etc. A médio prazo, mesmo que todo mundo tenha de trocar os 1.6 a ar por esses 1.4 a água, a economia será maior. São motores mais modernos, que não vão quebrar à toa. E quando quebrarem, tem tudo para vender no mercado.
Garcia completou 83 voltas com esse motor em quatro dias. Segundo ele, os motores atuais correriam o risco de abrir o bico depois de 20 ou 30 voltas, e é assim mesmo. Zullino (que continua à frente da F-Vee, ou da 1600, ou de ambas, ou de nenhuma) declarou em press-release que o teste foi “maravilhoso”. “Agora cabe ao Fórmula Vee Clube e aos pilotos decidirem sobre a troca dos carros pelo motor refrigerado a água. Pelo que eu percebi, as vozes são bem positivas para esse novo formato”, disse o cartola-fundador da bagaça toda.
De novo: entendam-se, e sigam em frente. A F-Vee é bonita, vocês criaram algo, o que é muito difícil (sei bem…), não deixem morrer por bobagem.