Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

SÃO PAULO (hoje adiantado) – Acabou a temporada europeia. Agora, F-1 só nos cafundós do Judas, Rússia incluída. Sim, eu sei que a Rússia fica na Europa, mas é meio longe, é corrida nova, é quase Ásia, sei lá. Não sei nem se vai ter, para mim não deveria, por conta das coisas com a […]

SÃO PAULO (hoje adiantado) – Acabou a temporada europeia. Agora, F-1 só nos cafundós do Judas, Rússia incluída. Sim, eu sei que a Rússia fica na Europa, mas é meio longe, é corrida nova, é quase Ásia, sei lá. Não sei nem se vai ter, para mim não deveria, por conta das coisas com a Ucrânia, acho que país nenhum envolvido com merdas federais deveria ser premiado com eventos esportivos internacionais. Mas a África do Sul foi durante tanto tempo, e a China, e o Brasil e a Argentina com suas ditaduras militares, e a Alemanha com Hitler. Enfim, não sou eu quem vai consertar o mundo.

Monza, em todo caso, fechou a temporada europeia convencional ontem, com a sétima dobradinha da Mercedes no ano, primeira desde a Áustria. Um jejum de quatro corridas. Para quem tem um carrão desses, era para fazer dobradinha em todas. Mas, mesmo assim, resultado mais do que excepcional para um time que, até o ano passado, vivia uma longa “fase de estruturação”, que levou quatro longos Mundiais, desde o momento em que a Mercedes comprou a Brawn. Com alemão não se brinca. Quando a Brawn foi campeã em 2009, a Mercedes foi campeã também, lembrem-se. Era só fornecedora de motores. Mas era Mercedes.

Faltou falar algumas coisinhas depois do GP da Itália. A elas, em ordem aleatória de importância:

– Paddy Lowe, o cara que controla a ampulheta na Mercedes, disse que a equipe brifou (não acredito que estou escrevendo “brifou”) os pilotos para o caso de eles perderem o ponto de frenagem na primeira chicane. A recomendação era passar reto para não detonar os pneus, que ficariam quadrados em caso de fritura brusca. Rosberg seguiu a ordem à risca. Perdeu a corrida.

– A Segafredo volta à F-1 com a McLaren, depois de 20 anos. Patrocinava a Toleman de Senna, lembram? E a Williams também. Marca de café presente em mais de 100 países e tal. O dono é o mesmo daquela época, Massimo Zanetti. Segafredo é o melhor café do mundo, na minha humilde opinião. Especialmente quando tomado em Bolonha, num bar muito específico que um dia conto onde fica.

– Ontem de manhã a Williams anunciou a manutenção de sua dupla para 2015. Sábado à noite o Grande Prêmio já tinha informado que isso ia acontecer. Nenhuma grande surpresa, embora muita gente acreditasse que a McLaren ou a Mercedes, dependendo do que acontecer com a dupla Rosberg-Hamilton, poderiam partir para cima de Bottas. Por via das dúvidas, Claire exerceu as opções que tinha sobre os contratos dos dois. Para Massa, ótimo, também.

– Aliás, Felipe saiu da Ferrari na hora mais do que certa. Lembra um pouco, a situação, o que aconteceu com Barrichello quando a Brawn surgiu em sua vida. Aquela coisa: fase final de carreira, o cara não espera muita coisa da vida, já passou por seus melhores momentos, aí aparece um carro do cacete e o sujeito renasce.

– Vergne largou em 12° e chegou em 13°. Kvyat partiu de 21° para 11°. E ainda ficou sem freio na última volta, evitou uma batida que poderia ser muito séria com um controle impressionante, e conseguiu levar o carro até a bandeirada. Kvyat é bom. Vergne é bem mais ou menos. Bem mais ou menos não serve para a Red Bull. Por isso que a Toro Rosso, moedora de carne, terá Max Verstappen no ano que vem.

– Horner: “Quinto e sexto foi ótimo, era o máximo que podíamos querer aqui”. Como são as coisas… Imaginaram uma frase assim no ano passado?

– Button e Pérez se esfregaram, como quando corriam na McLaren. “Fizemos a primeira de Lesmo lado a lado, o que não acontece todos os dias. Pena que não consegui passá-lo, tentei muitas vezes, foi uma disputa soberba, ótima para quem estava aqui e para quem estava vendo pela TV”, disse o inglês. Checo também foi só elogios e gratidão. “Lembrei dos velhos tempos”, falou, como se se referisse à década de 70. Foi no ano passado. “Conheço Jenson e sei que com ele a disputa é sempre dura, mas sempre muito limpa.”

– Hulkenberg, que tinha pontuado nas dez primeiras corridas do ano, nas últimas três fez só um ponto. Pérez foi o cara da equipe em Monza. A briga pelo quinto lugar no Mundial de Construtores está ótima: 110 x 109 para a McLaren contra a Force India

– Christijan Albers, que tinha assumido como CEO da Caterham, renunciou “para ficar mais tempo com a família”. Essa equipe não sobrevive no ano que vem.

– Adam Parr, ex-executivo da Williams, cravou no Tweeter: “Este é o último ano da F-1 como a conhecemos. Ano que vem serão oito equipes, algumas com três carros”. Uau. Lotus, Sauber e Caterham, não é segredo para ninguém, estão no bico do corvo. A Marussia também. Mas será que todas a ponto de fechar as portas? Estaria Adam a par de algo que não sabemos?