Blog do Flavio Gomes
Cinema

FILME!*

SÃO PAULO (que lindo…) – “Homem-Carro”, contando a vida de Anísio Campos, está pronto. Estreou, participou de festivais e, agora, o filme de Raquel Valadares, sua filha, está disponível para quem quiser ver na internet. Todos vocês ajudaram muito na obtenção de recursos para sua realização, e nada mais justo que possam ver tranquilamente em […]

SÃO PAULO (que lindo…) – “Homem-Carro”, contando a vida de Anísio Campos, está pronto. Estreou, participou de festivais e, agora, o filme de Raquel Valadares, sua filha, está disponível para quem quiser ver na internet.

Todos vocês ajudaram muito na obtenção de recursos para sua realização, e nada mais justo que possam ver tranquilamente em seus computadores, na hora que quiserem. Basta entrar aqui e usar a senha “anisiocampos”, sem as aspas, evidentemente.

Recebi o DVD, mas ainda não assisti. Quero ver com calma, tomando um uísque. Sei lá por que pensei no uísque, mas me pareceu uma boa ideia.

Gosto muito do Anísio, vê-lo, como nestas fotos, não sei bem por qual motivo me conforta. É um cara que me traz paz.

Na verdade, sei por quê. Acho que já contei essa história aqui.

Em 2006, estávamos em maio, São Paulo ficou sitiada. Ataques do PCC a postos policiais, delegacias e órgãos públicos fizeram com que o governo sugerisse que as pessoas ficassem em casa.

Eu tinha uma reunião nesse dia em que a cidade ficou vazia, todo mundo trancado, morrendo de medo. Era no iG. Peguei o carro e segui pela Hélio Pellegrino, depois Faria Lima, para chegar à rua Amauri. Nunca me assustei muito com essas coisas, não tenho nada com o PCC e não sou policial. Achei que estavam exagerando e que ninguém ia dar importância àquele alarmismo besta, mas quando saí de casa notei que de fato estavam todos apavorados. Não tinha alma viva na rua, nunca o trânsito foi tão bom.

Assim que abriu o farol da Faria Lima com a JK, avancei lentamente e vi pelo espelhinho, na avenida deserta, um TL azul se aproximando. Diminuí ainda mais a velocidade, curioso com o inusitado daquela cena: uma São Paulo de joelhos para o crime, tudo quieto e esquisito, e no meio daquele cenário apocalíptico aparece um TL azul desfilando alegremente.

Quando ele emparelhou comigo, quem estava ao volante? Anísio! Buzinei, “Anísio, o que você tá fazendo aqui?”, ele olhou, me reconheceu, acenou, e, como se nada estivesse acontecendo no mundo além daquele passeio de TL, abriu o maior sorriso do universo e gritou pela janela: “Flavinho, olha só isso! Não é lindo? Acabei de comprar, tem umas coisinhas pra fazer, mas é lindo, olha só essa cor! Vou restaurar isso aqui!”. Sorri de volta, assenti, era lindo mesmo o TL, TLs são lindos, e acompanhei com os olhos ele se afastando, eu agora parado na avenida, observando aquela cena surreal e encantadora.

Desde então, Anísio me traz paz.

* Por erro meu, divulguei um link e senha que eram exclusivos para apoiadores do filme. A produção já alterou a senha.