Blog do Flavio Gomes
F-1

TEX-MEX (1)

SÃO PAULO (feio demais) – Ao ver a tabelinha de tempos no canto da tela da TV hoje, deu uma tristeza danada. A decisão do Mundial deste ano está muito bonita, dois pilotos talentosíssimos com a faca nos dentes a bordo de um carro espetacular, mas 18 carros não dá… A F-1 vive uma crise […]

SÃO PAULO (feio demais) – Ao ver a tabelinha de tempos no canto da tela da TV hoje, deu uma tristeza danada. A decisão do Mundial deste ano está muito bonita, dois pilotos talentosíssimos com a faca nos dentes a bordo de um carro espetacular, mas 18 carros não dá… A F-1 vive uma crise braba, e precisa admitir isso para se reinventar. Dito isso, vamos ao primeiro dia em Austin.

O passeio da Mercedes foi humilhante. Hamilton ficou na frente separado por quase nada de Rosberg, 0s003. Alonso, o terceiro, terminou 1s104 atrás.

É um fim de ano melancólico, porque todas as equipes, exceto a líder e já campeã, largaram mão do campeonato claramente. Estão pensando em 2015, algumas delas em processo de reestruturação, como Red Bull, Ferrari e McLaren, outras lutando apenas para sobreviver, como Sauber e Lotus.

E há o espectro do grid vazio pairando sobre a próxima temporada. Deprimente.

A classificação amanhã, diante das ausências de Caterham e Marussia, será diferente. O Q1 vai cortar quatro carros, assim como o Q2. Como Vettel trocou de motor, já está definido que largará dos boxes. Assim, na prática, serão três os eliminados na primeira parte do treino.

No fim das contas, vai valer apenas para saber qual dos mercêdicos larga na pole. Alonso é candidato à segunda fila, assim como Ricciardo e a dupla da Williams — Massa foi melhor que Bottas hoje, mas os dois estarão na frente. Um pouco mais para trás virá a McLaren, que andou bem de manhã e foi discreta à tarde. Mas caberá a Magnussen a tarefa de se colocar nas primeiras posições, porque Button já perdeu cinco posições no grid por troca de câmbio.

Austin é uma bela pista. Tem até ciclofaixa… Não parece? Achei que sim. Mas o público americano, coitado, sofre com a F-1. Quando a coisa parecia pegar em Indianápolis, vem o GP de 2005 com seis carros calçados com Bridgestone no grid e todos os Michelin parados nos boxes. Golpe fatal. Aí vem esta corrida com 18 gatos pingados. E é o que teremos em Interlagos na próxima semana. Quem paga ingresso tem todo direito de reclamar.

A discussão sobre o terceiro carro é cada vez mais levada a sério na F-1. Algo que anos atrás ninguém cogitava de verdade, notícias que não passavam de especulação vazia, terá de ser considerado. As equipes grandes vão chiar, porque é realmente muito caro colocar mais um carrinho no grid. Mas qual seria a outra solução?

Está na hora de as grandonas compreenderem que precisarão ceder em suas convicções. Se custa muito colocar um terceiro carro na pista, que cortem despesas em outras áreas. Paciência. A FIA poderia determinar que, sei lá, as quatro primeiras colocadas no Mundial de Construtores alinhassem um carro a mais no ano que vem. Aí teríamos 12. As outras cinco (porque Caterham e Marussia vão quebrar, duvido que sobrevivam) largariam com dois. Um grid de 22 é aceitável. A entidade poderia, também, liberar as quatro primeiras para negociarem patrocinadores à parte para esse terceiro carro. E receberiam um pouco mais de dinheiro na distribuição de verba da FOM para viabilizar sua participação.

Mas o certo, mesmo, seria voltar atrás nesse regulamento técnico esdrúxulo, que custou os olhos da cara. Com motores mais simples e carros idem, GP2 e GP3 poderiam ser categorias de acesso à F-1. Poderia haver até rebaixamento, já pensaram?

São apenas ideias. Mas algo precisa ser feito, e logo.