Blog do Flavio Gomes
F-1

50 TONES DE SILVER (2)

SÃO PAULO (passeio) – Deu dó de ver aquele povo todo em Silverstone, porque na Inglaterra a turma vai, mesmo, para uma sessão de classificação tão sem sal. Começo a compreender aqueles que acham que uma corridinha de sábado pode ser interessante. A conquista da pole sempre foi algo solene e importante. Mas quando não […]

cinza000SÃO PAULO (passeio) – Deu dó de ver aquele povo todo em Silverstone, porque na Inglaterra a turma vai, mesmo, para uma sessão de classificação tão sem sal. Começo a compreender aqueles que acham que uma corridinha de sábado pode ser interessante.

A conquista da pole sempre foi algo solene e importante. Mas quando não tem luta, esquece. Não há solenidade, ou importância. Apenas a espera aborrecida para se saber se vai fica com A ou B.

Neste ano, oito das nove poles ficaram com A, de Amilton. Uma, apenas, com B, de Berguinho. Rosberguinho. Só Mercedes, ninguém para brigar. Ninguém chega perto. Ninguém dá a impressão de que vai chegar perto.

Ah, Gomes, era assim com Schumacher, era assim com a McLaren de Senna e Prost, era assim com a Williams de Villeneuve, Mansell, Prost, Hill.

Era, vocês têm razão. E eu não tenho nenhum contra-argumento. Provavelmente, nesses anos específicos, eu achava aborrecido do mesmo jeito. Os treinos que definem o grid já mudaram de formato várias vezes. Tinha aqueles de carro por carro, lembram? Eram um saco. Acho que eu gostava quando soltavam todo mundo por uma hora na pista. Mas a F-1 mudou tanto que, hoje, qualquer alteração de temperatura ou emborrachamento faz alguma diferença nos tempos finais de volta. Todo mundo ia deixar para entrar nos últimos minutos. A pista ficaria vazia um tempão.

Não sei bem o que pensar. Essa previsibilidade, no fundo, é que irrita. Houvesse mais carros competitivos, qualquer formato estaria bom.

Faço esse longo pródromo para comunicar que Hamilton fez a pole para o GP da Inglaterra sem ter de suar o macacão, num Q3 tranquilo de 0s113 de diferença para Nico-Nico no Fubá. O tempo, muito bom: 1min32s248, contra 1min32s361 do alemão, que considerou este décimo de segundo de desvantagem algo “irritante”. Os dois fizeram suas melhores voltas na primeira tentativa. Pole 46 da carreira hamiltoniana, o que o deixa atrás, apenas, de Schumacher, 68, e Senna, 65. Vettel, que tem 45, ficou para trás.

[bannergoogle] Começamos do fim, então vamos nele. O Q3 teve como destaques Massa e Kvyat. O brasileiro foi o pole dos outros, terceiro no grid, uma posição à frente do veloz Sapattos. É um resultado convincente, que permite a Felipe sonhar com um pódio amanhã se largar bem e mantiver um bom ritmo de corrida. A Williams conseguiu superar a Ferrari, que ficou com a terceiro fila — pela ordem, Raikkonen e Vettel. K-Vyado ficou em sétimo, um ótimo desempenho, com Sainz Idade em oitavo, o Incrível Hulk em nono e Ricardão Tristonho em décimo. Tudo normal: as duplas de Mercedes, Williams, Ferrari e Red Bull, mais dois avulsos de Toro Rosso e Force India fechando o top 10.

Mas notem o cronômetro: 0s837 foi a diferença de Hamilton para Massacrado. Quase um segundo, é isso que a Mercedes enfia em todo mundo.

Voltemos ao começo. No Q1, Manor Marussia, Sauber e McLaren eram as figurinhas carimbadas para a degola, igualmente previsível. Deu a lógica, com El Fodón de La Eliminación, Bonitton, Cat Stevens e Leroy Merhi degolados, nessa ordem, sendo antecedidos por Felipe II, que amargou a boa classificação de seu companheiro Sonyericsson — o sueco pelo menos avançou na sessão. Lá na frente, Raikkonen ficou em primeiro, usando pneus médios — os mercêdicos não tiveram tal preocupação. No Q2, Rosberguinho foi o mais rápido e ceifados foram Maria do Bairro, Grojã, Verstappinho, Maldanado e o já mencionado Sonyericsson.

E Alonso? Caramba… Falou que o ano todo será de testes. Que quem não está satisfeito, que desligue a TV. E que é importante “desenvolver esses sistemas novos como suspensão ativa e controle de tração, que a Benetton já tem, a Williams também, e nós, Osella, Life e Maserati, não”. “Estamos começando do zero. As pessoas precisam compreender que Maomé não fez a montanha em uma semana. Toda araruta tem seu dia de mingau. Cada terra com seu uso, cara roca com seu fuso. Deus dá a canga conforme o pescoço. A quien se hace de miel las moscas le comen. Lasciate ogni speranza, voi ch’ entrate!”

Foi uma entrevista muito interessante, comprovando que os problemas de memória e confusão mental depois do acidente de Barcelona foram, felizmente, superados.