Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

SÃO PAULO (ah, a fumacinha dos dois tempos…) – Bueno, chegamos tarde, mas chegamos. Para dizer, antes de mais nada, que o acidente entre Raikkonen e Alonso ontem em Zeltweg foi dos mais esquisitos de todos os tempos porque a rabeada que o carro de Kimi deu não se explica. Ninguém na Ferrari explicou. Ele […]

SÃO PAULO (ah, a fumacinha dos dois tempos…) – Bueno, chegamos tarde, mas chegamos. Para dizer, antes de mais nada, que o acidente entre Raikkonen e Alonso ontem em Zeltweg foi dos mais esquisitos de todos os tempos porque a rabeada que o carro de Kimi deu não se explica. Ninguém na Ferrari explicou. Ele também não. Me mandaram vários vídeos do sinistro. Este aqui embaixo mostra bem, com imagem aproximada, como o finlandês perde o controle na reta. Que diabos aconteceu? E olha que os bandeirinhas escaparam por pouco. Poderia ter sido bem pior.

No texto do Renan do Couto de hoje, outra imagem, capturada da arquibancada, mostra claramente o destempero da Ferrari raikkoniana. Alonso não teve muito o que fazer. “Tivemos sorte de eu não ter acertado a cabeça dele”, falou o espanhol, que vive seu pior ano na F-1 — menos por culpa dele, mais pelo alinhamento dos planetas que deixou Honda e McLaren completamente tortos.

Sorte mesmo. Muita sorte.

Outro tema do fim de semana foi o apetite da FIA por punições. Somados, Alonso, Button, Ricciardo e Vettel perderam 70 posições no grid. Uau. faz algum sentido?

Tenho cá minhas dúvidas, muitas dúvidas. Essa sanha punitiva vem de algum tempo e costuma irritar mais quando se trata de aplicar penas a pilotos por situações de corrida que os comissários interpretam com um fundamentalismo digno do presidente da Câmara. Mas quando itens técnicos incompreensíveis levam às punições, são equipes e pilotos que se sentem impotentes. OK, tem regra. Mas precisa ser tão complicada? Se a F-1 adotou esses motores divididos em três, era evidente que iriam apresentar problemas infinitos. E a história dos “tokens”? Alguém realmente consegue entender como funcionam esses critérios de desenvolvimento por pílulas?

Regra básica de qualquer esporte: quem assiste precisa compreender o que está acontecendo. Na F-1, está todo mundo perdido.

Amanhã começa uma mini-bateria de testes, dois dias, lá mesmo na Áustria. Nove equipes vão participar. A Manor Marussia não tem grana. Dos 20 pilotos escalados, 11 não são titulares em seus times e tem uma porção de novatos — como Esteban Ocon, na Force India, Marco Wittmann, na Toro Rosso, Pierre Gasly, na Red Bull, e Antonio Fuoco, na Ferrari.

[bannergoogle] O burburinho sobre a insatisfação da Red Bull com o atual estado de coisas na categoria segue forte. “A empresa não precisa da F-1”, disse Christian Horner, que já vê o desemprego bater à sua porta caso Didi Mateschitz resolva tirar as latinhas de campo. É uma tese. Verdade que a marca de energéticos ganhou projeção mundial com as corridas, mas quem acha que ela só está nas pistas se engana redondamente. Faça, por exemplo, um projeto de pular do Empire States segurando um lençol e apresente à Red Bull. Se os caras acharem que você tem alguma chance de não se esborrachar na Quinta Avenida, é possível que arranje um patrocínio. A empresa austríaca investe em tudo que parece maluco no mundo, e foi assim que se tornou popular. A F-1 ajudou, claro. Mas há vida fora dela.

Horner, inclusive, sugeriu que chamem Ross Brawn para elaborar um novo regulamento técnico para a categoria para 2017. Gosto da ideia, desde que simplicidade seja a luz-guia desse negócio. Simplicidade siginfica compreensão do público, prazer dos pilotos e das equipes e, sobretudo, custos bem mais baixos.

E o mico do domingo acabou sendo relacionado à mesma Red Bull, mas não teve a ver com seu desempenho medíocre na pista. O jornal que a equipe publica nas corridas, o já famoso “Red Bulletin”, cravou Hamilton como vencedor do GP da Áustria e caiu do cavalo. Rosberg não perdeu a chance de tirar uma onda.