Blog do Flavio Gomes
F-1

TEX-MEX (3)

SÃO PAULO (que tortura) – Olha, a pista é muito bacana, o público é animado, a fanfarra e a mulher que cantou o hino são bárbaros e deliciosamente cafonas, atores e atrizes e cantores e cantoras marcaram ponto, mas que corrida horrorosa, pelamor… E que triste para os torcedores, que tiveram de se contentar com 17 […]

texmex3SÃO PAULO (que tortura) – Olha, a pista é muito bacana, o público é animado, a fanfarra e a mulher que cantou o hino são bárbaros e deliciosamente cafonas, atores e atrizes e cantores e cantoras marcaram ponto, mas que corrida horrorosa, pelamor… E que triste para os torcedores, que tiveram de se contentar com 17 carros no grid, um largando dos boxes e apenas 15 correndo a partir da volta 18. Quase 70% da prova com 15 gatos-pingados desfilando, num GP que teve um único momento importante, a ultrapassagem de Hamilton sobre Rosberg. E mais nada de relevante.

OK, tudo bem, foi divertida a briga entre oitavo e 13° no fim, toques, escapadas, pneus fritados, mas me desculpem… Isso aí não vale picas, e é muito pouco para que alguém tenha saído do lindo autódromo de Austin com a sensação de ter visto algo inesquecível, e com vontade de voltar no ano que vem.

Abre o olho, Bernie. Não se faz corrida sem carro. Não se faz corrida boa com distribuição de grana tão absurda. Você está fazendo com a F-1 o mesmo que andam fazendo com o futebol em muitos países. Não adianta dar 200 para um e 20 para outro. Nunca há esporte, assim. Competição zero. Abre o olho, Bernie. Uma hora acaba. Esse troço é caro demais para ser ruim.

Como se esperava, os dois mercêdicos pulariam na frente logo na largada e fariam sua corrida privada, com grandes chances de ela ser decidida numa parada de box. O que seria horrível, até porque quando isso acontece dá chance ao derrotado de acusar alguém de favorecimento.

Felizmente uma das partes nessa contenda é Hamilton. Foi na volta 24, depois de cozinhar o galo nunca a mais de 2s de diferença de seu companheiro e líder da prova, Rosberguinho Platinado, que Comandante Amilton deu o bote. Pegou todo mundo de surpresa, principalmente Nico. Passou na freada para um dos grampos texanos, foi embora e ganhou.

Antes disso, o GP americano tivera poucas emoções. Na largada, Rosberg foi seguro e Hamilton, idem. Massa pulou à frente de Bottas e no fim da primeira volta Pérez bateu em Raikkonen e, na sequência, em Sutil. Kimi sobreviveu, os dois abandonaram e o safety-car foi acionado, para deixar a pista quatro voltas depois. Na relargada, Sapattos atacou Massacrado, mas não deu. Ricardão, em compensação, foi para cima de El Fodón de La Quinta Posición, que caiu para sexto.

Na volta 15 começaram os pit stops, corrida clássica e previsível de duas paradas. Massa e Ricciardo foram os primeiros a trocar pneus (durante o safety-car, seis pilotos fizeram o mesmo, mas ninguém importante). Na 16ª foi a vez de Rosberguinho e Bottas, que voltou atrás do piloto da Red Bull. Hamilton parou na seguinte e saiu dos boxes novamente em segundo. Tudo normalíssimo, inclusive a arrancada de Ricciardo para ganhar a posição do finlandês. Ele vive fazendo isso.

Engraçado nessa primeira parte da prova foi ouvir Vettel pelo rádio. “Porra, nos treinos eu virava 44, 45, agora estou me fodendo todo para virar 46, por que vocês não vão tomar no meio dos seus cus?” Fiz uma tradução livre porque Tião Alemão falou em esperanto, de modo a evitar que as pessoas no mundo inteiro entendessem sua ira (no original, “Malbenita , praktike mi turnis 44, 45, nun mi fucking mi ĉiujn turni 46 , do vi ne postrestos en la mezon de siaj Cus”, e que os céus salvem o tradutor do Google).

Fato é que Vettel está bebendo o energético que o diabo cuspiu nesses seus últimos dias de Red Bull. Mas continua se esforçando, apesar de tudo. Chegou em sétimo, que era o que imaginava antes da largada.

Entre as voltas 31 e 35 abriu-se a segunda janela de pit stops. Bottas na 31, Ricciardo na 32, Massa na 33, Hamilton na 34, Rosberg na 35. E, nessas, quem se deu mal foi o brasileiro. Sua parada foi lenta, 3s7 no trabalho de box, e a equipe deveria tê-lo chamado antes de Valtteri. A volta a mais que deu depois da parada de Ricciardo significou a perda da posição para o australiano. Ele estava cerca de 2s à frente do rubrotaurino antes da parada. Voltou 1s8 atrás e nunca mais se recuperou.

Rosberguinho, assim como Felipe com Ricardão, deu a impressão de se acomodar atrás de Hamilton. A dupla da Mercedes, na fase final da prova, mantinha-se mais de 12s à frente do terceiro colocado. Lá atrás, saía faísca das brigas envolvendo Alonso, Vettel, Button… Sebastian remou, remou e chegou a andar em sexto, mas teve de fazer outra parada na volta 49. Caiu para 14°, e mesmo assim foi buscar a posição que prometera. A festa estava animada com Vergne, Maldonado, Grosjean, Kvyat e Raikkonen lutando pelas migalhas da rabeira da zona de pontos. Foi o que valeu do GP.

Comandante Amilton venceu pela quinta vez seguida, décima na temporada, 32ª na carreira. Abriu 24 pontos de Nico, o segundo colocado. A Mercedes chegou a dez dobradinhas no ano, igualando recorde da McLaren em 1988. Ricardão (foto ao lado) fechou o pódio, com Massacrado em quarto e Sapattos em quinto.

Resultado decepcionante para a Williams. Era corrida para pódio. Ambos perderam para o ímpeto de Ricciardo, que é um piloto cada vez mais feliz e que faz feliz, também, a Red Bull. El Fodón de La Sexta Posición, Tião Alemão, Magnólia Arrependida, Maldanado e Verme fecharam os dez primeiros. Parabéns ao venezuelano, que pontuou pela primeira vez em 2014.

Apesar de a diferença de pontos ser pequena (são 75 em jogo, 25 de Interlagos e 50 de Abu Dhabi), não vejo mais capacidade de reação em Rosberguinho. Ele foi ultrapassado de forma muito passiva hoje. E não brigou para se recuperar. Parece que acabou o gás.

Por fim, foi chato não ver o pódio na TV brasileira. Hamilton meteu um chapelão de caubói e estava radiante. Fiquem com a foto, é o que temos para hoje.