Blog do Flavio Gomes
F-1

NA ILHA (4)

RIO (amanhã, tudo de novo…) – Muito bem. Tudo lido, visto e revisto, vamos agora contar pra gente aqui e pro pessoal de casa o que aconteceu em Montreal neste domingo. Eu tinha a impressão de que algo estranho iria acontecer nessa corrida, mas não era nada muito sobrenatural. Coisas estranhas acontecem no Canadá. Alesi […]

nailha0003RIO (amanhã, tudo de novo…) – Muito bem. Tudo lido, visto e revisto, vamos agora contar pra gente aqui e pro pessoal de casa o que aconteceu em Montreal neste domingo.

Eu tinha a impressão de que algo estranho iria acontecer nessa corrida, mas não era nada muito sobrenatural. Coisas estranhas acontecem no Canadá. Alesi ganhou sua única corrida lá, em 1995. Button fez uma prova maluca em 2011, se não me equivoco, e venceu com uma ultrapassagem na última volta. Comi cebola crua pela primeira vez no Canadá. É um lugar estranho.

E o que de esquisito aconteceu foi uma quebra simultânea nos carros de Hamilton e Rosberg, logo depois do segundo pit stop dos dois, que lideravam a prova com folga. Seus MGU-K, ou “miguques”, como são conhecidos em Osasco, pifaram. São os motores auxiliares que armazenam energia cinética, das frenagens. Lewis, que tinha conseguido, a duras penas, ganhar a posição de Rosberguinho depois da segunda parada, sofreu mais. O defeito atingiu os freios traseiros. E babau. Hamilton abandonou pela segunda vez no ano.

Nico soube administrar o problema, mas seus tempos de volta caíram dramaticamente e quem vinha atrás começou a se aproximar rapidamente. Entre eles Massa, que apareceu na liderança (com um pit stop a menos, e podendo até arriscar ir até o final) e tornou-se o primeiro piloto não-equipe-oficial-da-Mercedes a liderar um GP em 2014. Mas acabou parando, porque os pneus não iriam aguentar até o fim. E ele poderia tentar um belo sprint final, com pneus novos, com seu carro mais rápido que os da frente — embora numa pista de ultrapassagens não muito simples, mas possíveis.

As últimas dez voltas foram muito bonitas, com Rosberg se sustentando do jeito que dava, seguido por Pérez (com estratégia arriscada e difícil de uma única parada) em segundo, Ricciardo, Vettel e Massa na cola. Os cinco primeiros separados por quase nada.

O australiano, no finalzinho, foi para as cabeças e passou Maria do Bairro. Vettel tinha mais dificuldade, e precisava ainda se defender de Felipe. Mas acabou passando também, decidido. Ricardão, sabendo que Rosberg tinha menos potência com seu miguque pifado, foi para cima e passou pelo alemão como se ele estivesse parado.

Aí veio o acidente da última volta. Juro que não consigo ver culpa de Pérez na batida. Em quarto, o que seria excepcional, ele deslocou o carro ligeiramente para a esquerda quando Felipe partiu para a ultrapassagem. Fez isso? Sim, mas tem o direito de se defender. Ninguém é obrigado a fazer a mesma trajetória em todas as voltas de uma corrida. E Massa virou seu volante bruscamente para a direita antes do mexicano. Para fazer a tomada? OK. Por que não mergulhou de vez? Sei lá. Talvez os freios não aguentassem. Mas foi o brasileiro que acertou o piloto da Force India por trás, e não o contrário.

Pelo menos foi o que vi. A FIA, porém, viu diferente e puniu Serginho com cinco posições no grid da próxima prova, na Áustria. Nos comunicados das equipes, nem Pérez, nem Massa acusam um ao outro. Falam que foi uma pena, um azar danado, uma lástima, ambos poderiam ter feito pontos importantes etc. Tudo verdade. Um quarto e um quinto teriam sido ótimos resultados para ambos. Felipe, que teve um pit stop ruim e perdeu tempo e posições preciosas por conta da lerdeza da Williams, lutou bastante para se recuperar, foi à liderança, sonhou com um pódio e chegaria na frente de Sapattos, o que para ele era essencial. Pérez nem foi ao Q3, fez a corrida toda com uma parada, resistiu até o último momento aos ataques de Ricciardo e Vettel, sonhou com uma vitória, mas ambos colocaram tudo a perder, no fim das contas.

Fim de festa, e boa festa, com Ricardão, Rosberguinho, Tião Alemão, Bonitton (esse deu um rabo danado), Hulk (pontos em todas as corridas; é bom demais, esse moço), El Fodón de La Sexta Posición, Sapattos, Verme, Magnólia e Kimi Dera Ter Tirado Férias Nesta Época do Ano fechando os pontos.

Ricardão, com sua boca cheia de dentes, só comemorou quando se certificou de que os dois acidentados estavam bem. Grande figura. Segurar assim a alegria pela primeira vitória é coisa de quem sabe que muitas outras virão. “O maior sorriso do planeta”, como a Mercedes o chamou numa tuitada, pôde se soltar no pódio. É o grande nome da temporada, mercêdicos à parte.

Quanto a esses, Rosberguinho abriu 22 pontos de vantagem e Lewis terá de remar tudo de novo. A Red Bull interrompeu a sequência de seis vitórias seguidas da Mercedes justo no fim de semana em que Adrian Newey renovou seu contrato com o time, cujas cores defende desde 2006. Foi um resultado casual. Os prateados fariam outra dobradinha se não fosse o problema nos seus miguques, e com enorme facilidade. Mas é difícil fazer uma temporada inteira sem problema algum. Por enquanto, as quebras aconteceram apenas com Lewis. Nico não tem sofrido muito. Uma hora a coisa pode virar. Psicologicamente, o momento é do alemão. Que, se quiser ser campeão, precisa aproveitar para minar a resistência do companheiro nos próximos GPs. A cabecinha de Hamilton é um mistério. Se entrar em parafuso, é difícil de recuperar.

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